CRIME DO SACO: relatos de taxista e cenário no apartamento do terror apontam ritual de magia negra
- Por Adilson de Lucca
- 14 de nov. de 2022
- 4 min de leitura

Surgiram fortes indícios de ritual de magia negra no brutal assassinato do aposentado Donizete Rosa, de 60 anos, pela irmãs Wânia Santos Silveira, de 52 anos e Andréa Santos Silveira de Souza, de 49 anos, no chamado "crime do saco".
As questões relacionadas à magia negra tomaram maior enredo após o depoimento do taxista que se recusou a colocar o corpo do idoso (torturado e morto pelas duas mulheres), no porta-malas de seu veículo Nissan, no início da madrugada da quarta-feira (9).
Ele foi chamado pelas irmãs macabras, para quem prestava serviços há dois anos e ao chegar ao local onde elas moravam, em um apartamento no Condomínio Center Franco (na Rua 4 de Abril esquina com a Rua 9 de Julho), no centro de Marília, se deparou com um grande volume em saco de pano arrematado com fita crepe.
As assassinas chegaram a colocar uma sacola com um terço e velas no banco de trás do carro. Depois, voltaram para o apartamento (no segundo andar do prédio) e desceram com o saco.
Ainda no diálogo com o taxista, as irmãs disseram que fariam um ritual e haviam embalado mármore, joias e cerca de R$ 500 mil. O motorista estranhou a conversa e recusou a corrida. Investigadores da DIG chegaram até ele através de imagens de prédios vizinhos ao condomínio.
Descartado qualquer envolvimento dele no caso, o taxista foi ouvido e liberado. Ele só ficou sabendo que se tratava de um cadáver no saco de pano após a repercussão do caso.
Em entrevista coletiva, após a prisão das irmãs macabras, na manhã da quinta-feira (10), o delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), dr. Luiz Marcelo Perpétuo Sampaio, citou o encontro de pétalas de rosas vermelhas espalhadas pelo apartamento e disse ser prematura a hipótese de magia negra no crime.
As irmãs, sem conseguir a corrida, arrastaram o corpo do idoso no saco e o abandonaram na calçada na Rua 4 de Abril, cerca de 20 metros do condomínio ondem moravam. Peritos estimam que a morte do aposentado tinha ocorrido há pelo menos uma semana.
PÉTALAS DE ROSAS ESPALHADAS NO APARTAMENTO
A hipótese de morte do aposentado em ritual de magia negra, também é reforçado pelo encontro de pétalas de rosas vermelhas espalhadas por móveis do apartamento onde as irmãs residiam com ele há cerca de um ano.
Fotos obtidas e divulgadas com exclusividade pelo JORNAL DO POVO, no sábado (12), mostram as pétalas pelo apartamento. Havia também frasco de perfume junto às pétalas.
OFERENDAS COM ROSAS VERMELHAS
Os significados de oferendas com rosas vermelhas. São comumente chamadas macumbas, advindas principalmente de seguidores da religião de origem Africana e similares. Na religião, a macumba é uma forma de culto e ritual variante do candomblé.
As rosas vermelhas em oferendas são comumente vinculadas e associadas a pomba gira, entidade esta que é citada e compõe as entidades do candomblé e a umbanda. É uma entidade referente a uma mulher dominadora, independente, sensual e pode ser incorporada por um médium.
Ela pode ser associada a realizar trabalhos espirituais em diversos assuntos como recuperação de amores, guardiãs, captura de entidades e espíritos maus. Estas possuem carisma, charme, bom humor e de bem com a vida quando incorporada. São ótimas com assuntos sobre amor, principalmente as que trabalham em encruzilhadas.
Historicamente sabe se que a pomba gira surgiu logo no início do século XX, com uma simbologia ‘feminista’, mulher independente, liberada da submissão da sociedade machista e patriarcal. Acredita-se que em outras vidas tenha sido uma mulher sofrida, e por meio destas incorporações tenta ajudar as pessoas, uma forma de evoluir.
Ela pode vir com vários nomes como Sete Encruzilhada, Rosa Caveira, Maria Padilha, dentre outros. Quanto as suas oferendas podem estar inclusas rosas vermelhas, que dependendo de seu objetivo, seja amoroso, de cura ou profissional o tipo de oferenda pode variar.
Podem necessitar de rosas vermelhas, velas, bombons, cigarros, frutas e até mesmo sacrifício de animal, dependendo de qual pomba gira estiver chamando.

BÍBLIA E POMBA DA PAZ
No apartamento de um quarto, sala, uma pequena cozinha e um banheiro, policiais da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), encontraram na noite da quarta-feira um cenário de roupas femininas pelo chão (não havia guarda-roupas no local), pétalas de rosas sobre uma mesa e armário.
O idoso não tinha quase nada. Apenas umas roupas velhas e um notebook dele, que foi apreendido. A família reside em Gália (53 quilômetros de Marília).
Na porta de entrada do apartamento, do lado de fora havia um tapete com a inscrição bem-vindo e do lado de dentro um ornamento decorativo com a pomba da paz. Também encontraram uma bíblia sobre uma mala no chão.
Objetos que destoam muito dos requintes macabros e crueldade das acusadas ao amarrar as pernas, torturar e matar o idoso, que teve o corpo embalado e mantido no local por pelo menos uma semana.

As irmãs macabras cobriram os rostos na CPJ
MARMITA VEGANA TRANSFERÊNCIA
As irmãs macabras costumavam frequentar a Padaria Pura Massa, no centro. Chegavam sempre juntas logo pela manhã e eram exigentes, perguntando se o pãozinho estava macio.
Na noite da quinta-feira (10), já recolhidas em uma pequena cela da CPJ, elas pediram marmita vegana (sem carnes) para o jantar. Coincidentemente, quem fornece marmitas para a CPJ é a mesma padaria que elas frequentavam.
Nesta sexta-feira (11), elas foram transferidas para a Penitenciária de Pirajuí (a informação da Polícia Civil, na sexta-feira, era quem elas tinham sido encaminhadas para Iaras).
A Justiça, atendendo pedido do delegado, dr. Luiz Marcelo, decretou a prisão temporária da dupla, após os depoimentos delas, que duraram cerca de quatro horas, na quinta-feira (10).

BRIGAS E ORDEM DE DESPEJO
As irmãs macabras chegaram em Marília por volta de 2017. Vieram de Minas Gerais. Moravam com o aposentado Condomínio Center Franco.
Inicialmente comercial, o Condomínio passou a misto (residencial). Atualmente, cerca de 80% dos apartamentos estão vazios. Ocupantes do imóvel relataram aos investigadores momentos de discussões entre as assassinas e o aposentado.
As irmãs alugaram por R$ 750 mensais o apartamento em junho de 2017. Mas estavam devendo alugueis desde 2019 e no último dia 18 de outubro a Justiça expediu um mandado de despejo. A dívida era é cerca de R$ 26 mil.

Cenário do apartamento onde o corpo do idoso ficou por cerca de uma semana


Condomínio Center Franco, localizado na Rua 4 de Abril


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