- Da redaççao com informações do G1
"Ele precisava de mais ajuda do que tomar tiro no peito", diz pastor sobre flanelinha morto por PM

“Eu tive acesso ao laudo do Paulo na Apae e vi que ele precisa tomar os medicamente para tratamento. Quando ele não toma os remédios, ele fica agressivo. Tem muita gente julgando ele como drogado e bêbado, mas ele nem sabia o que é droga”, conta no vídeo. Procurada pela reportagem, a Apae de Jaú não quis se manifestar sobre o caso.
O pastor também diz no vídeo que ele estava em frente à igreja, local onde ocorreram as discussões e ameaças, atuando como “flanelinha”, ou seja, cuidando dos carros dos moradores do município.
“Ser flanelinha é a única coisa que ele aprendeu a fazer. Em frente à igreja ele fazia o salário dele, era de onde ele tirava o sustento para comer. Por isso que ele briga pelo local”, disse.
Segundo o pastor, Paulo Henrique teria sido abandonado pelos pais quando criança e não tinha familiares.
“Ele precisava de mais ajuda do que tomar um tiro no peito. Eu também o ajudava, recebia ele em casa, ele brincava com as minhas crianças, a gente ria juntos. Fiquei chateado com a notícia, mas deixo essa mensagem de amor”, finaliza.
Em outro vídeo que circula nas redes sociais, postado por uma mulher que se diz amiga da vítima, Paulo Henrique aparece contando sobre a própria vida. Na legenda, a mulher escreve que será difícil chegar à loja onde trabalha e não avistar o amigo.
“Estava sem remédios e não podia ficar sem, né. Longe de ser drogado ou uma ameaça para sociedade. Sei que você vai estar feliz com Deus, mas vai ser difícil chegar à loja e não ver mais você, amigo”, escreve.
Nas imagens, Paulo Henrique conta que foi abandonado pelo pai e pela mãe. Inclusive, comenta que havia feito amizade com os moradores da cidade, já que atuava como flanelinha.
“Fui abandonado pelo pai e pela mãe. Minha mãe falou que eu ia ser um drogado e hoje eu mostro pra ela que não sou. Não preciso usar droga. Sou sincero e sou honesto, nunca precisei roubar ninguém”, diz a vítima no vídeo.
Caso Segundo a polícia, Paulo Henrique brigou com um morador de rua e ameaçou jogar bloco de cimento em policiais.
Segundo o boletim de ocorrência, registrado como homicídio simples, os policiais foram acionados durante o patrulhamento por moradores que contaram sobre uma briga perto da igreja na região central. Os PMs foram ao local e viram a discussão, sendo que um deles apresentava ferimentos no rosto.
Com a chegada dos policiais, os homens foram separados, mas, ainda segundo o BO, um deles estava agressivo. O rapaz, então, pegou um bloco de cimento e ameaçou jogar nos policiais.
Conforme o registro policial, um PM pediu para que o rapaz soltasse o bloco, mas ele continuou a ameaçar que iria arremessar o objeto contra os policiais. Em uma das ameaças, um dos PMs atirou e o rapaz caiu no chão. Segundo relato do policial no BO, ele se lembra ter efetuado quatro disparos.
O socorro médico para o homem foi chamado, mas ele não resistiu aos ferimentos. Após examinar as versões de testemunhas, a Polícia Civil entendeu que houve legítima defesa do policial que efetuou os disparos.

