Uma cena cada dia mais iminente nos predinhos da CDHU na zona sul de Marília
O imbróglio envolvendo as ameaças de desabamento de blocos no conjunto de apartamentos da CDHU na zona sul de Marília ganhou mais dois relevantes capítulos nas últimas 24 horas.
Na manhã de ontem (18), durante a inauguração das obras de duplicação da SP-333 (Marília/Assis), o governador Tarcísio de Freitas anunciou que o Estado deverá demolir os blocos ameaçados e construir novas moradias para os condôminos afetados. Ele sugeriu que a Prefeitura, até a efetivação da promessa, arque com alugueis sociais e realocação dos moradores em situação de risco.
NOVA DECISÃO DO TJ
No meio a tarde, a desembargadora Mônica Serrano, da 7ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, despachou sentença onde manda a Prefeitura desocupar os blocos sob risco de desabamento e realocar os moradores em local seguro até a conclusão das obras de reforma ou construção das habitações, além de custear todas as despesas, pelo tempo que for necessário.
"É necessário dar toda a assistência técnica pública e gratuita para reforma dos blocos ou construção de novos para garantir a segurança dos moradores", citou o despacho.
Mas, como essa decisão do TJ ainda depende de notificação da Prefeitura, que certamente apresentará recurso, muita água ainda vai passar por baixo da ponte... e dos blocos sob risco de desabamentos.
REUNIÃO HOJE NO FÓRUM
Parelamente aos novos capítulos de ontem, o juiz da Vara da Fazenda Pública de Marília, Walmir Idalêncio dos Santos Cruz,havia convocado representantes da Prefeitura e da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) para uma reunião nesta terça-feira (19), no Fórum, para tratar da questão.
O promotor Gustavo Henrique de Andrade Cordeiro, que já decretou a interdição do condomínio, também deverá participar do encontro, hoje.
O objetivo é tratar das ações práticas que estão sendo realizadas, se é que estão, pelos dois órgãos em relação ao grave problema com riscos de desabamentos de blocos do Conjunto Habitacional "Paulo Lúcio Nogueira", os chamados predinhos da CDHU, na zona sul de Marília.
A expectativa é quanto a definição da realocação pela Prefeitura dos moradores em risco.
A situação se agravou nas últimas semanas, principalmente após chuvas e aumentou os danos e nível de desespero dos moradores do local.
A Prefeitura e a CDHU foram notificados este ano sobre o caso, mas virou um jogo de empurra empurra e nada foi feito.
O Município entendeu que os custos dos serviços deveriam ser bancados pela CDHU. E seguiu tudo parado! No ano passado, a Justiça determinou que a Companhia estadual pague pelas reformas.
A Prefeitura até fez um cadastramento dos moradores em risco, mas ficou só no papel. A CDHU alega que entregou o conjunto em 1998 e não tem mais responsabilidade quanto a manutenção dos 44 blocos com 880 apartamentos.
PROBLEMA SE ARRASTA POR 13 ANOS
Os problemas de estrutura no conjunto de apartamentos da CDHU na Zona Sul, começaram em novembro de 2010, quando equipe técnica da CDHU esteve no local para avaliar os riscos das rachaduras que começaram a aparecer em pelo menos três dos 44 blocos de apartamentos.
A companhia culpou os moradores pela situação devido à falta de manutenção e conservação da parte externa dos prédios.
“Compete ao condomínio realizar serviços de recuperação das redes de água, e esgoto. Caso não seja efetuada a manutenção, os problemas poderão se agravar”, dizia a nota da assessoria da CDHU.
O risco já era visível, pois a fundação de um dos prédios já estava exposta e o chão da cobertura que abriga os botijões de gás, sobre a tubulação que leva aos apartamentos, já havia afundado quase 15 centímetros.
Uma cratera com mais de dois metros de diâmetro também havia sido aberta na rua em frente ao bloco D3, o mais prejudicado. Por dentro foi possível observar o oco que se formou sob a área do conjunto habitacional, onde trechos do espaço gramado também começaram a desabar.
Há cerca de três anos começaram efetivamente as ações judiciais sobre os riscos de desabamentos.
Para se ter uma ideia da gravidade, há 19 anos o conjunto da CDHU não tem sequer os laudos de vistorias do Corpo de Bombeiros. Nem extintores de incêndio têm lá.
A CDHU assinou vários TACs (Termos de Ajustes de Condutas) com o Ministério Público, mas não cumpriu nenhum deles.
PROBLEMAS COMEÇARAM EM 2010 E CDHU CULPOU MORADORES
Afundamento de solo em plena rua junto ao conjunto da CDHU
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