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  • Foto do escritor J. POVO- MARÍLIA

Em sessão de longas discussões, Câmara aprova a realização de rodeios em Marília


Realização de rodeios na cidade está liberada pela Câmara de Marília

Após mais de duas horas de discussões, os vereadores da Câmara de Marília aprovaram (7 a 5 - o presidente só vota em caso de empate) na noite desta segunda-feira (29) o projeto de lei de autoria do vereador Evandro Galette (PTN) que libera a realização de rodeios aqui na cidade. Votaram contra a proposta os vereadores Cícero do Ceasa, José Luiz Queiróz, Marcos Rezende, Mário Coraíni e Marcos Custódio.

O primeiro a discursar foi o vereador Cícero do Ceasa (PV), contrário à proposta. "Não houve debate sobre essa questão", mencionou. Ele se declarou contra os rodeios, disse ter ouvido muita gente sobre o assunto e encontrou opiniões contra e a favor a atividade. "Temos que partir do direito à vida, seja de animais ou humanos, como cristãos, pois os animais são irracionais", disse.

"Não vejo no rodeio nada de cultural. Finalidade esportiva? Também não vejo nada de esportivo nisso", completou.

Cícero do Ceasa também lembrou que se o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional, sobre rodeios, não for aprovado e nem sancionado pelo presidente da República, o projeto colocado em pauta em Marília não estará valendo nada. "Isso aqui não vale nada", resumiu.

"AMOR À VIDA"

O vereador ainda provocou risos ao citar que da forma como o projeto está redigido, "corremos o risco de aprovar a briga de galo, também. Tenho essa preocupação", comentou.

Questionou ainda a situação dos peões e citou um artigo do projeto que prevê pagamento de R$ 200 mil em termos de seguro de vida para casos de morte. "Temos que ter amor à vida", disse. Refutou as justificativas de que é melhor os jovens serem peões do que ir para as drogas. "Tenho informações de peões que se drogam". Também perguntou quais são os "apetrechos" usados em montarias e citados num artigo do projeto. "Um crime como tortura", comparou.

O vereador ainda assinalou que a Examar pode ir pra frente sem rodeios. "A questão é financeira. Retroagiremos há nove anos, tempo em que não há mais essa atividade.Não podemos comparar Marília com cidades pequenas (onde acontecem rodeios). Não aprovamos rodeios", finalizou.

Após a fala de Cícero do Ceasa, o presidente da Câmara, Wilson Damasceno, disse que o projeto permaneceu na Casa por 40 dias, podendo ser discutido e nesse prazo nenhum vereador pediu a realização de audiências públicas para discutir o assunto. "Nas comissões, o projeto recebeu dois pareceres a favor e um contra, por isso veio para a pauta, de forma legal".

AGUARDAR DECISÃO DO CONGRESSO

Em seguida, foi a vez do vereador José Luiz Queiroz (PSDB) discursar. "Todos já sabem a minha opinião", disse, referindo-se a postagens nas redes sociais onde se manifestou contra a liberação de rodeios na cidade. Parabenizou o autor do projeto,Evandro Galette, pela coragem de colocar a proposta em pauta. "O plenário é soberano", assinalou.

Sobre o projeto de lei em trâmite no Congresso Nacional (PEC) reafirmou que será incluída na Constituição e caso aprovada, nem lei proibindo terá validade. "Acho que deveríamos aguardar a decisão do Congresso", observou.

"A imprensa tem um papel relevante na importância dos projetos", disse ele, sobre a polêmica da proposta.

"Alguns médicos veterinários dizem que há maus tratos aos animais, outros dizem que não. Por essa dúvida já seria um ponto para recuarmos no projeto e esse é um ponto que eu não pactuo com o projeto", discursou.

"Ninguém é contra o desenvolvimento, feiras, shows, cultura. Que a Examar faça grandes shows, leilões, lazer, não somos contra as feiras. A questão específica é dos rodeios", disse o vereador. "E por mais que desse renda, os maus tratos não justificariam os rodeios". Zé Luiz citou ainda a ineficiência da fiscalização de leis para questionar a fiscalização dos rodeios. O município não tem condições mínimas para isso e a secretaria do Meio Ambiente não tem sequer um médico veterinário. Além disso,quem promove um evento não pode fiscalizar o mesmo. Isso me preocupa", afirmou. "É preciso rever essa questão".

