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"CASO DA CARTEIRADA": Justiça Militar anula punição imposta pelo Conselho de Disciplina da PM e absolve o sargento Alan

  • Adilson de Lucca
  • 30 de jan. de 2024
  • 3 min de leitura

A Auditoria Militar Estadual, órgão do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo, anulou a punição imposta pelo Conselho de Disciplina do 9° Batalhão da Polícia Miliar, sediado em Marília, o sargento PM Alan Fabrício Ferreira.

A decisão está relacionada ao chamado "caso da carteirada" envolvendo a vereadora professora Daniela Alves (PL), a então comandante do 9° BPM/I, Márcia Cristina Cristal e o sargento, que atuava no policiamento de trânsito.

A decisão também obriga a Fazenda Pública do Estado a pagar R$ 3 mil a título de sucumbências (custas do processo).

Em maio do ano passado, o policial foi punido com cinco dias de detenção, imposta pelo Conselho Disciplinar do 9° Batalhão da PM. A decisão foi suspensa em recurso e agora anulada em definitivo.

Rogério Manteiga, advogado de defesa do sargento Alan Fabrício, disse que, após a decisão do Tribunal Militar, analise possível ação judicial com pedido de indenização por danos materiais e morais contra o Estado.

O CASO

Na madrugada do dia 17 agosto de 2020 (um domingo) o sargento Alan abordou e mandou apreender um veículo Ford Fusion conduzido pela filha da vereadora, na zona leste de Marília. O carro estava com licenciamento vencido e pneus "carecas".

Ao saber do ocorrido, a vereadora ligou na mesma hora para a comandante, tenente-coronel Márcia Cristal, tentando evitar que o sargento efetivasse a autuação e apreensão. A comandante, então, ligou para o policial.

Ele gravou a ligação, onde a superiora o pressiona dizendo que ele estava "tumultuando" e deveria apenas orientar e não apreender o carro da vereadora.

"ELA É VEREADORA. O QUE VOCÊ ESTÁ ACHANDO QUE VOCÊ É?"

“Porque isso daí é falta de bom senso, tá? Ela é vereadora. É, é, a condição, você pode muito bem estar fazendo e orientando, tá? E aí segunda-feira, ela pegaria o documento e não precisa apreender o veículo”, disse a comandante, na ligação.

Ela também ameaçou retirar o policial do setor de trânsito, o que de fato aconteceu. “Se for desse jeito é o que eu to falando, você não vai estar mais segunda-feira no trânsito (...) porque essa aqui é uma ordem minha, você vai responder também”.

“Comandante, a senhora está falando isso, não estou descumprindo a ordem da senhora. A hora que a senhora me ligou eu estava no telefone com ela e o veículo já estava em cima do guincho. O veículo foi removido, mas segunda-feira eu converso com a senhora ”, responde o policial, na ligação.

“Porque você pura e simplesmente está fazendo algo que era desnecessário, infelizmente a gente tem esse tipo de contato dessa forma, você não ouviu as orientações que foram dadas, tá? Quem trabalha no trânsito tem que ter jogo de cintura e bom senso. Olha o que você tá causando, porque politicamente ela é vereadora. Não teve nem uma conversa, o que você está achando que você é?”, repreendeu a comandante.

O policial deu oportunidade do marido da vereadora, que foi até o local, pagar o licenciamento por aplicativo, mas ele disse que não tinha condições. Então, o sargento ignorou a manobra da "carteirada" e efetivou a autuação e a apreensão do carro, que foi recolhido ao Pátio da Ciretran.


SOBROU PRA QUEM?

Pois é! No resumo da ópera, quem acabou levando a pior nesse caso (até a decisão do Tribunal Militar) foi o sargento, que de forma profissional e austera cumpriu com o seu dever. Ele foi punido com a detenção.

De quebra, o advogado Marcos Rogério Manteiga, que atuou na defesa dele, também foi condenado pela Justiça em Marília a pagar R$ 10 mil de indenização à ex-comandante Cristal. A decisão foi da juíza Thaís Feguri Krizanowski Farinelli, da Vara do Juizado Especial Cível do Fórum de Marília.

A decisão, publicada no Diário Oficial do Estado, afirma que a punição é cabida por Alan não ter acatado a ordem de serviço da comandante na época.

A vereadora professora Daniela, pivô do escândalo, teve uma CPI para investigar o caso arquivada pela Câmara e se reelegeu. A comandante da PM foi promovida e aposentada. Isto é Brasil, o país do jeitinho!

DESTAQUE EM CURSO

O sargento Alan Fabrício Ferreira, semanas após o entrevero da "carteirada", conquistou o primeiro lugar no Curso de Especialização Profissional - Policiamento de Trânsito Urbano -, realizado durante duas semanas pelo Comando de Policiamento de Trânsito da Policia Militar de São Paulo. Alan foi aplaudido de pé no anúncio da brilhante conquista.






 
 
 

2 Comments


Antônio Campos
Antônio Campos
Feb 04, 2024

Parabéns ao Sgt Alan. Força e Honra! Não somos iguais a essa turma; Acorda Brasil!


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pbcarlos.valereano
Jan 31, 2024

Um Policial que cumpre com os ditames da Lei, fielmente, às vezes, passa por sérios e momentâneos dissabores, porém a sua lisura, coloca-o no mais alto posto da dignidade humana. Parabéns, Sargento Alan! O seu profissionalismo ficará gravado para sempre nas páginas da heróica e gloriosa Polícia Militar do Estado de São Paulo.

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