O governador João Doria (PSDB) disse nesta quinta-feira (9) que vai tomar medidas mais rígidas de quarentena no estado, inclusive com prisão para quem desrespeitar as orientações, caso o índice de adesão ao isolamento social não alcance 60% neste final de semana.
A taxa de isolamento social no estado de São Paulo caiu para 49% nesta quarta-feira (8), menor índice registrado desde o início da quarentena, instituída para evitar a propagação do novo coronavírus. Segundo o governo estadual, a estratégia é efetiva quando atinge uma taxa superior a 70%. No último domingo (5), o índice chegou ao seu ápice, com 59% de adesão, mas voltou a cair ao longo da semana.
"Se nós não elevarmos para mais de 60% na próxima semana, a prefeitura [da capital] e o governo tomarão medidas mais rígidas. Eu queria evitar isso porque medidas mais rígidas significam que as pessoas poderão receber não só multa, advertência, mas também voz de prisão", disse Doria em entrevista ao SP2.
Autoridades de saúde e especialistas reforçam que é preciso evitar circular nas ruas
"Se não houver, neste final de semana, consciência das pessoas, a partir da segunda-feira o governo tomará medidas mais rigorosas e mais duras, inclusive com a penalização e prisão das pessoas que desrespeitarem a orientação. Eu espero que não tenhamos que chegar nesse patamar e nesse nível, mas se tivermos que fazer é pela preservação da vida", completou.
A lentidão no trânsito da cidade de São Paulo, por exemplo, passou de 3 km na quarta-feira (8) para 13 km nesta quinta (9), de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Os dados de adesão à quarentena foram obtidos por meio da geolocalização de smartphones monitorados pelas quatro principais operadoras de telefonia e divulgados em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes.
O estado de São Paulo tem 7.408 casos confirmados e 496 mortes pela doença, segundo o último boletim divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde, publicado nesta quinta (9).
Se nós não tivéssemos feito o isolamento social, hoje nós teríamos 10 vezes mais pacientes portadores da virose do que temos hoje. Enquanto nós tivermos um isolamento social em 50% nós não iremos conseguir dobrar essa curva", disse José Henrique Germann, secretário da saúde, em coletiva de imprensa nesta quinta.
"Se nós conseguirmos aumentar o distanciamento social, que estava em média de 54%, para 70%, o número de leitos no estado de São Paulo será suficiente para essa primeira onda epidêmica. Se nós não aderirmos a essa proposta do estado, nós teremos mais dificuldade com leitos", disse Uip na terça.
"Quanto mais pudermos abaixar essa linha de tendência, achatar a curva e distanciarmos os casos graves, melhor para o sistema, melhor para o número de leitos e melhor para o grupo de pessoas que trata desses pacientes. Nós entendemos que depende um pouco da adesão, e ela precisa ser um pouco melhor, das medidas de afastamento," completou.
David Uip foi um dos infectados pela doença. Na segunda-feira (6), ele agradeceu por estar vivo e disse que passou "muito mal" enquanto estava doente. Ele ficou em isolamento domiciliar durante 14 dias e retornou às atividades presenciais nesta segunda-feira (6) no Palácio dos Bandeirantes. Durante o isolamento, ele participou de reuniões virtuais com especialistas que combatem a doença no estado.
Aglomerações em SP
Apesar da orientação de isolamento social, muitas pessoas ainda estão se aglomerando e desobedecendo as recomendações das autoridades de saúde. Neste domingo (5), uma fotógrafa registrou com drone várias pessoas reunidas na Praça do Pôr do Sol, no Alto de Pinheiros, Zona Oeste.
Na quarta-feira (8), aglomerações se formaram em bancos e supermercados da Grande São Paulo.
Doria disse que nesta segunda-feira (6) que as pessoas que desrespeitarem a quarentena e fizerem aglomerações nas ruas do estado serão advertidas e orientadas, mas que se insistirem poderão ser presas pela Polícia Militar.