Será sepultado em Marília o médico ortopedista Luís Augusto Chirighini Bicudo, de 74 anos, que morreu nesta sexta-feira (10), vítima da Covid-19, em Santos. Apenas os três filhos poderão acompanhar o caixão.
A filha dele, a médica Luciana Ranieri Bicudo, de 39 anos, lamentou não poder velar corpo do pai. "É uma dor imensurável, não tem como descrever esse sentimento", declarou.
Luciana conta que o pai continuou trabalhando, mesmo com a pandemia do novo vírus. Dr. Bicudo, como era conhecido, fazia parte do grupo de risco, mas não queria ficar em casa. A filha explica que, junto com os dois irmãos, tentava convencê-lo, mas sem sucesso.
"Ele falava que morreria trabalhando. Como a doença é muito agressiva, ele não morreu necessariamente no trabalho, mas lutando como o herói que é. Ele nasceu para ser médico e lutou muito. Essa é a grande verdade da vida dele", diz Luciana, que conta que entrou na área da saúde por se espelhar no pai, assim como seu irmão mais velho.
Dr. Bicudo foi internado no dia 3 de abril, quando completou 74 anos. A médica conta que ele apresentou um quadro de febre e, depois, uma perda de paladar e olfato. Ele foi encaminhado ao hospital, onde ficou internado, e precisou ir para a UTI depois de apresentar dificuldades para respirar.
O médico morreu na madrugada desta sexta-feira, depois de oito dias no hospital. A família informou que não será feito velório por conta do risco de contágio, já que ele testou positivo para Covid-19. O enterro será restrito à familiares em Marília, no interior de São Paulo, e, de acordo com familiares, apenas os filhos poderão acompanhar o caixão.
"Em quase quarenta anos, nunca vivi algo assim. É uma dor muito grande, e ainda não poder abraçar quem você ama. Tive que contar para a minha mãe pelo telefone, sendo que minha vontade era de chorar nos braços dela", declara Luciana.
A médica afirma estar em choque com toda a situação, mas utiliza o exemplo do pai para fazer um alerta. "A doença mata pessoas de idade, mas também tem muitos jovens sendo vítimas. Fiquem em casa, é o que oriento meus pacientes e todos que podem ficar. Espero que as pessoas não precisem sentir essa dor para entender a gravidade do vírus", finaliza a médica.
MORTE SUSPEITA
Será sepultado às 10h deste sábado, no Cemitério do Distrito de Rosália, Marcos Rogério de Paulo Montai, de 46 anos, que morreu com suspeita de Covd-19. Não houve velório dele.