J. POVO- MARÍLIA
Assassinos de advogado na região pegam 99 anos de cadeia. Empresário que perdeu ação foi o mandante

Os três réus acusados de envolvimento na execução do advogado Nilson Carreira de Mônico foram condenados a penas que totalizaram 99 anos e oito meses de prisão em regime inicial fechado pelo Tribunal do Júri realizado no Fórum da Comarca de Presidente Venceslau.
O advogado Nilson Aparecido Carreira Mônico, de 55 anos, morreu após ser baleado em seu próprio escritório, na região central de Presidente Venceslau, na manhã do dia 13 de junho de 2018. Segundo a Polícia Militar, dois suspeitos, de São Bernardo do Campo (SP), estavam em um carro. Um deles desembarcou, entrou no prédio onde funcionava o escritório da vítima e praticou o crime. Em seguida, os dois fugiram a pé, mas um deles, identificado posteriormente como Wagner Oliveira Andrade da Silva, à época, com 33 anos, foi detido pela Força Tática. O outro rapaz ficou foragido. Na ocasião, ele informou que havia se deslocado de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, até o escritório de advocacia, no interior do Estado, na companhia de um amigo, o qual tinha uma ação trabalhista com o advogado, conforme a PM. Ainda de acordo com a corporação, o homem contou que amarrou as funcionárias e disparou três vezes contra a vítima, que chegou a ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada ao Pronto-socorro local, mas não resistiu aos ferimentos. Os policiais militares localizaram a arma utilizada no crime, um revólver de calibre .38, com três munições deflagradas e outras três intactas. Na bolsa que teria sido descartada por um dos homens, havia fitas da mordaça, abraçadeiras de plástico, uma faca e R$ 2 mil em dinheiro. O preso afirmou à polícia que é ex-policial militar e saiu da corporação por pedido próprio, sendo que, naquela época, trabalhava em uma boate em São Bernardo do Campo, onde conheceu essa pessoa que o convidou para ir até Presidente Venceslau, segundo o delegado Sthefano Rabecini. Diante disso, o rapaz alegou que não tinha a intenção de matar o advogado, mas, sim, de apenas cobrar a dívida do conhecido que ficou no carro, do lado de fora do escritório. Conforme o investigado, mesmo amarrado e amordaçado, o advogado tentou pegar a arma no momento em que ele estava no escritório e, devido a isso, acabou atirando, segundo informações do delegado. A Polícia Civil, naquela época, já tratava o caso como “tentativa de execução”, ocasião em que diligências foram realizadas para tentar descobrir a motivação e o mandante do crime. ‘Mandante’ A Polícia Civil prendeu no dia 16 de junho de 2018, em São Bernardo do Campo, Luiz Henrique Almeida Reis, empresário suspeito de mandar matar o advogado. O homem confessou o crime, mas disse que “só queria assustar a vítima, e não matá-la”. Segundo a polícia, Reis perdeu uma ação e se revoltou contra o advogado da parte contrária, que defendia a viúva de um homem morto em um acidente causado por um motorista de caminhão bêbado, que trabalhava para a transportadora do empresário. Para pagar a indenização, Nilson Mônico conseguiu a penhora de um dos imóveis do investigado, em Guarujá (SP), avaliado em mais de R$ 1,5 milhão. Foram analisados os seis volumes do processo que envolvia o empresário, e que ele perdeu a causa, e foi constatado que o advogado assassinado agiu de forma ética e profissional, dentro dos parâmetros processuais, ainda segundo a polícia. Além da prisão, equipes da Polícia Civil de Presidente Venceslau e do ABC Paulista cumpriram mandados de busca e apreensão em imóveis e empresas do suposto mandante nas cidades de São Bernardo do Campo, Santo André (SP), São José dos Campos (SP) e Jacareí (SP), ocasião em que quatro armas e um simulacro de arma foram apreendidos, além de documentos. Terceiro envolvido Durante as investigações sobre a morte do advogado, inclusive com depoimentos e reconstituições realizadas com o empresário e o apontado como o executor, levantou-se a participação de uma terceira pessoa, que teria fornecido a arma, munições, amarras e fitas adesivas utilizadas na morte de Mônico, e também intermediado a contratação do ex-policial militar a pedido do empresário. Conforme a Polícia Civil, Vilson José Rosa, que já havia sido preso por porte de arma de fogo, inclusive de uso restrito, era conhecido por ser uma espécie de "miliciano", que recebia dinheiro de comerciantes em troca de segurança. “Durante as investigações desse trágico homicídio, na reconstituição do executor, o Wagner, ele nos confessou, depois da reconstituição, que havia um terceiro elemento. Esse terceiro elemento seria o intermediário entre o mandante, que seria o empresário, teria contratado o executor Wagner para que viesse aqui praticar o homicídio contra o advogado. Nós tínhamos somente o apelido dele, que seria Mineiro, e os locais que ele provavelmente frequentava”, explicou o delegado da Polícia Civil, Adalberto Gonini Júnior. Inquérito Segundo a Polícia Civil, as investigações produziram provas de que o empresário Luiz Henrique Almeida Reis contratou o ex-policial Wagner Oliveira Andrade da Silva para matar o advogado, pela quantia de R$ 2 mil adiantados, mais a contribuição que acertariam após a morte. Ainda de acordo com a Polícia Civil, entre as provas produzidas, está a comprovação de que as munições foram compradas pelo empresário e repassadas a Silva.

