Labibi com a mãe, que sobreviveu ao acidente na Argentina
Chef de cozinha, docente de gastronomia, pós-graduada em gestão empresarial e empreendedora, Labibi tinha 39 anos. Era também tutora dos gatos Lakshm e Carla, do coelhinho Christopher e do cão Ravi, mas quem fazia sucesso nas redes era Dom, que tem mais de 13 mil seguidores no Instagram.
Labibi viajava ao lado da mãe, do cachorro Dom e do chihuahua Ravi. Juntos, eles partiram de carro rumo à Argentina e passaram por diversas cidades até chegarem ao destino. Em 2023, ela e os cachorros haviam conhecido o mar em uma viagem até Itanhaém, no litoral de São Paulo.
Com Ravi, Labibi já havia feito viagens até de ônibus, e, depois de tantas experiências positivas, surgiu a vontade de ir além: o plano mais ousado era levar Dom para ver a neve.
Essa ideia já era compartilhada por ela nas redes sociais desde dezembro de 2024, quando escreveu no Instagram: "Vou me dedicar a um plano ousado e incrível, só para ver o Dom na neve, especialmente para ele ter esse prazer".
Labibi atuava com serviços voltados ao cuidado animal e mantinha uma parceria com o Grupo de Apoio, Resgate e Reabilitação Animal (Garra), de Marília. Em nota publicada nas redes, a organização lamentou a perda:
"Nossa história com a Labibi e o Dom começou há muitos anos, e não temos nem como agradecer por tudo que ela fez durante esse tempo, mobilizando as pessoas, ajudando, nos representando… A Labibi é uma em um milhão, uma pessoa rara. Nosso coração está em pedacinhos. Nunca vamos nos esquecer de você, Labibi."
A presidente da Garra, Sheila Girotto Gonçalves, explicou ao g1 que, com o sucesso nas redes sociais, Labibi queria usar sua visibilidade para promover causas ligadas ao bem-estar animal. Ela procurou a ONG para que Dom se tornasse embaixador de projetos sociais:
"Ela era muito ativa na causa animal. Ela é um exemplo de protetor e de dona de pet. Como pessoa, nós tiramos o chapéu. Foi uma grande perda mesmo para a causa animal. Mostrar as ONGs, mostrar a nossa ONG, como ela mostrou para muita gente o trabalho que a gente fazia, a quantidade de animais, o trabalho que a gente tem lá na ONG. Dessa maneira, ela estava ajudando muito a gente, ajudou muito nós naquela época. Ela fazia rifa, ela fazia eventos, todos os eventos ela estava presente. Então, com a parceria do Dom com a gente, ela abriu um leque para o Garra, para que o Garra fosse mais visto, ganhasse mais parceiros para nos ajudar."
Sheila também destacou o engajamento pessoal de Labibi com a causa:
"Ela é maravilhosa, ela não fazia só o nosso, o papel com a nossa ONG, ela fazia com várias pessoas, com vários animais. Ela estava sempre ajudando, sim. Era nossa amiga, a gente participava dos aniversários do Dom e do Ravi."
No post que anunciou sua morte, os comentários refletem o impacto de sua perda:
"Que tristeza! As pessoas que fazem o bem partem desse plano"
"Que notícia triste meu Deus… Que Deus conforte coração da família e que os cachorrinhos fiquem bem amparados"
"Fez uma viagem tão linda com a mãe e os pets, estava feliz realizando um sonho. Difícil aceitar, que Deus cuide da mãezinha, dos familiares, amigos e seus pets"
"Meu Deus que triste, estou chorando aqui. Uma pessoa tão boa não merecia ir embora"
Amiga pessoal de Labibi e atual moderadora do perfil de Dom, Lilian Gallina teve a missão de fazer o post de despedida. Ainda em luto, ela contou que as duas se conheceram em julho de 2019, unidas pelo amor aos animais:
"Eu e a Labibi nos conhecemos no ano de 2019, no mês de julho, acredito, não me lembro a data agora. O Dom tinha quatro meses. A gente teve essa conexão muito forte, porque a gente tem em comum esse amor pelos bichos. Aí a gente começou com essa amizade."
Com o tempo, veio o convite para que Lilian se tornasse madrinha do Dom:
"Eu tenho um grupo de mulheres empreendedoras aqui na cidade e, na época, a gente fazia bastante evento. Ela começou a levar o Dom para passear, para atrair as pessoas. Elas iam para tirar foto com ele. E, em um desses eventos, eu estava com ele no colo, e a mãe dele falou: 'Se vocês não desgrudam, você pode ser madrinha dele, né?'. E aí ficou. Hoje todo mundo me conhece como a Dinda do Dom."
A conexão entre as duas era forte, com conversas diárias desde as primeiras horas do dia:
"A gente se falava praticamente o dia todo. Às vezes, a gente começava a conversar às 6h, 5h. Ela sempre acordou muito cedo, gostava de caminhar de madrugada. Levava o Dom para passear, depois o chihuahua. Era uma pessoa muito ativa e fazia tudo com muito carinho."
Sobre a amizade, Lilian lembra do apoio incondicional:
"Ela era uma pessoa maravilhosa. Sempre me apoiava nas decisões. A gente conversava bastante, uma orientando a outra. A gente dava muitas risadas, se falava no Instagram e no WhatsApp ao mesmo tempo, com conversas diferentes."
E completa: "Como pessoa, era incrível. Dedicada à mãe, à avó, ao irmão também, embora ele não more aqui em Marília. Ela era muito dedicada a tudo que fazia. Era ativa, gostava de se cuidar, era vaidosa, era uma pessoa incrível".
Segundo Lilian, a família está muito abalada e ainda não tem condições de se pronunciar.
Comments