Faleceu na madrugada deste sábado (8), Carlos Bulho da Fonseca, 75 anos, o Carlão, treinador das categorias de base do MAC. Ele foi encontrado morto no alojamento onde morava há mais de 43 anos, no Estádio Municipal. A perícia apontou causas naturais. O corpo estará no Velório Municipal e o sepultamento marcado para as 10h deste domingo. Uma irmã de Carlão deverá decidir sobre os procedimentos.
"Carlão, gente boa, com aquele jeitão maroto dele", definiu Guilherme Dias Sorriso, supervisor do Marília Atlético Clube, ao JORNAL DO POVO.
Ele era natural de Herculândia, chegou em Marília em 1968 e se aposentou como treinador em 2015. Também morou em Tupã e Garça, onde era médio volante do Ipiranga e do Paulistinha (clubes amadores do município).
Em Marília, Carlão trabalhou na antiga Telesp como serviço gerais e depois em uma indústria de calçados.
Em um dos últimos empregos, acabou recebendo de acerto um jogo de camisas de futebol e resolveu montar uma equipe: o Paulista do Morro, ficando pouco mais de um ano no comando técnico. Sua ida ao MAC aconteceu em 1978 por convite do técnico Antônio Maria Pupo Gimenes, o “Cocó”, que era o treinador da base maqueana.
“Fui chamado porque meu time (Clube Atlético Independente) venceu o Maquinho na final de uma competição organizada por Osmar Santos (locutor). Naquela época era quase impossível ganhar da base do Marília em qualquer categoria. Meu time conseguiu a vitória por 1 a 0 com gol de Dorival Junior (atual técnico do Athletico-PR). Nessa minha equipe jogavam: Dorival, o irmão dele, Luiz Andrade e Sérgio Néri (ambos goleiros). Pupo Gimenes e Leandro Presumido (diretor da base do MAC) me convidaram e eu aceitei trabalhar no clube”, recordou Carlão, em entrevista ao repórter Nelson Júnior. Na época o Alviceleste era dirigido pelo presidente Pedro Pavão.
Carlos Bulho Fonseca foi responsável pela formação de grandes atletas no Marília, que ganharam destaque no futebol brasileiro. Alguns dos lembrados pelo ex-treinador foram: volante Bernardo (São Paulo), zagueiro Márcio Rossini (Santos), Dorival Junior (Guarani), Sérgio Néri (Guarani), atacante Raudinei (Porto-POR) e centroavante Guilherme (São Paulo).
Perguntado qual foi sua maior revelação, o ex-treinador preferiu não dizer. Na base, Carlão conquistou vários títulos de Jogos Regionais e um dos Jogos Abertos.
“Era para ter sido dois títulos dos Abertos, mas um eu perdi na moeda. Não me lembro o ano, mas em uma edição em Santo André, nós e o Rio Branco terminamos empatados em todos os critérios e a decisão de quem ficava com o título foi decidida na moeda e eu acabei perdendo”, frisou.
Além de ter comandado todas as categorias de base do Marília, Carlão foi auxiliar-técnico do profissional em várias oportunidades, mas nunca treinou o time principal.
“Nunca recebi o convite de nenhum dirigente para dirigir o profissional, porque eu sempre deixei bem claro que eu não queria”, destacou. Carlão também foi o auxiliar de Walter Zaparoli na conquista do Maquinho da Taça São Paulo Junior de 1979. “Eu fazia parte da comissão técnica, mas não cheguei a viajar para São Paulo”, mencionou.
Seleção do MAC
Parte da história do Marília Atlético Clube, Carlão viu grandes times, jogos e jogadores do Alviceleste, além de adversários atuarem no Abreuzão. O ex-treinador da base montou sua seleção profissional do clube de todos os tempos com: Zecão; Valdirzinho, Tinho, Henrique Pereira e Mineiro; Helinho, Rui Lima e Roberto Pinto; Jorginho, Caldeira e Itamar. Técnico: Wilson Francisco Alves, o “Capão”.
Carlão só não quis dizer quem foi o melhor jogador da história maqueana, mas elegeu o melhor atleta adversário que viu jogar no Bento de Abreu: uruguaio Pedro Rocha, do São Paulo.
Afirmou que o melhor time do MAC de todos os tempos foi o que disputou o Paulistão de 1993.
“Por incrível que pareça essa equipe caiu, apesar de eu considera-la a melhor. Nessa época, o clube era comandado pelo Fausto Jorge (empresário) e que trouxe vários atletas de grandes clubes. Me lembro que veio do Nei Bala, o Paulo César e o Mona, todos do São Paulo, mas infelizmente esse time não deu ‘liga’. Uma pena mesmo”, lamentou.
Um jogo de que nunca esquece aconteceu pelo Paulistão de 1979, no Abreuzão, no dia 24 de fevereiro. Marília e Ponte Preta empataram em 4 a 4. O MAC chegou a estar vencendo por 4 a 2 até os 37 minutos do segundo tempo, mas levou o empate aos 37 (com Osvaldo) e aos 45 (com Wilsinho). Nesta partida, Jorginho Putinati marcou duas vezes. Serginho e Ferreira anotaram os outros dois.
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