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  • Por Adilson de Lucca

Justiça condena ex-detento que morava em capela, esfaqueou servidor e quebrou imagens no Cemitério


O desocupado e ex-presidiário, Odair José de Lima Júnior, de 27 anos, que causou tumulto no Cemitério da Saudade em Marilia, esfaqueou um servidor municipal da Emdurb e quebrou imagens sacras no local, foi condenado a 4 meses e 2 dias de detenção, em regime semiaberto.

A decisão é da juíza Josiane Patrícia Cabrini Martins Machado, da 1ª Vara Criminal do Fórum de Marília. O réu poderá recorrer, mas não em liberdade. Ele está preso desde o dia do crime, 8 de maio deste ano.

O acusado havia quebrado o cadeado e invadido uma capela no Cemitério, onde pernoitava. No local havia velas vermelhas e réplica de um crânio humano, usados em ritual de magia negra.

Odair agrediu um servidor com tijolada na cabeça e outro com golpes de um estilete que ele pegou no necrotério do Cemitério. O instrumento era usado para cortar cadáveres em necropsia.

O servidor atingido com dois golpes (pescoço e perna), foi socorrido pelo SAMU ao Pronto Socorro do Hospital das Clínicas de Marília, onde ouviu do médico que o atendeu que "teve sorte", pois os golpes atingiram regiões vitais. Também tomou coquetéis de remédios por quase um mês para evitar contaminação por doenças graves. Fez exames em seguida, que deram negativos.

O CASO

Odair José, por volta das 15h do dia 8 de maio, atacou uma equipe de servidores da Empresa Municipal de Mobilidade Urbana (Emdurb), que fazia a manutenção no local, atirando tijolos e atingindo um deles com golpes de faca.

A vítima foi socorrida pelo SAMU e levada para o Hospital das Clínicas, sem risco de morte. O agressor foi preso em flagrante pela Polícia Militar.

AÇÃO JUDICIAL O réu foi incurso nos artigos 129, caput (por duas vezes), 147, 163, parágrafo único, inciso III e 208, todos do Código Penal, na forma do artigo 69, do mesmo diploma legal, porque ameaçou, por palavras, causar mal injusto e grave à vítima F.O.S, servidora municipal.

Também causou lesões nos servidores J.S.C e A.P.C, além de causar danos no patrimônio público e vilipendiar objeto de culto religioso.

A vítima F.O.S declarou que é funcionária da Emdurb, exercendo suas funções junto ao “Cemitério da Saudade” e desde a quinta-feira anterior aos fatos, o acusado pernoitava no cemitério sem permissão, tendo invadido uma capela e que por lá dormia, embora já tivesse sido advertido por diversas vezes.

No dia 9 de maio, por volta das 14h, soube que o acusado agrediu fisicamente alguns servidores.

Na mesma data, após tomar conhecimento do ocorrido, a vítima se dirigiu ao lugar em que habitualmente se achava Odair e o observou ser contido por outros funcionários do cemitério até a chegada da Polícia. Revelou que, no dia anterior, o réu ameaçou-a de morte, anunciando que lhe daria um tiro e, na quinta-feira, a assediou, insinuando que ele saiu da cadeia e queria uma mulher. Por fim, disse que o acusado importunou demais mulheres (visitantes do cemitério) com palavras semelhantes. Salientou que o acusado tentou agarrá-la chamando-a de “gostosa”, correu atrás dela e a ameaçou, dizendo que “iria estourar sua cabeça com um tiro”.

Explicou que, no dia seguinte, se encontrava em outra parte do cemitério quando soube que Odair investiu contra o servidor J.S.C, arremessando um tijolo na cabeça da vítima. Em razão disso, outras pessoas perseguiram-no e o tentaram deter. Confirmou que Odair destruiu várias imagens sacras e outros objetos deixados no “cruzeiro”.

J.S.C, afirmou que é funcionário da Emdurb e desempenha suas funções junto ao cemitério municipal de Marília. Relatou que o réu pernoitava no local há alguns dias, dizendo nunca ter experimentado qualquer problema com ele, sem que soubesse informar o seu nome nem que tivessem conversado antes e, na data dos fatos, por volta das 14h, a vítima trabalhava quando viu Odair espalhar alguns entulhos e blocos pela rua. Questionado, o réu respondeu que a limpeza caberia ao servidor, já que este era o seu trabalho.

Dessa forma, a vítima nada mais disse, apenas desceu do veículo e iniciou a juntada dos entulhos, momento em que sentiu um golpe na região da cabeça, provocado por um pedaço de bloco arremessado pelo réu. Em seguida, ele evadiu-se, enquanto a vítima caiu. Contou, ainda, que Odair quebrou e causou desordem no local, além de ter danificado o “cruzeiro”, esparramando lixo por todo o espaço.

Posteriormente, soube que outro rapaz (funcionário terceirizado do cemitério) também fora vítima do réu, sendo certo que ele foi agredido com golpes de bisturi (instrumento utilizado pelo IML em necropsias realizadas no cemitério), bem como o acusado ameaçou uma servidora. Odair já vinha danificando os objetos do cemitério. O problema se tornou maior quando o acusado passou a perseguir várias mulheres pelo local.

A vítima A.P.C, esclareceu trabalhar para uma empresa terceirizada que presta serviços à Emdurb. Informou que costuma atuar em diferentes pontos da cidade e, no dia dos fatos, seus serviços foram requisitados no cemitério municipal, eis que quebraram algumas coisas pelo local que precisavam de conserto. Explicou que não raramente deslocava-se até o cemitério para fazer a manutenção.

Naquela ocasião, o acusado partiu em sua direção com o ânimo bastante alterado, porém, tentou dialogar e buscou acalmá-lo, momento em que Odair sacou um estilete do bolso e desferiu um golpe na vítima, ferindo o seu pescoço. De pronto, A. empurrou o réu, o que fez com que ele caísse no chão, a tempo de dar um novo golpe com o estilete na perna da vítima. Após, o réu tentou empreender fuga por entre os túmulos, mas caiu e foi contido.

A. contou que foi socorrido pelo SAMU e levado ao Hospital das Clínicas.

Revelou ser o único que detinha coragem para limpar a capela em que o réu estava instalado, onde havia velas vermelhas de "magia negra", a réplica de um crânio e diversos objetos usados em rituais.

Também informou que o acusado evacuava em um pote e armazenava os dejetos em um balde, dentro do jazigo. Aos visitantes, o réu dizia-se funcionário do cemitério e lhes pedia dinheiro.

DEFESA

O acusado, em seu interrogatório judicial, negou os delitos. Declarou não ter praticado nenhum dos crimes que lhe foram imputados, justificando que as vítimas não relataram a verdade. Aduziu que os servidores o perseguiram com a intenção de agredi-lo.




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