Libertado do Presídio Romão Gomes (especial para policiais militares, na Capital), um dia após matar um casal (também de Marília), em Ourinhos, no sábado passado (18), o cabo PM aposentado Washington Luís Sá Freire Paulino, de 55 anos, foi preso novamente nesta quinta-feira (23), em Atibaia (próximo a Capital).
Paulino estava em uma chácara, quando foi surpreendido por policiais de Ourinhos e Bragança Paulista, após revogação do direito de responder ao duplo homicídio em liberdade.
MORTES
Divergências entre a versão do acusado e levantamentos da perícia levaram a Polícia Civil de Ourinhos a autuar o policial militar aposentado, cabo Washington Luis Sá Freire Paulino de 55 anos, por duplo homicídio por motivo fútil, no dia do crime.
Na madrugada de sábado ele matou a tiros o pedreiro Júlio Barbosa, de 40 anos e a companheira dele, Aline Aparecida Balbino, de 31 anos, em uma chácara localizada nas proximidades da usina hidrelétrica e área de ranchos, em Ourinhos. Todos os envolvidos são de Marília e foram sepultados neste domingo. Júlio foi sepultado em Padre Nóbrega e Aline, residente na Zona Sul de Marília, no Cemitério da Saudade.
O pedreiro viajou para ajudar o Washington na reforma de uma casa na chácara e levou Aline. Durante um churrasco na casa de um sobrinho do policial aposentado, houve discussão entre o policial aposentado e o pedreiro. Mas sem agressões físicas.
RELATOS NO B.O
Conforme relatado pelo policial no Boletim de Ocorrência na Polícia Civil (informações do site Passando a Régua), ele estava fazendo reparos em uma chácara de sua propriedade em Ourinhos e trouxe Júlio de Marília para realizar os serviços.
Júlio, depois de alguns dias trouxe para ficar consigo na chácara, a amásia Aline. Na sexta-feira à noite eles estavam em um churrasco na chácara de um sobrinho do policial militar da reserva, local que eles dormem, houve uma discussão entre Washington e Júlio, mas sem produção de lesões corporais.
Mais tarde, o casal teria se recolhido ao quarto, para dormir e Washington teria ficado no quintal da chácara, perto do seu caminhão. Ao entrar na casa, para ir ao seu quarto, quando acionou a luz, o PM aposentado teria visto Júlio vindo em sua direção com uma faca na mão e então Washington efetuou um disparo com seu revolver calibre 38, que teria atingido o braço de Júlio, ao que os dois “entraram em luta corporal”, caindo no colchão do quarto, quando Washington teria efetuado mais dois disparos contra o tórax de Júlio e Aline teria se levantado do colchão e investido na direção de Washington com outra faca na mão, ao que Washington alega ter efetuado mais três disparos contra Aline, que teria caído no colchão.
Cada uma das vítimas foi atingida com três tiros de revólver calibre 38, apreendido pela polícia
O policial ainda falou que tentou chamar o socorro, porém sem êxito diante da ‘falta de sinal de celular no local”, quando trancou a casa e foi até a casa do sobrinho e de lá foram para o 31º Batalhão da Polícia Militar em Ourinhos
O autor do crime levou fotos do local. Mas a perícia técnica constatou divergências entre as imagens e os relatos dele com levantamentos feitos no local.
Nas fotos apresentadas pelo policial, por exemplo, o corpo de Aline estava coberto, deitada com a barriga para cima e sua cabeça estava apoiada no travesseiro, estando ao seu lado no colchão, uma faca maior.
Confira algumas situações que serão analisadas:
Quando Washington levou o policial militar para o local, chegando lá, a vítima Júlio estava deitado no colchão de barriga para cima, com o braço direito estendido, com uma faca encostada na palma da mão direita e com as pernas um pouco fora do colchão e Aline, não estava como na foto que foi apresentada por Washington ao PM. Ela estava descoberta, em posição “fetal”, lateral, com as costas apoiadas na parede, sendo que entre o seu corpo e a parede, estava a outra faca (que na foto estava ao seu lado no colchão).
De acordo com a vistoria, não havia sinais de luta no quarto e também em outros cômodos da casa.
“Este equipe plantonista compareceu ao local com a equipe de perícias criminalísticas de Ourinhos/SP, encontrando os corpos das vítimas tal qual descrito por Silas, ou seja, a posição de Aline modificada em relação à primeira foto enviada pelo conduzido. No colchão havia manchas de sangue e uma pequena faca de cozinha "cravada", porém, apesar da aglomeração de objetos e sacos de roupas no quarto, não havia sinais de luta em outras partes do quarto, bem como em outras partes da casa”, diz o BO.
Enquanto que na casa foram encontrados utensílios domésticos simples, como taça de plástico e talheres em mau estado de conservação e limpeza, as facas que estavam próximas ao corpo das vítimas e supostamente usadas por elas, são armas brancas típicas, de pessoas que as adquirem para coleção e não uso rotineiro e estavam em estado de pouco uso e bem limpas.
“No quarto mais organizado da casa, que seria de Washington, foi localizada uma cápsula de calibre 38 no chão. No cômodo de entrada havia até duas taças plásticas e uma garrafa térmica íntegras sobre um microondas, chamando atenção os talheres velhos que estavam na pia da cozinha, em mau estado de conversão, ao contrario das facas que estavam na mão de Julio e atrás de Aline, armas brancas 'típicas de pessoas que as adquirirem para coleção e não uso rotineiro", ademais, apresentam, s.m.j, estado de pouco uso e limpeza em que se apresentavam”.
Sobre os disparos:
“Os corpos das vítimas apresentavam várias perfurações, semelhantes às produzidas por disparo de arma de fogo, na região do tórax e costas, Julio com uma no antebraço direito e Aline com uma lesão semelhante a "raspão de projétil" na mão esquerda”.
Após analisar todas as versões, o delegado Valdir Alves de Oliveira ratificou a voz de prisão a Washington, que foi encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes.
Os corpos das vítimas foram reconhecidos por familiares e seriam encaminhados para Marília, após o exame necroscópico.
Fonte: BO 1259/2020 (com informações do site Passando a Régua - Ourinhos)