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  • Por Adilson de Lucca

Ladrão que fugiu sem levar nada de loja no centro "porque as vítimas eram crentes" é condenado


Um rapaz que tentou roubar uma loja de artigos evangélicos localizada no centro de Marília foi condenado a cumprir um mês e 20 dias de detenção em regime aberto. A decisão é do juiz Fabiano da Silva Moreno, da 3ª Vara Criminal do Fórum de Marília e cabe recurso.

O CASO

Conforme os autos, Emerson da Silva Moreno Molina, no dia 13 de julho de 2022, por volta das 13h30, na Rua Nove de Julho, mediante grave ameaça, exercida com o emprego de simulacro de pistola, tentou roubar dinheiro do caixa do estabelecimento comercial "Livraria Manah Books" e os celulares de duas funcionárias da loja. No dia dos fatos, o indivíduo ingressou no estabelecimento comercial duas vezes e comentou que estava esperando pela esposa.

Posteriormente se dirigiu até o caixa e anunciou o roubo, levantando a camisa e fazendo menção de sacar a arma que estava na cintura, mandando as funcionárias entregar todo o dinheiro que estava no caixa e seus aparelhos celulares.

Em reação, as vítimas começaram a gritar e o meliante se evadiu do local, sem conseguir levar nada. Ele foi reconhecido pelas vítimas após ser preso. O simulacro foi apreendido e a perícia constatou que se trata de arma de pressão tipo “airsoft spring”,

A vítima A. declarou que estava na loja, sozinha, quando o acusado chegou perguntando de alguns livros, dizendo que precisava dar de presente. Começou a mostrar alguns livros para ele, e ele foi dizendo nomes e pedindo para embalar para presente. Em seguida, ele saiu, dizendo que ia atrás dela. Em seguida, chegou a outra funcionária, P., e a questionou sobre os livros. Então disse a ela que era para um senhor, que já voltaria, que tinha ido procurar sua esposa.

O rapaz retornou, conversou bastante tempo com P., disse que tinha um bebê, que estava com sua esposa, que iria atrás dela para comprarem roupas para o bebê, por isso vieram ao centro. Patrícia indicou umas lojas para ele, e ele disse “nossa, ela está demorando muito, vou ver onde ela está”, e foi atrás dela de novo, saiu da loja. Quando ele retornou, as funcionárias estavam no caixa, terminando de passar a compra dele.

Ele entrou dizendo que era para passar tudo que estava no balcão, celular, dinheiro. Levantou a camiseta, mostrou a arma. Patrícia respondeu, dizendo que não ia passar nada. Ele pediu o dinheiro do caixa e os celulares, lá na loja tinham uns três ou quatro celulares. Não deram nenhum celular a ele, nem dinheiro.

P. disse que não iria dar nada para ele, que não passaria nada. O ladrão insistiu, mas ela disse que não iria dar nada. “Eu não vou te passar nada, em nome de Jesus!”, disse.

Então ele foi embora, mas antes, parou no meio da loja e disse que não faria nada com elas porque eram crentes e saiu correndo, sem levar nada.

Um dia após os fatos, policiais militares obtiveram a informação de que um indivíduo foi preso em flagrante por tentativa de roubo e o autor possuía as mesmas características da tentativa de roubo na loja de artigos evangélicos.

DEFESA

O acusado foi interrogado na Delegacia de Investigações Gerais (DIG), e afirmou que foi o autor da tentativa de roubo. Posteriormente, as vítimas compareceram na Delegacia e o reconheceram, sem sombra de dúvidas. Foi apreendido um simulacro de uma pistola cor preta.

Disse que precisava sair com urgência de Marília. Estava em uma favela aqui pois é “corrido” da favela onde mora, em Araras. Tem uma guerra com facção criminosa, então saiu de lá e veio para Marília. Em Marília, teve um reconhecimento por alguns presos com quem “tirou cadeia” uns anos atrás. Eles queriam levá-lo “para umas ideias”, mas “saiu fora” e encostou em outra pessoa, em uma biqueira, e pediu ajuda, pois precisava de dinheiro. Disse que não tinha dinheiro, mas tinha uma arma de brinquedo. Pegou a arma e foi para o centro, desnorteado, com medo de ser encontrado. Conversou com a moça na livraria, disse que tinha esposa, que estava a esperando. Saiu e voltou depois de cinco minutos. Pediu livros, disse que era para presente. Nesse tempo, chegou outra moça. Olhou para ela, colocou a mão na cintura e disse que era um assalto. Ela falou “pelo amor de Deus”, por três vezes. Disse que queria dinheiro e ela disse que não tinha, “pelo amor de Deus”. Então disse que tudo bem, que não precisava gritar, e saiu. Quando estava saindo, na metade do caminho, olhou para ela e disse “não vou levar nada porque vocês são evangélicas e minha família é evangélica” e pediu que não chamassem a polícia. Saiu e desceu dois quarteirões. Parou no Bom Prato, comeu, mas precisava arrumar o dinheiro. Do lado de baixo, tinha uma loja de cosméticos. Precisa de R$ 100,00. Nesse, a moça gritou. Saiu correndo, não levou nada. Foi preso e com o mesmo simulacro. Só ergueu a camiseta, ela não viu, por isso está achando que era prata. Confirmou que o simulacro era esse. É arma de brinquedo. Na livraria, ela não gritou, não disparou alarme. Não tem problema com drogas. Tem problema com facção criminosa. Precisava de dinheiro para voltar para sua cidade. Estava em liberdade há 7 meses, estava de livramento condicional. Ia para sua cidade só para assinar e retornava, por medo de o pegarem em sua cidade. Mas como já “tirou cadeia” em Álvaro de Carvalho, um preso, que estava na rua, o reconheceu e passou para o PCC que estava lá. O que fez deixar os objetos e ir embora foi ela ter dito “pelo amor de Deus, não tem nada” por três vezes, e viu no olhar dela que ela era evangélica. Viu que não tinha nada. Ninguém entrou, não teve polícia, alarme, populares. Ninguém gritou. Só a moça do caixa que falou “pelo amor de Deus, não tem nada” por três vezes.

Após a sentença, o juiz determinou a expedição do alvará de soltura do acusado, que estava preso preventivamente desde o dia seguinte ao crime.


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