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  • Por Adilson de Lucca

Instalação de mural que teria custado R$ 300 mil na Unesp em Marília gera protestos de acadêmicos e entidade sindical


O mural no campus da Unesp em Marília: gastos geram protestos de estudantes

Acadêmicos da Unesp em Marília estão indignados e protestando contra gastos, segundo eles, de R$ 300 mil pela diretoria da Instituição com a instalação de um mural junto à biblioteca no prédio. O trabalho foi realizado pelo artista Eduardo Kobra, conhecido pelo gênero na capital paulista.

"O controverso mural, que causou indignação à comunidade acadêmica por não ter sido discutido nas instâncias da Faculdade, foi realizado pelo famoso artista Kobra, conhecido como o Romero Britto dos grafites.

O valor do mural custou aos cofre públicos quase 10% do orçamento anual da Faculdade, que tem há anos outras necessidades. O restaurante universitário necessita de ampliação e melhorias no fornecimento de refeições, não há lanchonete no campus, não há ar condicionado em inúmeras salas, falta água frequentemente, há falta de bolsas de permanência aos estudantes, entre outros problemas", cita nota encaminhada pelos acadêmicos ao JORNAL DO POVO.

"Professores, através da Adunesp (entidade sindical) e estudantes emitiram notas de repúdio diante das necessidades prementes e pela falta de diálogo da direção, uma marca da gestão da direto profa. Dra. Cláudia Mosca. Ela, por sua vez, afirma que o mural, intitulado “Inclusão, Diversidade e Literatura: um encontro necessário”, irá atrair os olhares da cidade e tornará a unidade um ponto de visitação", acrescenta a nota.

Os alunos citam que "o mural é fruto de um projeto de uma orientanda da profa. Cláudia Mosca e autorizado pela vice-diretora profa. Dra. Ana Cláudia Cardoso, para que não houvesse conflito de interesses com a própria diretora assinando a autorização".

Há informação, não confirmada, sobre realização de um ato nesta segunda-feira (1°) no campus da Unesp em Marília para inauguração do mural, com distribuição gratuita de churros, pipoca e algodão doce.

Os acadêmicos da Unesp Marília também  apontaram em Boletim Informativo "aberração: com uma guarda terceirizada, trajada como um GOE (Grupo de Operações Especiais), munida de coletes à prova de balas e cassetetes".

OUTRO LADO

O JORNAL DO POVO tentou contato telefônico várias vezes nesta segunda-feira com a diretoria da Unesp em Marília. Todas as ligações caíram no curso do encaminhamento eletrônico. Foi encaminhada demanda no site ("Fale Conosco"), sobre confirmação de valores e outros aspectos do projeto. O espaço segue aberto para manifestações.

MANIFESTAÇÃO

­Boletim Informativo 01/2024

EM DEFESA DA UNESP/MARÍLIA

"O espectro da privatização tomou conta Unesp Marília. Se dípteros como o aedes aegypt estão espalhando a dengue em Marília, outro, na Unesp, com sua sanha pelo sangue da coisa pública, privatiza muros, restaurante universitário, ignora instâncias decisórias coletivas, sufoca, com suas asas putrefatas, qualquer espaço democrático e deposita seus ovos em cargos estratégicos, quiçá tendo em vista as eleições que ocorrerão este ano.

Desde o retorno às aulas após a Pandemia, discentes, docentes e funcionários verificam a compra de televisores, pintura de prédios, reformas inócuas (como a construção de passarelas que se tornam aquedutos em época de chuvas), terceirizações suspeitas e que desrespeitam e maltratam trabalhadores, como o caso das faxineiras.

Tudo isso a despeito de carências reais, como contratações de professores substitutos ao invés de efetivos, salas de aula apropriadas às necessidades de alunos e professores, condições adequadas de permanência, alimentação pertinente às demandas do campus (RU para todos e lanchonete para convivência).

