Acontece nesta terça-feira (7), no Tribunal do Júri do Fórum de Marília, o julgamento de Everton Pereira de Godoy, 40 anos, acusado de assassinar com golpes de enxada a monitora Simone Vieira da Costa, de 52 anos.
O crime ocorreu na noite de 27 de dezembro de 2022, em uma clínica de recuperação de dependentes químicos localizada nas margens da rodovia Dona Leonor Mendes de Barros (SP-333), próximo ao Country Clube.
Simone, que fundou em 2015 a Comunidade Terapêutica Estância Peniel (que em hebraico significa a face de Deus), foi chamar a atenção do indivíduo pela quantidade de água utilizada para regar as plantas. O acusado pegou uma enxada e, quando a vítima estava distraída, foi atingida com vários golpes de enxada no pescoço e no rosto e morreu no local.
Quando a Polícia chegou no local, o homem estava ao lado do corpo, com a enxada, falava coisas desconexas e aparentava estar em surto psicótico.
Godoy, que está preso, foi indiciado pelo crime de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e com recurso que dificultou a defesa da vítima). Se condenado, ele pode pegar uma pena de até 30 anos de prisão em regime fechado.
"ACREDITAVA NAS PESSOAS"
A voluntária Mônica Casagrande Neto, de 46 anos, que ajudava Simone na entidade, disse ao JORNAL DO POVO que a amiga vinha sendo alertada sobre o comportamento psicótico de Everton.
"Ele falava o tempo sozinho, tinha umas conversas desencontradas", relatou. O alerta foi confirmado por duas irmãs de Simone que estavam no velório. "A gente alertava, mas a Simone dizia que confiava em Jesus e que tinha fé que o Everton iria se recuperar. Ela se dedicava inteiramente à obra social e acreditava nas pessoas", disse a irmã, Sueli.
Mônica afirmou que quinze dias antes do crime houve mudança no regimento interno da Comunidade Terapêutica e dos cerca de quinze internos, apenas quatro permaneceram na chácara.
"Não havia muita disciplina em termos de entrada e saída, por exemplo e isso foi regulamentado", lembrou.
Sobre Everton, acrescentou que ele xingava, falava palavrões, mas nunca chegou a agredir fisicamente a Simone. Mas, ela estava exposta, vulnerável. Esse interno foi o primeiro que ela acolheu em uma clínica que ela tinha em outro endereço, então ela confiava que ele acalmaria. Mas, pelo que o médico havia dito, ele tinha sinais de esquizofrenia. Tinham restrições e regras a serem cumpridas no local e isso não agrada a todos. É um trabalho difícil, que requer disposição, e isso ela tinha".
A voluntária disse que Simone morava no local e no começo da noite no dia do crime ligou para ela para saber se estava tudo bem. "Ela disse que sim, que estava tudo em paz. Com mais serviço por causa das mudanças, mas estava tudo bem. Ainda é difícil acreditar que aconteceu isso, porque a Simone era uma pessoa extremamente amável, dedicada e atenciosa. Ela lutava pelo bem-estar dos recuperandos e compartilhava do sofrimento deles, dando todo apoio possível, principalmente espiritual. Simone deixou uma filha de 22 anos.
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