Zé Luiz citou a opinião de um médico veterinário, que alerta que a estrutura do animal não é compatível com rodeios. "Você come carne e é contra rodeios? Várias pessoas questionam isso, mas o consumo de carne é questão de sobrevivência, da proteína animal e o rodeio é diversão. Existem os dois lados da balança", comentou.

"É DIREITO DE MARÍLIA"

O autor do projeto, Evandro Galette, usou a tribuna e disse que apresentou um projeto de muita audácia e coragem. "Por que só em Marília não tem rodeios?", questionou.

Ele comparou Marília a "cidades grandes" como Barretos e Jaguariúna. "Sou homem do campo, com as lidas do gado e fui escolhido para colocar esse projeto, já que estou próximo ao homem rural", comentou.

"Percebo que a maioria da população está a favor do rodeio e assim, após votação democrática, que vença a maioria. Nós vereadores temos a obrigação de manifestar a vontade do povo. É um direito de Marília", disse Galette.

Ele falou que "é o agronegócio que movimenta o país. O lazer é a mesma coisa, lazer esse sem maldade, sem mentiras. Algumas entidades acham que os rodeios machucam e ferem os animais, mas há faculdades que com longos de pesquisas já constataram que durante os rodeios, a frequência cardíaca dos animais permanecem normais, mesmo com o uso do sedém. Devem existir os rodeios e que todos devem ser fiscalizados, antes, durante e depois", discursou o vereador.

Galette salientou ainda que os bois e cavalos são muito bem alimentados e cuidados, com acompanhamento veterinário. "Após os rodeios, os bois se mostram mansos e maleáveis.O sedém macio só faz cócegas, não aperta órgãos internos ou machucam o animal. Queremos só lazer para Marília, uma opção de lazer. que gera rendas e empregos", disse o vereador. Disse que parte das rendas com rodeios em Marília serão revertidas para o Hospital do Câncer de Barretos e do Espaço Potencial em Marília (que atende autistas). Galette finalizou apontando uma Lei Federal que já autoriza a prática dos rodeios e os reconhecem como atividade cultural e esportiva.

Outro vereador que discursou foi Marcos Rezende (PSD) que se manifestou contra os rodeios. Foi questionado pelas pessoas presentes nas galerias o por quê dele, então, comparecer em rodeios em cidades da região acompanhado de um deputado, "para pedir votos". Rezende reagiu de forma áspera e houve um princípio de tumulto.

BARRAQUINHA

O vereador João do Bar (PHS) declarou que é favor do rodeio e já esteve em Barretos. "Falaram que o João do Bar vai apoiar rodeio porque vai montar barraquinha lá. Criei meus três filhos, tenho meu patrimônio e não devo nada para ninguém. Não tenho vergonha de falar para ninguém que vou montar uma barraquinha lá, sim". disse. O vereador afirmou que os animais de rodeios são bem tratados. "Até melhor que eu, pois tem dia que eu nem almoço correndo atrás de interesses da população. Sou a favor dos rodeios e quero que respeitem minha opinião", disse João do Bar.

Outro que falou na tribuna foi o vereador Mário Coraíni (PTB) e se disse contra os rodeios. Discutiu com as galerias e berrou contra as pessoas, mandando um munícipe a favor da proposta calar a boca. "Vocês não são nada aqui, quem manda aqui é o vereador", berrou.

O último a falar foi o vereador Marcos Custódio (PSC). "Desde o início tenho uma posição firme sobre isso e sou contra o projeto. Em que pese desconfiar que a matéria já esteja vencida, não vou discutir sobre se é bom ou não é bom", disse. Citou o uso de animais em arenas da antiga Roma, onde degladiavam com homens em condições de defesa e de vencer os embates. "Mas com os rodeios, os animais não tem chance de defesa", justificou. "É mais uma questão ética do que técnica", finalizou.


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