Acontece no início da tarde desta sexta-feira (29),, no Fórum Estadual de Marília, a audiência onde o juiz da Vara da Infância e da Juventude de Marília vai ouvir a garota L, de 18 anos, acusada de ter assassinado o próprio pai, o dentista Aloísio Tassara, de 51 anos, com uma facada no coração.
O crime ocorreu na madrugada do dia 23 de agosto, na casa da família, na Zona Leste da cidade (veja abaixo). Na época, L. ainda tinha 17 anos.
O promotor da Infância e da Juventude Marília, Gustavo Henrique de Andrade, disse ao JP que na chamada Audiência de Continuação (último ato processual), desta sexta-feira, além de L poderão ser ouvidas testemunhas de acusação e defesa, caso tenham sido arroladas.
O promotor disse que ouviu L. no dia 25 de setembro, um dia após ela ter obtido alta médica da Ala de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, onde ficou internada desde o dia do crime. O depoimento dela durou mais de uma hora, foi acompanhado pelo advogado Fábio Ricardo dos Santos e a garota respondeu todas as perguntas formuladas pelo promotor.
No curso dos trabalhos, o promotor ouviu também a mãe de L, mas apenas na condição de genitora e testemunha do crime.
Promotor da Infância e da Juventude, Gustavo Henrique de Andrade
Como o caso segue em segredo de Justiça, por envolver menor de idade, ele não deu maiores detalhes sobre o depoimento, com por exemplo, se a garota teria ou não admitido a autoria do crime.
Gustavo Henrique disse que não foi requerido exame de sanidade mental de L. Como o crime ocorreu antes dela completar 18 anos, automaticamente está configurada a inimputabilidade.
O promotor elogiou os trabalhos da Polícia Civil, na pessoa do delegado titular da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Valdir Tramontini. "Foram eficientes e fundamentais para a formalização processual", afirmou. Gustavo Henrique também destacou o trabalho assistencial do Hospital das Clínicas à adolescente, após o crime.
Após a audiência, o Ministério Público e a defesa apresentarão as alegações finais. Em seguida, o juiz poderá emitir a sentença e caso L. seja considerada culpada, poderão ser aplicadas à ela medidas como advertência, tratamento ambulatorial psicológico, medidas sócio-educativas (repreensões constantes no ECA -Estatuto da Criança e do Adolescente) e liberdade assistida, entre outras.
O CRIME
O homicídio aconteceu na residência da família, por volta das 3h da madrugada do dia 23. no Jardim Jequitibá, na Zona Leste da cidade.
A adolescente teria tido um surto psicótico durante a madrugada e ao tentar contê-la, o pai acabou sendo morto com uma facada certeira no coração. Médico do SAMU constatou o óbito na própria casa.
A Polícia Militar foi acionada e quando chegou ao local a adolescente estava sobre o telhado de uma casa vizinha, com uma faca. Foi convencida a descer de lá pelos policiais.
Ela foi encaminhada ao Hospital das Clínicas para atendimento, onde permaneceu internada por um mês.
A casa onde ocorreu o criem, na Zona Leste de Marília
DINHEIRO
A Polícia Militar informou que durante o atendimento e perícias, foram encontrados no bolso do dentista Aloísio Tassara R$ 2.154,85 e outros R$ 16.550, na cueca dele. O fator dinheiro foi encaminhado para o setor de investigações da Polícia Civil (Delegacia de Investigações Gerais), onde segue um inquérito para apurar eventual participação de terceiros no crime.