Dia do Alfaiate: Associação celebra a data com almoço especial, neste domingo. Entidade é a mais antiga em atividades em Marília
- Adilson de Lucca
- 6 de set.
- 4 min de leitura

Hoje, dia 6 de setembro, é comemorado o Dia do Alfaiate. Categoria profissional que é representada há 81 anos aqui na cidade pela Associação dos Alfaiates de Marília. A entidade, fundada no dia 19 de março de 1944, funciona há mais de 8 décadas no mesmo endereço, na Rua 9 de Julho, centro. É a entidade de classe mais antiga de Marília, em plena atividade.
Para celebrar o Dia do Alfaiate, a Associação realizou um baile especial na noite desta sexta-feira (5), com a dupla Jorge e Marina.
E neste domingo (7), será realizado um almoço especial para os associados e seus familiares, no salão de festas da entidade.

Jorge e Marina formam o musical que há 33 anos anima os bailes na Associação
Marina de Oliveira Vieira há 33 anos comanda os bailes no salão de festas da entidade, que comporta até 300 pessoas. "Quem frequenta os bailes, todas as sextas-feiras, são principalmente casais que apreciam a dança e o glamour dos bailes tradicionais", lembra Marina, servidora pública estadual aposentada e vocalista que divide o palco com o marido, Jorge de Oliveira, o Jorginho, tecladista e também servidor público aposentado.
Os bailes de final de semana sempre foram a principal atração da Associação dos Alfaiates. Palco histórico da vida boemia e de encontros que terminaram em muitos casamentos. "Têm casais que frequentam aqui há trinta anos. Sentam nas cadeiras cativas de madeira", explica a cantora.
Marina ocupa o cargo de secretária na Associação dos Alfaiates. "Aqui é a minha segunda casa. Aliás, toda a diretoria aqui é super dedicada e cuida muito bem da entidade, preservando especialmente a história e o patrimônio da Associação".

A cantora Marina Vieira é secretária da Associação dos Alfaiates, onde há 33 anos comanda os bailes no salão de festas da entidade
PROFISSÃO EM EXTINÇÃO
Apenas um alfaiate trabalha atualmente na Associação. José Ferreira Neto, o Ferreirinha, de 78 anos. Ele iniciou na profissão aos 13 anos de idade. Morador do Bairro Aniz Badra, na zona norte de Marília, ele contou ao JORNAL DO POVO que o dono da alfaiataria Nossa Senhora da Aparecida pediu para seu pai comprar uma cesta de Natal. "Meu pai disse: eu compro se você der uma vaga para o meu filho na alfaiataria. O comerciante aceitou e foi aí que comecei na profissão e nunca mais parei".

Ferreirinha reconhece que a profissão de alfaiate está em extinção. "Praticamente não existe mais alfaiatarias. Eram muitas em Marília, mas foram fechando".
O principal motivo, segundo ele, é o custo para os clientes. "Um terno feito por um alfaiate profissional sob medida e encomenda, custa cerca de R$ 1.500. A pessoa vai numa loja do comércio e compra pelo menos dois ternos novos por esse valor", explica.
Ferreirinha trabalha numa sala na Associação dos Alfaiates fazendo principalmente consertos de ternos e outras roupas.

José Ferreira, presidente da Associação dos Alfaiates de Marília
ALFAIATE, JOGADOR DE FUTEBOL E PROFESSOR
O atual presidente da entidade, que também se chama José Ferreira ("as vezes é uma confusão danada!", brinca), de 80 anos. Ele começou na profissão aos 16 anos como aprendiz de alfaiate e se especializou como "calceiro" (confecção de calças). Também atuou como jogador profissional de futebol no antigo São Bento e jogou em clubes da várzea.
"Tive que trabalhar muito como calceiro para pagar o hotel onde eu morava e meus estudos", conta ele, que se formou em três faculdades (Educação Artística, Educação Física e Pedagogia). Esta última para atuar como professor da rede estadual de Ensino, onde se aposentou.
Ele também reconhece que a profissão de alfaiate está em extinção. "As indústrias de confecções absorveram praticamente todo o mercado, principalmente as indústrias de calças jeans, que não existiam até a década de 70. Os tecidos usados eram brim, tergal e linho", recorda.
Ele conta que a essência do alfaiate está na confecção de três peças: calça, terno e colete, que formam o conjunto denominado terno.

TOMBAMENTO DO PRÉDIO E DOAÇÃO AO PODER PÚBLICO
A Associação dos Alfaiates tem hoje cerca de 40 sócios de carteirinha, que pagam mensalidade de R$ 10 e têm entrada franca nos bailes.
"Nossa intenção é preparar num futuro o tombamento patrimonial desse prédio e doá-lo para o Poder Público, que poderá transformá-lo em algum órgão ligado à cultura, por exemplo", explica José Ferreira. O imóvel tem cerca de 50 X 15 metros, com piso superior.

PROFISSIONAL DE GRANDE IMPORTÂNCIA
Com o avanço da tecnologia e a Revolução da Indústria chinesa, o alfaiate se tornou “démodé”, ou seja, fora de moda.
Poucos são aqueles que ainda insistem em manter a tradição nos dias de hoje, e como diz no popular, entre trancos e barrancos, o alfaiate insiste em sobreviver com a sua velha máquina de costura, em meio aos cortes de brim, linho, casimira, etc.
Muitos se esquecem de que o alfaiate é um profissional de grande importância para o movimento da moda, principalmente para quem gosta de peças exclusivas e com caimento perfeito.
Num passado não muito distante, os homens tinham um cuidado todo especial com a aparência e admiravam um terno perfeito, feito sob medida e com excelência no acabamento. Antigamente, um homem bem vestido era questão de status, requinte e elegância.
Mas com o avanço tecnológico, as indústrias, principalmente as chinesas, começaram a fabricaram roupas em grande quantidade, variedades e preços mais acessíveis. Só que pecam na qualidade, no caimento perfeito, no acabamento e principalmente para quem gosta de peças exclusivas.

Foto tirada na década de 50 em frente a Associação dos Alfaiates: terno (colete, calça e paletó), traje cotidiano da época











Comentários