O mais recente tapa na cara da comunidade Unesp/Marília foi a decisão, mais uma vez autocrática, de instalar um mural, cujo valor é de R$ 300.000,00 e obrigou o fechamento da biblioteca no início das aulas.

Sem consultar nenhuma instância do campus – sequer os professores souberam desta aberração –, decidiu-se monocraticamente gastar um valor que representa quase 10% do orçamento anual do campus.

Ao mesmo tempo, alunos são investigados pela mesma prática, pintar muros, e correm risco de serem suspensos ou expulsos da universidade.

Ao retornarmos às aulas, nos deparamos com outra aberração: uma guarda terceirizada, trajada como um GOE (Grupo de Operações Especiais), munida de coletes à prova de balas e cassetetes.

Diversas questões se impõem: a quem interessam estas obras? Por que as instâncias não são consultadas? Até onde irão essas práticas antidemocráticas? Há interesses eleitorais nessas atitudes? Até quando se irá amparar no uso jurídico para esmagar vozes dissonantes e interesses divergentes para se implantar uma politica obscura, privatista e antidemocrática?

Assim, os Centros Acadêmicos e o corpo discente estão se organizando para recolher informações, articular com as categorias dos docentes e funcionários e criar um movimento unitário, fortalecido, para pressionar a Direção da unidade para que as relações e decisões sejam claras como Sol, as categorias respeitadas como merecem e a democracia seja instaurada.

Não aceitemos uma Unesp privada. Privada de convivência, de qualidade, de estrutura, de democracia. Instauremos entre nós, estudantes, o diálogo, público e democrático, como resposta ao privatismo e à autocracia. Vamos nos organizar, planejar um calendário de lutas e enfrentar os desmandos da Direção.

Todos juntos à luta!".

NOTA DA ADUNESP E CENTROS ACADÊMICOS

"Tendo em vista as inúmeras demandas urgentes existentes na UNESP do Campus de Marília — como a carência de bolsas de estudo para estudantes de graduação, banheiros fechados na entrada do prédio dificultando a acessibilidade de cadeirantes, sistemas de ventilação carentes de reparos, necessidade de ampliação do atendimento do restaurante universitário, ausência de uma cantina, de iluminação adequada, negligência com o abastecimento da seção técnica de saúde, trabalhadores terceirizados sem o devido pagamento e a necessidade de reforma da quadra esportiva —, foi com enorme perplexidade que recebemos a notícia acerca da destinação por parte da Reitoria da UNESP de um montante de R$300.000,00 (trezentos mil reais), atendendo a uma solicitação da direção da unidade, para pintura de um mural na biblioteca pelo pintor muralista Eduardo Kobra. Também estarrecedor é o fato de a direção designar vigilância de 24h do referido painel, desviando e sobrecarregando os trabalhadores do setor!

Em que pese o prestígio internacional do artista contratado, entendemos que as condições adequadas para a realização das atividades acadêmicas, que deveriam ser tratadas como prioridades, estão longe de serem satisfatórias e não podem ficar em segundo plano, sobretudo quando se trata da aplicação de um recurso público escasso. A direção vem demonstrando enorme descaso com as necessidades da faculdade em prol de gastos desnecessários, tal fato salta os olhos quando consideramos que a biblioteca esteve fechada durante a maior parte do primeiro mês letivo, impossibilitando que estudantes tenham acesso ao acervo e a um ambiente de estudos adequado.

Neste sentido, a diretoria da Adunesp e representantes do movimento estudantil local vêm à público para denunciar tal medida decidida unilateralmente pela direção, exigindo revisão da decisão tomada, sem qualquer consulta à comunidade".

Marília 19 de março de 2024.

Ass: Luiza Coppieters

Unesp: Estudantil da UNESP de Marília

Atenciosamente,

Diretoria da Adunesp Subseção Sindical de Marília

Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACS)

Centro Acadêmico de Filosofia (CAFIL)

Centro Acadêmico de Relações Internacionais (CARI)

Centro Acadêmico de Terapia Ocupacional (CATO)




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