Até a manhã desta sexta-feira (27), a difícil situação da Indústria Sasazaki de Marília continua a mesma desde que eclodia a crise econômica da empresa com atraso no pagamento de funcionários desde o último dia 5. O vale do dia 20 de setembro (embora não obrigatório) também não foi pago, assim como o vale do último dia 20.
O JORNAL DO POVO verificou (veja abaixo) que além da questão salarial, a Sasazaki enfrenta execução fiscal da Fazenda estadual por dívidas de cerca de R$ 25 milhões com ICMS e série de ações de execuções judiciais de títulos de cobranças por fornecedores.
SINDICATO E TRABALHADORES SEGUEM NA EXPECTATIVA
Após uma reunião realizada na sexta-feira (20) no clube de campo do Sindicato dos Metalúrgicos de Marília, os cerca de 300 trabalhadores da Sasazaki, seguem na expectativa de eventual anúncio de uma solução para a crise na empresa, principalmente sobre eventuais investidores.
Os trabalhadores continuam em casa (instrumento do banco de horas).
A possibilidade de negociação com investidores foi revelada pelo presidente da empresa, Leonardo Sasazaki, em reunião com funcionários há cerca de 20 dias. A previsão dele era que em cerca 15 dias as negociações estariam definidas.
"A maioria dos trabalhadores decidiu fazer mais este sacrifício e aguardam por essas eventuais negociações", explicou ao JORNAL DO POVO o presidente do Sindicato, Irton Siqueira Torres.
Ele ainda acredita em eventual negociação da Sasazaki com investidores. "Até lá, os trabalhadores dão mais uma chance à empresa", resumiu.
O sindicalista disse que, em relação ao banco de horas, a legalidade do instrumento será discutida com a direção da empresa após a definição do pagamento do salário atrasado.
"A regra do banco de horas define que a empresa pode usar esse instrumento, mas desde que mantenha o pagamento dos salários em dia", explicou Irton. Há funcionários que devem cerca de 400 horas ao longo de anos na empresa. A Sasazaki foi fundada há anos em Marília.
Leonardo Sasazaki, presidente da empresa
SITUAÇÃO CAÓTICA NA EMPRESA
Antes da reunião, o Sindicato recomendou aos funcionários "que decidirem jogar a toalha", fazerem rescisão indireta do contrato de trabalho com a empresa junto à Justiça do Trabalho. Nesse caso o trabalhador perde o direito ao aviso prévio. O sindicato disponibiliza assessoria jurídica para isso.
"Desta forma poderão buscar outras vagas de emprego. Peço à empresas, especialmente do setor metalúrgico, que contratem esses funcionários, com mão-de-obra especializada", disse Irton.
Um dia após o atraso de pagamento no dia 5, o Sindicato notificou a direção da Sasazaki sobre a possibilidade de greve dos funcionários. "Mas, como as máquinas estão paradas e a empresa sem produção, não faria sentido o instrumento da greve", observou o sindicalista.
A empresa já vinha atrasando pagamentos desde maio passado. "As vezes cinco dias, as vezes dez dias. Mas este mês não houve pagamento até hoje", explicou Irton.
"Enquanto houver uma luzinha no fim do túnel vamos continuar com a esperança de solução, mesmo que um milagre. Quero e preciso acreditar nisso. O sindicato acompanha a situação, só não tem como gerar dinheiro. Difícil que os trabalhadores entram em situação de falência junto com a empresa, sem condições de pagar suas contas e manter seus lares. Funcionários com 20 anos ou mais na empresa", afirmou Irton.
EXECUÇÕES FISCAIS DE R$ 25 MILHÕES E RASTRO DE DÍVIDAS
No ano passado, a Fazenda Pública do Estado de São Paulo ajuizou quatro ações de execuções fiscais de cobranças de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) no Fórum de Marília contra a Indústria Sasazaki. Os valores somados (não atualizados) atingem cerca de R$ 25 milhões
Duas das ações foram ajuizadas em maio, com valores de R$ 1.625.246,48 e R$ 10.918.498,09.
Em outubro, a Fazenda Estadual ajuizou outra ação de execução com valor de R$ 1.353.957,02 e mais uma ação em novembro, de pouco mais de R$ 11 milhões. A empresa ofereceu bens em garantia às execuções.
SÉRIE DE AÇÕES DE EXECUÇÕES DE CREDORES NOS ÚLTIMOS MESES
O Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem) ajuizou uma ação de execução fiscal contra a empresa Sasazaki, cobrando débito de R$ 6.711,53. A ação está em trâmite na Vara da Fazenda Pública do Fórum de Marília.
Também na semana passada uma empresa de representações comerciais localizada em Belo Horizonte (MG), ajuizou ação de execução contra a empresa no Fórum de Marília, cobrando débito de R$ 192.583,24.
No mês passado, foram ajuizadas três ações de execuções de dívidas contra a Sasazaki no Fórum de Marília. Uma empresa do ramo de serralheria localizada no Bairro da Mooca, em São Paulo, ajuizou ação de execução de título cobrando R$ 12.608,16.
Uma semana antes, uma empresa de materiais de alumínio localizada em São José do Rio Preto ajuizou ação de cobrança de título no valor de R$ 80.491,87.
No começo de setembro uma empresa de materiais de construção de Paraguaçu Paulista ajuizou ação de execução de contrato no valor de R$ 21.595,90.
Em agosto, uma empresa de componentes de esquadrias de alumínio, localizada em Valinhos (SP) ajuizou ação cobrando título de R$ 37.869,44 .
No mês anterior, uma empresa de laminados de ferro e aço localizada no Bairro da Mooca, em São Paulo, ajuizou no Fórum de Marília ação de cobrança de R$ 256.242,11. Também em julho, uma empresa de plásticos localizada na Vila Alpina, em São Paulo, ajuizou ação cobrando título de R$ 16.010,69.
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