J. POVO- MARÍLIA
Após audiência, defesa pede soltura do coronel que executou funcionário do motel e juiz analisa júri

O coronel aposentado Dhaubian Braga Barbosa, 57 anos, que executou o ex-detento e funcionário do Motel Fênix, Daniel Ricardo, 37 anos, na manhã do dia 31 de outubro passado, foi ouvido formalmente em audiência no Fórum de Marília, nesta sexta-feira (11). Também se manifestaram oito testemunhas de defesa.
Dhaubian foi ouvido por videoconferência e segue preso no Presídio Romão Gomes, em São Paulo. Ao final da audiência, ontem, a defesa do coronel fez novo pedido de liberdade dele, mas o juiz da 3ª Vara Criminal, Paulo Gustvo Ferrari, ainda não se manifestou. O promotor Rafael Abujamra informou que o Ministério Público vai se manifestar contrariamente ao pedido.
O juiz também deve decidir se o réu será pronunciado ou não a júri popular.
CASO AMOROSO E TIROS PELAS COSTAS
Baubhian executou o ex-detento e funcionário do Motel Fênix, Daniel Ricardo, na manhã do dia 31 de outubro passado.
O delegado Seccional de Polícia de Marília, dr. Wilson Carlos Frazão, confirmou após a apresentação do coronel, que o acusado matou o funcionário porque ele tinha um caso com sua esposa.
Conforme o delegado, o coronel aposentado executou Silva com três tiros, de revólver 38, sendo que dois projéteis atingiram as costas e as nádegas da vítima e outro pegou de raspão. Uma das balas ainda atingiu a perna de uma funcionária do motel.
No depoimento à DIG, o acusado declarou que teve uma discussão com Daniel no final da madrugada de domingo (3) e que o mesmo ameaçou sacar uma arma. Então ele atirou por legítima defesa.
Essa tese foi rejeitada pela Polícia Civil. "A tese é restrita para ameaças ou agressões injustas. Pelo que apuramos, a vítima não teve condições de reagir e não foi de encontro ao autor. O coronel já estava aguardando o Daniel há um tempo no motel. Ele escolheu um local do motel em que a vítima não tinha possibilidade de mobilidade", afirmou o delegado titular da DIG de Marília, Luís Marcelo Perpétuo Sampaio.

Funcionária do Motel também teve a perna atingida por um dos disparos
Depoimentos revelaram que Daniel, além de ter um caso com a mulher do coronel, ainda ajudava ela investigar supostos casos extraconjugais do marido.
Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento foram recolhidas pela Polícia Civil.
Houve mudanças na cena do crime, já que o assassinato ocorreu as 6h e a Polícia Militar só foi acionada duas horas depois.

Armas encontradas durantes buscas na casa do acusado (espingardas, fuzil calibre 762 de uso das Forças Armadas, silenciadores e 450 quilos de munições de diversos calibres)
BUSCAS
A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) fez buscas em propriedades do coronel PM da reserva, Daubhian Braga Barbosa, de 57 anos, assassino confesso do ex-detento e funcionário do Motel Fênix, Daniel Ricardo da Silva, de 37 anos, na manhã do dia 31 de outubro passado. Daubhian é dono do motel.
A operação, coordenada pelo delegado Luiz Marcelo Perpétuo Sampaio, apreendeu armas em dois outros motéis de propriedade do coronel, em Garça e Ourinhos e também em uma fazenda dele, em Alvinlândia.
Foram apreendidos revólveres, pistolas, carabinas e munições. Na fazenda foram encontradas armas de caça e coleção, incluindo exemplares do exército dos Estados Unidos.
Na casa do pai do coronel (que atua como advogado dele) em Assis, foram apreendidas munições. O revólver calibre 38 usado no crime não foi localizado. Os armamentos apreendidos agora se juntam a um outro arsenal encontrado pela Policia na casa do oficial, anexa ao Motel (em frente a Penitenciária de Marília).
Daubhian se apresentou no dia 3 deste mês, confessou o crime e alegou legítima defesa. Negou que o homicídio tinha motivação passional, o que foi desmentido pela esposa dele, Adriana Silva (cabo da PM na ativa) e pelas investigações policiais.

