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  • Por Adilson de Lucca

Adolescente que matou a ex-namorada de 14 anos a facadas é recolhido na Fundação Casa


O adolescente W.E.P.S, de 15 anos, que matou a ex-namorada Lídia Hadassa de Lima, de 14 anos, a facadas, no início da tarde de ontem (23), em Júlio Mesquita (a 34 quilômetros de Marília), foi apresentado no Fórum de Cafelândia nesta quarta-feira (24). O crime foi próximo à Escola Estadual José Carlos Monteiro, onde ambos estudavam.

Ele passou a noite em uma cela na CPJ em Marília, onde prestou depoimento no início da noite, após ter passado por atendimento psicológico e ambulatorial no Hospital das Clínicas (veja abaixo).

Pessoas conhecidas da família declaram que a mãe de Lídia não consentia o namoro da filha com o adolescente. Já mãe do rapaz, que é professora, comentou que os adolescentes "tinham um namorico" há cerca de dois anos.

"INCLINADO A COMPORTAMENTO DE EXTREMA VIOLÊNCIA"

Após a audiência, o juiz Octavio Santos Antunes, decretou a internação do adolescente por até 45 na Fundação Casa em Marília. Ele já está recolhido na Unidade. O JORNAL DO POVO teve acesso à decisão.

"Crime hediondo que merece uma ação estatal mais rígida, a fim de coibir no adolescente o sentimento de impunidade e garantir que não venha a praticar atos semelhantes, eis que mostrou inclinado a comportamento de extrema violência", citou o juiz na decisão.

"Nesse contexto, sua internação provisória se justifica para assegurar a ordem pública, porquanto a gravidade concreta do ato infracional narrado na representação foge à normalidade do cotidiano na pequena e pacata Júlio Mesquita e a adoção de medidas brandas pode estimular atos semelhantes por outros adolescentes, em especial aqueles que se deixam influenciar pela difusão de notícias pelas redes sociais", acrescentou o magistrado.

Na decisão, mencionou ainda que "por fim, a medida tem por escopo garantir a própria segurança pessoal do adolescente que, no caso, encontra-se inserido em flagrante situação de risco pela comoção social causada na pequena cidade de Júlio Mesquita, tanto que foram necessárias algumas medidas preventivas para que o adolescente fosse apresentado à policia pelos familiares, em uma rodovia afastada da cidade, para prevenir eventual ação da população. Logo, a internação é medida excepcional e urgente".

Lídia será sepultada no final da tarde de hoje, em Cafelândia

"NÃO SE RECORDA DE NADA"

O advogado Ricardo Carrijo Nunes, que atua na defesa do adolescente, disse hoje ao JORNAL DO POVO que o garoto "não se recorda de nada" sobre o ocorrido.

"Ele está muito abalado emocionalmente e só ficou sabendo da morte da ex-namorada após o depoimento de ontem à noite na CPJ. Até então ele achava que a movimentação era apenas pressão da polícia", disse o advogado.

AUDIÊNCIA

O juiz de Cafelândia agendou a audiência de instrução, debate e julgamento para o próximo dia 2 de junho. Após a audiência, será decretada a sentença sobre o feminicidio.

Caso condenado, o adolescente poderá permanecer na Fundação Casa por mais três anos (quando completa a maioridade penal) e então poderá ser solto.

DEPOIMENTO À POLÍCIA

Rápido. Assim foi o depoimento do adolescente na CPJ, ontem à noite.

Ele foi ouvido pelo delegado plantonista Ricardo Coércio. "O garoto estava com o estado emocional abalado e não sabia que a vítima tinha falecido, até o início do depoimento. Estava desorientado psicologicamente e sem saber o que estava acontecendo", explicou o advogado Ricardo Carrijo Nunes. "Ele sempre foi um bom aluno, com boas notas", acrescentou.

Antes de ser conduzido sob escolta policial à CPJ, o adolescente passou atendimento ambulatorial e psicológico no Hospital das Clínicas de Marília. Após o crime, ele tentou suicídio com a faca usada no feminicidio. Sofreu ferimentos no tórax, pescoço e pulsos, mas sem risco de morte.

Momento em que o adolescente foi apreendido às margens da BR-153

TENTATIVA DE SUICÍDIO

A menina havia saído da escola e caminhava em direção à sua casa, quando, segundo o advogado, começou o desentendimento com o adolescente pelo fim do namoro. O defensor disse que o adolescente afirmou que estava indo para a escola portando uma faca em função dos casos de violência registrados em escolas pelo país.

"A menina dizia que ele não teria coragem de se matar e em meio à discussão, o adolescente desferiu a facada, mas não viu que matou a garota e saiu correndo, foi embora", disse o advogado. A menina chegou ser socorrida e encaminhada à uma unidade de saúde na cidade, mas não resistiu e faleceu.

Após deixar o local do crime, o garoto se escondeu. O pai dele o localizou e o levou para um local próximo ao trevo da BR-153 (entroncamento com a SP-333 - acesso a Marília).

O advogado, então, foi acionado pela família e ao chegar no local, as Polícias Militar e Civil já estavam lá. "O garoto estava desorientado e muito trêmulo. Eu havia combinado com a corporação que ele viria para a CPJ com o pai e mãe em meu carro. Mas, notamos que ele apresentava ferimentos no tórax e no pescoço e nos pulsos, relatando que havia tentado o suicídio usando a mesma faca do crime", explicou o dr. Ricardo Carrijo.

O garoto relatou ainda que, durante a fuga, passou em uma construção e ingeriu um líquido branco, sem saber do que se tratava.

Diante da situação, o adolescente foi socorrido por uma unidade de resgate da Concessionária de rodovias e encaminhado ao Hospital das Clínicas em Marília, onde foi atendido e ficou em observação, sob escolta policial, sem risco de morte.

O pai dele trabalha em uma indústria de alimentos em Marília e a mãe é professora em Júlio Mesquita.

O advogado Ricardo Carrijo Nunes atua na defesa do adolescente


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