Os empresário Andrew Choi e João Pinheiro, em restaurante em São Paulo
Após desfilar por páginas de grandes sites e jornais do país como "o candidato a prefeito mais rico do Brasil", João Pinheiro, que disputa a Prefeitura de Marília pelo PRTB, é destaque na capa do UOL acusado de dar golpe em empresário americano.
João Pinheiro já foi condenado no mês passado por estelionato, pela Justiça em Marília e deve cumprir mais de dois anos de cadeia.
A reportagem do UOL menciona que empresário do ramo açucareiro dos EUA acusa João Pinheiro de descumprir um contrato no valor de US$ 6,8 milhões (R$ 36,9 milhões) e não entregar uma carga. Pinheiro concorre a prefeito em Marília (a 440 km da capital paulista) e afirma que tenta solucionar o impasse
O que aconteceu
O empresário Andrew Choi registrou BO por estelionato. Todas as informações do registro policial foram confirmadas pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo).
Caso foi enviado para a delegacia de Marília. O processo levou alguns dias, já que o boletim foi registrado online, a partir de outro país, e inicialmente faltaram informações no documento, feito no dia 23 de setembro. Segundo a SSP, os dados foram complementados posteriormente…
Candidato declarou R$ 2,8 bilhões em bens à Justiça Eleitoral. O valor é quase 80% maior do que o orçamento de 2024 da prefeitura do município no interior paulista. A cidade vai administrar cerca de R$ 1,6 bilhão.
Pagamento adiantado. Choi disse para a polícia ter feito um contrato com a empresa de João Pinheiro, a Sugar Brazil, e pago adiantado US$ 2,04 milhões (R$ 11,09 milhões na cotação atual), ou seja, 30% do valor total do contrato, por 20 mil toneladas de açúcar. No entanto, segundo o registro, a carga não foi entregues.
Candidato não devolve o dinheiro nem entrega o açúcar. Segundo o BO, ao qual o UOL teve acesso, João Pinheiro "se recusa a devolver o dinheiro e não conseguiu fornecer o produto que contratamos". "Já se passaram mais de quatro meses e ele deveria entregar os produtos há três meses." O destino final seria a China, segundo Choi.
Encontros em festa do peão e restaurante. Em conversa com a reportagem via mensagem, Choi afirmou que conheceu Pinheiro por recomendação de um colega do setor açucareiro. Disse que veio ao Brasil duas vezes para se reunir com o candidato, a fim de fechar o negócio, e enviou para a reportagem fotos dos dois juntos. Eles foram a um restaurante em São Paulo e a uma festa de peão, no interior do estado, que teve como uma das patrocinadoras a empresa do candidato.
A primeira visita foi em maio de 2024. Fiquei pouco menos de uma semana. A segunda visita foi três semanas depois para confirmar o produto. Ele [João Pinheiro] me levou para uma usina de açúcar e uma fábrica de frango. Nenhum dos locais tinha meus produtos, mas ele tinha desculpas na época.
Atraso no câmbio. Segundo o empresário, Pinheiro disse ter havido atrasos na compensação de dólares para reais do adiantamento, e isso teria protelado o processo por 35 dias. Também contou que havia sido marcada uma nova data para o embarque da mercadoria.
Viagem adiada e nada de açúcar. Choi afirma ter comprado passagens para vir novamente ao Brasil para acompanhar o carregamento no porto de Paranaguá, mas Pinheiro teria dito para ele adiar a vinda. "Dois dias antes da minha partida, ele me disse para não vir porque o açúcar não estava no porto e não estava pronto para embarque. Desde então, ele não forneceu uma data de carregamento atualizada ou qualquer atualização em relação ao meu açúcar", contou.
De acordo com ele, o restante do pagamento seria efetuado após o recebimento da carga e de todos os documentos da transação. "Tenho comprovante de todos os meus pagamentos de transferências bancárias para a conta bancária da Sugar Brazil. João Pinheiro recusa-se a cooperar na devolução do meu dinheiro. Ele não forneceu nenhum dos produtos. Já pedi diversas vezes o dinheiro de volta e ele não colaborou", diz um trecho do registro na polícia.
O que diz João Pinheiro
Pinheiro confirma que não entregou mercadoria. Afirmou para o UOL, por mensagem e por ligação telefônica, que o empresário chegou a ver uma parte da carga no Brasil e que, como Choi não havia pago o restante do valor, não fez o embarque.
Justificativa vaga. Ao ser questionado sobre o motivo de não ter cobrado do empresário a suposta dívida, ele afirmou apenas que o mercado de exportação é "complexo". A reportagem insistiu que o comprador apresentou um documento de cancelamento do contrato, porque o acordo de pagar parte antecipadamente e outra após a entrega, não foi cumprido, mas Pinheiro manteve seu posicionamento
Sem dados no porto. O UOL procurou o porto de Paranaguá, para onde deveria ir o carregamento, segundo o empresário. A assessoria disse que não é possível identificar a carga apenas com o nome dos envolvidos e que precisaria de mais informação, como a de qual navio levaria a carga para o exterior…
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