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Por Adilson de Lucca

MP denuncia Coxinha como autor do atentado a tiros contra Levi Gomes. Caso vai completar um ano


Alessandro Pereira dos Santos, o Coxinha, foi denunciado pelo MP. Ele negou participação no crime

O Ministério Público Estadual denunciou nesta quarta-feira (19), o autônomo Alessandro Pereira dos Santos, o Coxinha, de 50 anos, como autor da tentativa de homicídio em atentado a tiros contra o então secretário municipal da Fazenda, Levi Gomes de Oliveira, 66 anos. A denúncia ocorre uma semana antes do caso completar um ano. O atentado ocorreu no final da madrugada do dia 27 de abril do ano passado, na zona leste de Marília.

O promotor de justiça Rafael Abumjara entendeu que o acusado atuou junto com um outro indivíduo não identificado. A denúncia do MP será analisada pelo juiz Fabiano Moreno da Silva, da 3ª Vara Criminal do Fórum de Marília. Caso acatada, Coxinha poderá ser pronunciado a júri popular.

Em depoimento na Polícia Civil, Coxinha negou participação no crime e afirmou que na hora dos fatos estava em sua casa, na zona oeste de Marília.

Na denúncia, o MP alegou que o acusado "por motivos não esclarecidos, deliberaram ceifar a vida da vítima. Para cumprir o intento homicida, sabedores da rotina de Levi, Alessandro e o comparsa teriam se dirigido até as imediações da residência da vítima em um Honda Fit prata, onde por volta de 4h45 passaram a circular em busca da vítima. Assim, ao avistarem Levi, arrancaram com o veículo em direção à vítima, oportunidade em que Alessandro sacou a arma de fogo, que não foi apreendida, e colhendo a vítima de surpresa, pois desatenta e sem razões próximas ou remotas para esperar tal ataque, teria efetuado três disparos contra a vítima".

Ainda segundo a denúncia do MP, "em seguida, Alessandro e seu comparsa, certos da consumação de seu intento, em razão da queda da vítima ao solo, fugiram então do local, tomando rumo ignorado".

O promotor citou o fato de Levi ter reconhecido na CPJ, "com absoluta certeza e convicção", Coxinha como autor dos disparos. "Desta forma verificou-se que o intento homicida só não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade", mencionou a denúncia.

Levi Gomes, atual chefe de gabinete da Prefeitura de Marília

NOVO DEPOIMENTO

Na semana passada vítima prestou novo depoimento na Polícia Civil, que convocou Levi para nova oitiva por determinação do promotor Rafael Abujamra.

O atual chefe de gabinete da Prefeitura de Marília foi ouvido pelo delegado titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Luis Marcelo Perpétuo Sampaio.

Conforme apurado com exclusividade pelo JORNAL DO POVO, ele ratificou depoimento prestado no dia do atentado, 27 de abril do ano passado. Logo após o ocorrido, por volta das 5h da manhã no Bairro Maria Izabel, zona leste de Marília, Levi declarou a policiais que "quando houve os disparos estava distante do autor cerca de 3 metros e que no horário dos fatos o local estava escuro, mas com iluminação dos postes tanto para ele quanto para o autor dos disparos".

Disse que viu o autor efetuando os disparos bem como o barulho dos mesmos. Relatou que "estava escondido atrás de uma "moitinha" e quando levantou a cabeça para ver o veículo, o autor o visualizou, colocou o braço para fora do carro com a arma em punho e nesse momento ele (Levi) saiu andando abaixado e quando chegou atrás de uma árvore pode ver o autor efetuando três disparos em direção à moita e que ele estava estava escondido".

Levi relatou novamente no depoimento de ontem na CPJ, "que não foi possível visualizar as vestimentas do autor dos disparos, mas que o mesmo não usava óculos, era moreno claro, cabelos escuros, com barba, compleição forte e braço tatuado". Disse ainda que pode ver quando o autor se ajeitou dentro do carro e colocou o braço para fora para efetuar os disparos. O veículo, no caso, era um Honda Fit, prata, o qual aparece em imagens de câmeras de segurança levantadas pelas investigações, mas sem a identificação das placas.

No mesmo depoimento, ontem, Levi respondeu questionamentos do Ministério Público e disse "que nunca teve qualquer desavença com Alessandro (Alessandro Pereira dos Santos, 50 anos, o "Coxinha") ou algum grupo que ele pertença e que nunca teve qualquer contato com ele".

Levi relatou ainda desconhecer os motivos do atentado. O advogado de defesa de "Coxinha" formulou algumas questões para a oitiva de Levi Gomes. O advogado solicitou judicialmente autorização para acompanhar presencialmente o depoimento da vítima, ontem, mas o juiz da 3ª Vara Criminal do Fórum de Marília, Fabiano da Silva Moreno, negou o pedido e autorizou apenas perguntas por escrito.

