top of page
Buscar
  • Adilson de Lucca

Padre que atropelou e matou ladrão de paróquia na região é absolvido em júri


O padre Gustavo Trindade dos Santos, acusado de matar atropelado Ângelo Marcos dos Santos Nogueira, que furtou a casa paroquial de Santa Cruz do Rio Pardo, em maio de 2022, foi julgado e absolvido pelo júri popular realizado nesta sexta-feira (12) no Fórum daquela cidade. O Ministério Público ainda não se pronunciou sobre eventual recurso.

O padre respondeu em liberdade por homicídio qualificado, após o promotor responsável pedir o aditamento da queixa contra o religioso por conta da morte de Ângelo, no dia 27 de julho de 2022, por complicações decorrentes do atropelamento, segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML).

A decisão de pronunciar o réu, ou seja, determinar que o julgamento acontecesse em uma sessão do Tribunal do Júri, foi tomada pelo juiz Pedro de Castro e Souza, da Vara Criminal de Santa Cruz do Rio Pardo, após audiência de instrução, debates e julgamento.

O juiz aceitou a mudança envolvendo a natureza do crime, inicialmente entendido como tentativa de homicídio. Qualificadoras no suposto homicídio, incluindo a "utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima", serão apreciadas pelos jurados no Tribunal do Júri.

Para o magistrado, existem elementos que mostram "o réu como sendo a pessoa que conduzia o veículo automotor envolvido na colisão ocorrida nas circunstâncias de tempo e lugar narradas na exordial acusatória que, em tese, causou lesões corporais na vítima que, posteriormente, teriam levado à sua morte".

Relembre o caso

Segundo o boletim de ocorrência do caso, o homem atropelado furtou a casa paroquial da Igreja São Sebastião arrombando uma das janelas. Ele fugiu do local levando três moletons e uma camiseta. Uma câmera de segurança flagrou o atropelamento na Avenida Tiradentes.

O ladrão ficou internado na Santa Casa de Santa Cruz do Rio Pardo e, depois, na Santa Casa de Ourinhos. Ângelo apresentava sequelas como perda de massa muscular, dificuldade para comunicação e necessidade de uso de fraldas.

Ele chegou a ter alta médica para tratamento domiciliar, mas, nas semanas antes de sua morte, foi necessária uma nova internação.

Após o óbito, a diocese de Ourinhos informou, por meio de nota, que lamentava o ocorrido e que se solidarizava com a família e os amigos de Ângelo.

Com a morte dele, segundo o delegado Valdir de Oliveira, que investigou o caso, novas perícias foram realizadas para esclarecer se o óbito esteve diretamente relacionado com o atropelamento. Essa tese foi confirmada por um médico legista.

Interrogatório

Durante interrogatório, o padre afirmou que havia terminado de celebrar um casamento, quando, na saída, escutou o alarme da casa paroquial e avistou um homem pulando o muro e fugindo do local.

O padre disse, na oitiva, que ele e a pessoa que o acompanhava no carro chegaram a pedir para o homem parar durante a perseguição. No entanto, as imagens que flagraram o atropelamento mostram os vidros do carro fechados durante todo o trajeto.

Ainda conforme o frei, ele encontrou um caminho para fechar o homem, mas, quando ele entrou com o carro na calçada para pará-lo, o suspeito do furto na igreja se jogou sobre o capô do veículo.

Além disso, o padre afirmou, no interrogatório, que foi embora após o atropelamento porque temeu a possibilidade do homem estar armado. Ele também disse que, ao perceber a presença de pessoas na rua onde ocorreu o acidente, pediu a elas que chamassem a polícia.

Após o atropelamento, o padre contou que foi até o convento onde morava, guardou o carro, que pertence à diocese de Ourinhos, e viajou para Ribeirão Preto, onde iria aproveitar o Dia das Mães e o próprio aniversário no dia posterior.

Na ação, ajuizada na 3ª Vara Cível no Foro de Santa Cruz do Rio Pardo, além de cobrar o valor do padre, o pedido também é direcionado contra a diocese de Ourinhos, responsável pela gestão da paróquia onde o frei Gustavo Trindade dos Santos atuava até o atropelamento.

Segundo o pedido, os valores requeridos foram estipulados com base na expectativa de tempo de vida e de extensão de danos para a mãe.

Investigação

Durante as investigações, a polícia descobriu que o frei Gustavo, apesar de habilitado, deveria ter renovado a carteira de habilitação em fevereiro de 2020.

A defesa do padre mostrou um documento da União Europeia que o autorizava a dirigir. O aceite, do tempo em que ele morava na Espanha, no entanto, não é válido em território nacional.

Nas duas vezes em que a polícia fez pedidos de prisão preventiva, contudo, o Ministério Público se posicionou contra e eles foram negados pela Justiça.

Já o ladrão atropelado chegou a ser preso em flagrante no dia do atropelamento, mas estava sendo investigado em liberdade até sua morte.



117 visualizações0 comentário
bottom of page