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Adilson de Lucca

Morreu Zagallo. Treze letras


Mário Jorge Lobo Zagallo, 92 anos, que faleceu na madrugada deste sábado (6), tinha obsessão pelo número 13 e as famosas frases com 13 letras. Tal qual o título desta matéria.

O corpo dele, lenda do futebol brasileiro, será sepultado neste domingo (7), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, às 16h.

O multicampeão também terá uma despedida aberta ao público a partir das 9h30 deste domingo na sede da CBF, na Avenida Luís Carlos Prestes, 130, na Barra da Tijuca, Zona Oeste.Zagallo morreu nessa sexta-feira (5/1), aos 92 anos.

O sentimento de luto geral foi registrado em homenagens e mensagens de despedida publicadas nas redes sociais de clubes e entidades. Foram quase seis décadas de dedicação total ao esporte mais popular do mundo.

Zagallo e o número 13

A responsável pela obsessão do ex-treinador com o 13 tem nome: Alcina de Castro Zagallo. Viúvo desde 2012, Zagallo foi casado por 57 anos e teve quatro filhos com a ex-professora. A fé católica da esposa é que deu origem à ligação com o número.

Alcina era devota de Santo Antônio, cuja data celebrativa é 13 de junho, o mesmo dia em que se casou com Zagallo em janeiro de 1955. A partir daí, o número do padroeiro dos casamentos se tornou também um marco da carreira do Velho Lobo.

Seja como jogador ou técnico, o 13 estava lá. Zagallo fazia contas com palavras e frases, estampava o símbolo nas camisas que vestia e buscavas ligações que poderiam até parecer improváveis. Mas sempre havia um jeito de traçar um paralelo e buscar a “sorte”.

Apartamento? No 13º andar. Números da placa do carro? 1313. ‘Brasil campeão’? 13 letras. Se tinha Zagallo na jogada, também tinha o número 13 em algum lugar. Assim se construiu a trajetória do maior vencedor da história da Seleção Brasileira.

“O 13 não é superstição, o 13 é santo Antônio, fui influenciado pela minha mulher. A própria imprensa fez com que o 13 voasse mais alto, e o 13 ficou do meu lado, como fé e como número da sorte”, disse o multicampeão em uma de suas passagens mais memoráveis.

A CBF prestou solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol”, declarou Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação.

Os clubes em que Zagallo atuou também comentaram seu falecimento. “O Botafogo lamenta a partida de um dos seus maiores ídolos, campeão como jogador e treinador, com um currículo vitorioso e notável no esporte, uma verdadeira lenda do futebol brasileiro. Desejamos força aos familiares, amigos e fãs.”

Em sua conta oficial no X, antigo Twitter, o Flamengo informou: “Nos deixou um herói que moldou a história do futebol brasileiro. Mario Jorge Lobo Zagallo entra para a eternidade como um revolucionário, um pilar histórico do esporte. (…) O esporte brasileiro tem no tetracampeão mundial Zagallo um pioneiro e um recordista. O Flamengo tem em Zagallo um ídolo histórico. Obrigado por tanto, Velho Lobo!”

Início de carreira

Mário Jorge Lobo Zagallo nasceu em 9 de agosto de 1931 no município alagoano de Atalaia, mas sua família se mudou para o Rio de Janeiro antes de ele completar um ano de idade.

O pai, Aroldo, era empresário. Possuía uma tecelagem e já havia jogado futebol profissionalmente, pelo time alagoano CRB. Aroldo desejava que o filho estudasse contabilidade. Porém, foi convencido por Fernando, irmão de Mário, a deixar o garoto jogar bola.

A família morava na Tijuca, zona norte do Rio. Zagallo passou pela peneira da equipe infantil do América (seu time por toda a vida), e mais tarde foi aceito na equipe juvenil. Em 1949, aos 18 anos, obteve seu primeiro título, o Campeonato de Amadores do Rio e integrou a equipe do América que ganhou o Torneio Início do Campeonato Carioca.

Zagallo passou a jogar profissionalmente em 1950, após deixar o Exército. Seu primeiro contrato foi com o Flamengo, onde permaneceria até 1958. Saiu do clube e assinou contrato com o Botafogo, onde permaneceria até 1965, quando encerrou sua carreira como jogador profissional.

Ele se aposentou como jogador em 1966 e em seguida foi contratado pelo Botafogo para treinar a equipe juvenil. Em quatro décadas de carreira ele treinou os principais times cariocas, incluindo o Bangu. Sua única passagem por São Paulo foi pela inexpressiva Portuguesa, além de ter sido técnico das seleções da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes e do Kwait.

Seleção brasileira

Em 1950, como soldado da Polícia do Exército, Zagallo auxiliou na segurança do Maracanã durante a final entre Brasil e Uruguai, no dia 16 de julho. A Seleção Brasileira jogava pelo empate, marcou o primeiro gol e perdeu o campeonato de virada para o Uruguai. Começava aí sua longa e frequentemente conturbada relação com a Seleção Brasileira.

Zagallo atuou na Seleção entre 1958 e 1964. Participou de duas Copas do Mundo, a de 1958 na Suécia e a de 1962 no Chile, ambas vencidas pelo Brasil. Zagalo foi parte de uma inovação tática que garantiria duas Copas ao Brasil. Sua posição era de ponta esquerda, mas ele recuava para reforçar o meio de campo. Jogador de porte físico médio, ele compensava a falta de massa muscular com velocidade.

Foi técnico ou coordenador da Seleção em três Copas: 1970, 1994 e 1998, e atuou como coordenador entre 2003 e 2006. Em 1994, foi coordenador técnico a convite de Carlos Alberto Parreira. Muito criticado pela imprensa esportiva, o comando da Seleção venceu a Copa disputada nos Estados Unidos. “Vocês vão ter que me engolir!”, disse Zagallo na ocasião, respondendo as críticas. Ao lado do alemão Franz Beckenbauer e do francês Didier Deschamps, ele foi um dos três atletas que venceu Copas do Mundo tanto como jogador quanto como treinador.

Zagallo casou-se com Alcina de Castro em 13 de junho de 1955, dia de Santo Antônio, da qual a noiva era devota. Permaneceram casados por 57 anos, até a morte de Alcina, em novembro de 2012, vítima de complicações respiratórias. Zagallo deixa quatro filhos, além de netos e bisnetos.


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