Levi afirmou ontem desconhecer uma empresa de sistema de gestão de tecnologia, de São Paulo, citada pela defesa de Coxinha. Disse ainda "desconhecer qualquer incompatibilidade com a referida empresa em virtude de licitação na Prefeitura" e que não conhece o CEO da mesma.

O FATOR COXINHA

No dia 13 de dezembro passado, o delegado Luiz Marcelo encaminhou ao Ministério Público Estadual, o relatório final sobre o atentado a tiros contra Levi Gomes.

O relatório apontou como "possível autor dos disparos", o autônomo Alessandro Pereira dos Santos, o Coxinha, de 50 anos. Ele foi reconhecido na DIG pela vítima, durante as investigações, com "absoluta certeza e convicção".

Coxinha foi ouvido pelo delegado da DIG uma semana antes da conclusão do relatório final e negou envolvimento no crime. Afirmou que no dia e hora do atentado estava em sua casa, na zona oeste de Marília. A Polícia Civil fez buscas durante as investigações na casa dele, mas nada relacionado ao crime foi localizado.

O relatório apontou que somente cartuchos de pistola calibre 380 foram encontrados no local do atentado, na zona leste de Marília. Não havia no local projéteis, indicando que os autores do crime pretendiam apenas "dar um susto" no secretário.

"CERTEZA E CONVICÇÃO"

Levi esteve várias vezes na CPJ. Em uma delas, em julho do ano passado, reconheceu "com certeza e convicção" (como declarou) "Coxinha" como o homem que ocupava o banco do passageiro de um Honda Fit e efetuou diversos disparos de pistola em sua direção.

Apesar do reconhecimento "certeiro", o acusado (que foi colocado ao lado de outros quatro homens na DIG), não foi preso. "Há também investigações paralelas sobre atividades de Alessandro", justificou o delegado.

VEÍCULO NAS IMAGENS

No dia 27 de outubro, a Polícia Civil divulgou um vídeo de câmera de segurança mostrando o carro usado no atentado (um Honda Fit, cor prata).

Outras câmeras de segurança filmaram o veículo circulando pelas redondezas do Bairro Maria Izabel, na Zona Leste, onde foi registrada a ocorrência.

Mesmo o vídeo com melhor qualidade não possibilitou identificar a placa do carro utilizado. Além do automóvel, também é possível ver o vulto de Levi na gravação. O automóvel foi estacionado próximo à casa de Levi antes de ele sair para sua caminhada diária, por volta das 5h da madrugada.

O JORNAL DO POVO apurou que a DIG recebeu informações que o referido veículo seria de Campinas. Foram levantadas imagens estratégicas de várias praças de pedágios nas saídas de Marília. "Não foi detectada passagem de veículo com essas características", disse o delegado da DIG.

ARMAS E MUNIÇÕES

A Polícia Civil apreendeu em julho várias armas e munições durante as investigações desse caso. Agentes da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Marília cumpriram cinco mandados de busca e apreensão na cidade e em Oriente. Durante a ação, foram apreendidos uma pistola calibre 45 importada, um revólver 357 e uma espingarda, além de munições de vários calibres, diversos celulares e cheques. Os cheques foram apreendidos na casa de Coxinha. Não havia armas no local.

As armas apreendidas em Oriente eram de uso legal e tinham numeração, mas não possuíam registro. Por isso, dois responsáveis pelo armamento foram autuados em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e liberados após pagamento de fiança.

O CASO

No dia 27 abril do ano passado, Levi Gomes sofreu uma tentativa de homicídio no Bairro Maria Izabel. Ele havia saído para caminhar, por volta das 5h, quando foi surpreendido por uma dupla armada que estava em um carro.

Ele contou aos policiais que notou um carro diferente estacionado na rua e que, quando passou pelo veículo, o motorista saiu em alta velocidade até perto da Santa Casa e parou.

O secretário disse que estranhou, mudou o roteiro e se escondeu atrás de uma vegetação. Foi quando o carro parou em um cruzamento e o passageiro colocou o braço para fora com uma arma em punho. O homem teria feito três disparos.

Levi disse que rastejou e correu após os disparos. Já o motorista do carro saiu em direção ao Bairro Cascata e o veículo não foi mais visto. A Polícia Militar foi acionada e a perícia técnica da Polícia Civil também esteve no local, onde três cartuchos foram achados.

Não havia marcas de projéteis em muros, árvores ou obstáculos, indicando que os disparos pudessem ter sido feitos para o alto, com o objetivo de "assustar a vítima".




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