A defesa do sargento PM Alan Fabrício Ferreira, conseguiu nesta sexta-feira (2) suspender uma punição de cinco dias de detenção, imposta pelo Conselho Disciplinar do Batalhão da Polícia Militar, em Marília, pro conta do famoso caso da "carteirada" da vereadora professora Daniela Alves.
O advogado Marcos Manteiga que dirige uma associação de defesa jurídica de militares e atuou na defesa. "Não se pode fazer injustiça pelo trabalho do sargento Alan. Não se pode fazer injustiça pelo bom trabalho dele", disse.
O sargento PM chorou de emoção ao receber a notícia da suspensão (VEJA NO VÍDEO ABAIXO)
O CASO
A vereadora professora Daniela Alves (PL) que deu uma "carteirada" na então comandante da PM em Marília, Márcia Cristal, para não ter seu veículo apreendido durante a madrugada?
Ao saber da abordagem do carro (dirigido por uma filha), em agosto de 2020, a vereadora ligou para a comandante tentando evitar que o sargento PM Alan Fabrício Ferreira efetivasse a autuação e apreensão.
O policial gravou a ligação, onde a superiora o pressiona dizendo que ele estava "tumultuando" e deveria apenas orientar e não apreender o carro da vereadora.
“Porque isso daí é falta de bom senso, tá? Ela é vereadora. É, é, a condição, você pode muito bem estar fazendo e orientando, tá? E aí segunda-feira, ela pegaria o documento e não precisa apreender o veículo”, diz a comandante.
Ela também ameaçou retirar o policial do setor de trânsito, o que de fato aconteceu. “Se for desse jeito é o que eu to falando, você não vai estar mais segunda-feira no trânsito (...) porque essa aqui é uma ordem minha, você vai responder também”.
“Comandante, a senhora está falando isso, não estou descumprindo a ordem da senhora. A hora que a senhora me ligou eu estava no telefone com ela e o veículo já estava em cima do guincho. O veículo foi removido, mas segunda-feira eu converso com a senhora ”, responde o policial, na ligação.
“Porque você pura e simplesmente está fazendo algo que era desnecessário, infelizmente a gente tem esse tipo de contato dessa forma, você não ouviu as orientações que foram dadas, tá? Quem trabalha no trânsito tem que ter jogo de cintura e bom senso. Olha o que você tá causando, porque politicamente ela é vereadora. Não teve nem uma conversa, o que você está achando que você é?”, repreendeu a comandante.
O policial deu oportunidade do marido da vereadora, que foi até o local, pagar o licenciamento por aplicativo, mas ele disse que não tinha condições. Então, o sargento ignorou a manobra da "carteirada" e efetivou a autuação e a apreensão do carro, que foi recolhido ao Pátio da Ciretran.
SOBROU PRA QUEM?
Pois é! No resumo da ópera, quem acabou levando a pior nesse caso (até a suspensão conquistada hoje) foi o sargento que de forma profissional e austera cumpriu com o seu dever.
Quase três anos depois, o policial sofreu uma punição de cinco dias de detenção, imposta pelo Conselho Disciplinar do Batalhão da Polícia Militar, em Marília.
De quebra, o advogado Marcos Rogério Manteiga, que atuou na defesa do sargento, também foi condenado no ano passado pela Justiça em Marília a pagar R$ 10 mil de indenização à ex-comandante Cristal. A decisão foi da juíza Thaís Feguri Krizanowski Farinelli, da Vara do Juizado Especial Cível do Fórum de Marília.
A decisão, publicada no Diário Oficial do Estado, afirma que a punição é cabida por Alan não ter acatado a ordem de serviço da comandante na época.
A vereadora professora Daniela, pivô do escândalo, teve uma CPI para investigar o caso arquivada pela Câmara e se reelegeu. A comandante da PM foi promovida e aposentada. Isto é Brasil, o país do jeitinho!
DESTAQUE EM CURSO
O sargento Alan Fabrício Ferreira, semanas após o entrevero da "carteirada", conquistou o primeiro lugar no Curso de Especialização Profissional - Policiamento de Trânsito Urbano -, realizado durante duas semanas pelo Comando de Policiamento de Trânsito da Policia Militar de São Paulo. Alan foi aplaudido de pé no anúncio da brilhante conquista.
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