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ESPAÇO VIVER BEM - UNIMED: A nova era dos rótulos e das gorduras

  • Foto do escritor:  J. POVO- MARÍLIA
    J. POVO- MARÍLIA
  • há 5 dias
  • 5 min de leitura

Como a indústria alimentícia está se transformando e o que isso significa para você

Nos últimos anos, temos assistido a uma verdadeira revolução silenciosa nos supermercados. Embalagens mais informativas, alertas visíveis e a retirada gradual de ingredientes prejudiciais à saúde, como a gordura trans, têm mudado não apenas o jeito que consumimos alimentos, mas também a forma como a indústria alimentícia se comporta.

Desde 2022, com a nova legislação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ficou obrigatório destacar nos rótulos a presença elevada de açúcar, sódio e gorduras saturadas. Além disso, o Brasil segue avançando na eliminação total das gorduras trans industriais, conhecidas por seus efeitos nocivos à saúde cardiovascular.

Mas afinal, o que tudo isso muda na prática? Como a população tem reagido a essas transformações? E como a indústria tem se adaptado a esse novo cenário?

Para entender melhor esse panorama, conversamos com a nutricionista Simone Clivelaro, do Espaço Viver Bem da Unimed Marília.

1. A gordura trans foi durante muitos anos uma presença quase invisível em diversos alimentos ultraprocessados. Como você avalia a decisão da Anvisa de proibir gradualmente o uso de gordura trans industrial no Brasil?

A decisão da Anvisa em proibir gradualmente o uso de gorduras trans industrial no Brasil foi extremamente necessária, por se tratar de uma gordura totalmente deletéria ao nosso organismo. O ideal seria uma mudança ainda mais rápida, porém entendemos também o tempo necessário para que as indústrias se ajustassem as novas regras. O desafio agora, fica em fiscalizar a prática dessa proibição.

2. Quais são os principais riscos à saúde associados ao consumo frequente de gordura trans? Ainda é possível encontrá-la em alguns alimentos no mercado?

O consumo frequente de gordura trans, mesmo que em pequena quantidade, aumentam o colesterol LDL (conhecido como ruim), reduz o colesterol HDL (conhecido como bom), aumentam o risco de diabetes tipo 2 e consequentemente o risco de doenças cardiovasculares.

Mesmo quando o rótulo diz “zero gordura trans” ou “livre de gordura trans”, o produto pode conter pequenas quantidades permitidas pela lei de até 0,2g por porção. Por este motivo precisamos ficar atentos a lista de ingredientes do produto. Termos como “óleo parcialmente hidrogenado” ou “gordura vegetal hidrogenada” são indícios da presença de gordura trans.

3. A indústria tem buscado substituir a gordura trans por outras alternativas. Essas substituições têm sido positivas do ponto de vista nutricional ou apenas uma troca de ingredientes com o mesmo efeito?

Para manter as características dos produtos, como sabor, textura, crocância e durabilidade a indústria substituiu a gorduras trans por outras gorduras, como por exemplo, a saturada (manteiga, gordura de coco ou óleo de palma) ou óleos vegetais não hidrogenados (soja, milho, girassol, canola), que oferecem risco um pouco menor que a gordura trans a nossa saúde, porém não deixam de ter seus malefícios, sendo necessário um consumo bastante moderado.

4. Desde que os rótulos começaram a trazer os alertas frontais ("alto em sódio", "alto em açúcar", etc.), você percebe alguma mudança no comportamento do consumidor?

Já é possível perceber mudanças no comportamento do consumir em buscar por alimentos saudáveis, porém esse processo ainda é gradual, tendo em vista outros fatores que influenciam a compra pelo consumidor, como preço e praticidade do produto.

5. A nova rotulagem é uma conquista importante para a saúde pública, mas será que todos sabem interpretá-la corretamente? O que ainda precisa melhorar nesse sentido?

Sem dúvida nenhuma foi uma grande conquista para a saúde pública, no entanto ainda é um desafio ampliar o conhecimento da população sobre quais de fato são os riscos desse consumo excessivo, como realizar substituições frente a busca das pessoas pela praticidade, facilitar a leitura da informação nutricional e ingredientes ainda mais, bem como a interpretação dessas informações, por muitas vezes trazerem nomes técnicos e parecidos.

Quais dicas você daria para o consumidor que deseja fazer escolhas mais saudáveis, mas se sente perdido diante de tantos termos técnicos nos rótulos?

1. Observe os selos frontais “alto em sódio, açúcar adicionado ou gordura saturada” (lupa). Quanto menos tiver, melhor, porém se não tiver nenhum, ainda assim, não significa que o alimento seja saudável;

2. Desconfie de embalagens que tragam um marketing apelativo como “natural, zero açúcar, fit, zero lactose ou zero glúten, rico em vitaminas”, pois não fazem do produto necessariamente saudável;

3. Leia sempre a lista de ingredientes. Escolha produtos com poucos ingredientes e evite aqueles com nomes estranhos de aditivos químicos, que você não reconheça como alimento.

4. Não se engane com produtos zero açúcar. A maioria possui adoçantes artificiais como substituição, provocando também malefícios a saúde;

5. Use a regra dos 3 primeiros. Os 3 primeiros ingredientes são os que o produto mais possui. Portanto, se houver açúcar, farinha branca, gordura, evite-os.

6. E no caso das crianças, que muitas vezes consomem alimentos ultraprocessados com frequência – como os pais podem lidar com isso diante de tantas ofertas de produtos nada saudáveis nas prateleiras?

A criança ainda não tem plena consciência do que lhe faz mal ou bem. Essa referência precisa vir do adulto, no caso dos pais e estendo a dica aos avós, tios e cuidadores. É importante que não haja proibição, mas sim um limite no consumo, sempre disponibilizando alimentos naturais de maneira mais abundante. A consciência alimentar é adquirida com o passar do tempo e deve iniciar desde cedo e sempre com o exemplo.

7. Pensando no papel das empresas alimentícias: você acredita que elas têm, hoje, mais responsabilidade sobre a saúde dos consumidores?

Acredito sim que hoje as empresas possuam uma responsabilidade maior sobre a saúde dos consumidores. Com o avanço da informação, fiscalização das agências regulatórias, a cobrança maior da sociedade por um ambiente mais saudável, as empresas estão agindo de maneira mais responsável.

8. Por fim, como você vê o futuro da alimentação no Brasil diante dessas transformações? Estamos no caminho certo?

Estamos no caminho certo com os avanços que tivemos até o momento, porém não podemos parar. O caminho ainda é longo e precisa do envolvimento de órgão públicos, empresas privadas, educação continuada e acesso facilitado para que todos possam usufruir de uma alimentação de maior qualidade.

A eliminação da gordura trans e a maior clareza nos rótulos representam avanços significativos na promoção da saúde coletiva. Mais do que proibir ingredientes ou rotular produtos, essas medidas fazem parte de uma nova cultura alimentar que busca empoderar o consumidor com informação e transparência.

Com a ajuda de profissionais como a nutricionista Simone Clivelaro, o Espaço Viver Bem segue como aliado fundamental na orientação e educação nutricional da população, ajudando cada pessoa a fazer escolhas mais conscientes, equilibradas e, acima de tudo, saudáveis.

 
 
 

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