No primeiro episódio do programa "No Limite",da TV Globo, a empresária Amanda Momente, de 34 anos, ex-moradora de Marília protagonizou um momento, segundo ela, de “preconceito contra corpos gordos”, quando não foi escolhida por nenhuma das equipes durante a divisão de tribos. Ela chorou após sobrar nas escolhas.
Em meio a um reality show que conta com provas de resistências física e psicológica, o sobrepeso da participante deu luz à discussão sobre gordofobia.
Na primeira prova, chamada de desafio do privilégio e destinada a dar o melhor local de acampamento e mais comida à equipe vencedora, a "Jenipapo" venceu a equipe "Urucum".
Foi aí que eles tiveram de decidir o que fazer com Amanda, que estava sobrando em meio aos 15 participantes que iniciaram o programa. A partir de então, ela foi incorporada ao grupo.
“Eu me senti alvo, as pessoas me tratavam como se eu fosse uma 'coitadinha'. Como se eu realmente não fosse significar nada lá, como se eu fosse um elo fraco e isso só por causa do meu corpo. Eles me subestimam por causa do corpo”, relatou ao g1 a participante.
O fato suscitou discussões sobre gordofobia nas redes sociais. No entanto, Amanda afirma que o desafio de subverter a lógica de que pessoas gordas não podem ser atléticas é parte de sua trajetória na vida e espera inspirar mais pessoas como ela com a sua participação no programa.
“Quando aceitamos um desafio como esse, a gente aceita representar a comunidade, porque eu sou uma mulher gorda. Então, poder tá lá, na TV, mostrando que um corpo pode ocupar todos os espaços, com certeza é incrível, é uma honra poder representar minha comunidade, das pessoas entenderem os espaços também são nossos”, declara.
A empresária é dona de uma marca de roupas criada exclusivamente para dar conforto e segurança às pessoas gordas que buscam fazer exercícios físicos de alta performance. O projeto nasceu justamente de uma dor própria, quando decidiu iniciar atividade física.
“Quando voltei a fazer atividade física e alguns personal trainers não aceitaram me acompanhar, porque diziam que se ‘queimariam’. O personal que me aceitou (...) eu até falei para ele na época que queria uma roupa para treinar, mas não existia. Então fundei a minha marca”, relembra.
Uma das peças criadas pela marca ganhou, inclusive, um prêmio da Associação Brasileira da Indústria do Esporte (Abriesp).
No jogo, superada a decepção inicial, Amanda vem chamando a atenção pelo seu posicionamento. No último programa, ela protagonizou uma ríspida discussão com a lutadora Simoni, também do seu grupo, que acabou sendo eliminada do programa ao final do episódio.
“O pessoal vem comentando que eu estou sendo uma pessoa bem polêmica, mas é preciso que elas entendam que é realmente um jogo e é muito difícil. Muito mais difícil do que já parece ser. A gente tenta criar a nossa própria história ali. e vai pelos caminhos onde você acredita que não vai ser alvo no futuro. E no meio disso tudo, tem as provas”, comenta.
A 4ª edição do programa, com episódios inéditos toda quinta-feira, foi gravada dentro da floresta Amazônica, uma experiência que Amanda considera como “única”.
“Foi a minha primeira vez na região, então eu estava muito ansiosa para sentir a energia da amazônia, e é um lugar mágico realmente. Eles tratam como se fosse uma entidade, como de fato é. É único”, comenta.
Além das provas serem executadas em meio à floresta Amazônica, os participantes enfrentam muita paciência, agilidade e foco para conseguir se manter no programa.
Nos times, há novos e antigos participantes que foram emblemáticos das primeiras edições, além de famosos. Apesar das dificuldades, Amanda recomenda a experiência para quem não tem medo de se desafiar.
“É muito desafiador, e eu recomendo. Mas é aquela história, só indo para entender a dificuldade. Posso falar, falar, mas não dá pra passar a sensação que é estar lá. É uma energia caótica”, finaliza.
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