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  • Fonte: G1

Abertura de duas penitenciárias, com mais de 1.600 presos, preocupa moradores de Gália


Gália (50 quilômetros de Marília), ganhou a instalação de duas penitenciárias neste mês. Juntas, elas vão abrigar 1.646 detentos. Para uma unidade prisional, o número está na média. Mas para o município, é muito: representa cerca de 25% da população galiense.

Moradores da cidade, com cerca de 6.500 habitantes, disseram que a chegada das penitenciárias pode trazer menos segurança ao município. Em contrapartida, eles acreditam que a economia local será favorecida. Atualmente, o município tem cerca de 6.400 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para Dondiego Cardoso, de 34 anos, a cidade não está preparada para receber a quantidade de detentos que as penitenciárias vão abrigar. “Ela tem que melhorar em alguns quesitos”, diz o rapaz, que é dono de uma padaria. Dondiego tem 34 anos e é dono de uma padaria em Gália (SP) — Foto: Arquivo pessoal É fato que a instalação de penitenciárias em municípios pequenos, como é o caso em Gália, gera vários impactos não só sociais, mas ambientais e econômicos, como já demonstraram estudos, alguns deles realizados, inclusive, no interior paulista. Hoje, Gália tem um hospital e três unidades de saúde. A cidade possui três escolas municipais, que atendem da creche ao 5º ano, e uma estadual, do 6º ao ensino médio. Há ainda duas delegacias, uma da Polícia Militar e outra da Civil. O diretor do hospital de Gália, Ângelo Parussolo, de 54 anos, acredita que, sem políticas públicas, como aumento de policiamento ostensivo e monitoramento por câmeras de vigilância, as penitenciárias trarão menos segurança aos moradores. “O impacto também será de saturar os serviços essenciais, não só a saúde, mas a assistência social, a educação, a moradia etc", acredita Ângelo. Ele pondera, no entanto, que há possibilidade de as unidades prisionais trazerem benefícios à cidade, mas isso dependeria diretamente de uma boa gestão nos serviços do município. “Se houver investimento estadual e federal na estruturação dos serviços de saúde, assistência social, educação, segurança pública e infraestrutura, a chegada das penitenciárias pode ser positiva”, diz. Ângelo Parussolo é o atual diretor do hospital de Gália (SP). Ele acredita que as penitenciárias trarão insegurança à cidade — Foto: Arquivo pessoal Nesse sentido, Gália possivelmente vai enfrentar um desafio por causa de sua receita. Em alguns municípios, o aumento populacional provocado pela instalação de uma unidade prisional - seja pelos detentos, servidores ou familiares dos apenados - consegue alterar a arrecadação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que distribui recursos às cidades de acordo com o número de habitantes. Acontece que, no caso de Gália, a cidade precisaria chegar a marca de 10 mil habitantes para receber aumento nos repasses do FPM, o que, ao menos a princípio, não vai acontecer. “A população vai aumentar, mas nosso município não vai ganhar mais recursos, o que é algo negativo”, afirma a advogada Neila Fabrício, de 45 anos, que também mora na cidade. Embora reconheça que a arrecadação da cidade não vai mudar por enquanto, o prefeito, Renato Gonçalves, garante que a administração municipal está se preparando para os impactos que as penitenciárias vão provocar na cidade. “Nos dias de visita, aos finais de semana, a prefeitura vai contratar mais carros e viaturas. Por meio de um convênio, vamos contratar mais dois ou quatro policiais, dependendo da demanda”, diz.

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