Hugo Claro e Camarinha assinaram na segunda-feira (23) documentos desistindo do recurso no TRE contra Eduardo Nascimento
Por que o ex-prefeito Abelardo Camarinha (Podemos) e seu fiel aliado, o assessor parlamentar e presidente local do Solidariedade, Hugo Claro, desistiram de recurso em ação que tramita no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), com o objetivo de cassar o registro da candidatura do ferrenho rival político deles, vereador Eduardo Nascimento (PSDB)? Essa é a pergunta que não quer calar nos bastidores políticos em Marília.
HOMOLOGAÇÃO E ARQUIVAMENTO DA AÇÃO
Os pedidos de desistências de recursos protocolados por Hugo e Camarinha foram homologados nesta quarta-feira (25), pelo relator, desembargador Paulo Galízia, do TRE. Com isso, a ação perde o objeto e irá para o arquivo.
ASSINATURAS E IRONIA
Contactado pela reportagem, na noite de terça-feira (24), sobre a desistência do recurso, Hugo Claro foi dissimulado e ironizou: "Estou viajando pela região e não fiquei sabendo disso. Vou verificar o que está acontecendo".
O deboche dele caiu por terra após o JP ter acesso a documento assinado por ele próprio, na segunda-feira (23), onde impede advogados já nomeados de atuarem na referida ação. Ofício com o mesmo teor e finalidade foi assinado por Camarinha, no mesmo dia. Ele ainda não se manifestou sobre o assunto.
"NÃO POSSUI MAIS INTERESSE"
"SOLIEDARIEDADE MARÍLIA, já qualificado nos autos, através de sua advogada que esta subscreve, vem perante Vossa Excelência, informar que o partido peticionante não possui mais interesse em dar continuidade no recurso interposto perante esta corte. Ademais, requer a juntada da petição de renúncia de mandato em anexo, devidamente assinada pelo responsável do partido, a qual impede que os causídicos ali qualificados, juntamente com essa patrona, atuem na presente demanda, não podendo mais realizar nenhum ato processual nos autos", cita ofício encaminhado à Justiça Eleitoral em Marília, na segunda-feira (23). O mesmo teor consta em ofício protocolado pelo Podemos, no mesmo dia.
Além dos dois partidos, o advogado Luiz Antonio Albertoni, o Tonhão, também protocolou pedido nesse sentido durante a campanha eleitoral, em outubro passado. Ele não desistiu do recurso ao TRE, mas o mesmo também perdeu o efeito após a homologação de ontem.
JUSTIÇA REJEITOU OS PEDIDOS
No final de outubro, a Justiça Eleitoral acatou parecer do MPE e rejeitou os pedidos de impugnação contra Nascimento, entendendo que a rejeição de contas do candidato pelo TCE quando esteve presidente da Câmara de Marília, em 2010 (objeto das representações) caracterizou dano ao erário, mas não reconheceu dolo. O candidato foi eleito com 2318 votos, na coligação do prefeito reeleito, Daniel Alonso (PSDB).
Como houve recursos dos impetrantes das representações ao TRE, o registro de Eduardo Nascimento foi deferido com recurso. A Procuradoria Estadual Eleitoral ainda não se manifestou sobre o caso. A expectativa é que isso ocorra nos próximos dias e o julgamento no TRE aconteça antes da diplomação dos eleitos, pela Justiça Eleitoral em Marília, prevista para a terceira semana de dezembro.
CAMARINHA PERDEU POR UNANIMIDADE NO MESMO TRE
Nascimento no TRE, em 2016, comemorando derrota de Camarinha por 6 a 0
Foi no mesmo TRE que em 28 de janeiro de 2016 Camarinha foi julgado e por unanimidade (6 a 0) os desembargadores do órgão decidiram pela cassação dos direitos políticos dele por oito anos, apontando abuso de poder econômico e de mídias (Jornal Diário e outros) nas eleições de 2014 (eleito deputado estadual).
A representação contra ele foi protocolada logo após as eleições de 2014 por Eduardo Nascimento, que acompanhou o julgamento pessoalmente no Tribunal e comemorou a derrota de Camarinha na corte, sorrindo e fazendo sinal de "seis" com as mãos.