- Por Adilson de Lucca
PM autua filhos de vereadora por recusa de bafômetro e desacato. Família alega "perseguição"

Um entrevero em fiscalização de trânsito pela Polícia Militar, na madrugada deste domingo (17), no Campus Universitário, na Zona Oeste de Marília, terminou com autuação por recusa em fazer o teste do bafômetro e acusação de desacato a um policial.
A ocorrência envolveu um dos filhos da vereadora professora Daniela Alves (PL), de 19 anos, que foi conduzido à Central de Polícia Judiciária, onde foi registrado Boletim de Ocorrência. Figura como vítima o policial Francis Diego Pereira de Oliveira.
O rapaz conduzia um VW Jetta e estava acompanhado de um irmão gêmeo e um amigo. O PM constatou sinais de embriaguez. Ele se recusou a fazer o teste do bafômetro e ainda segundo o B.O, com o amigo, agrediu os PMs com socos e pontapés.
O marido da vereadora, Marco Antonio D'Ávila Alves, disse ao JORNAL DO POVO que o episódio "é uma perseguição à vereadora", lembrando do caso conhecido como "carteirada", ocorrido em agosto de 2019.
"ELA É VEREADORA...O QUE VOCÊ ESTÁ ACHANDO QUE VOCÊ É?"
Naquela oportunidade, também madrugada de um domingo, durante abordagem e apreensão de um veículo da vereadora (um Ford Fuzion ano 2008, dirigido pela filha dela) na Zona Leste de Marília, a vereadora ligou para o celular da então comandante da PM em Marília, Márcia Cristal, por volta da 1h da madrugada, relatando a ocorrência. Em seguida, em áudio vazado à imprensa, a tenente coronel ligou para o sargento PM Alan Fabrício Ferreira, que elaborava o auto de infração e apreensão do carro (por licenciamento vencido e pneus "carecas"), questionou e repreendeu a atitude dele.
A comandante disse em ligação gravada que o sargento estava "tumultuando" e deveria apenas orientar e não apreender o carro da vereadora. “Porque isso daí é falta de bom senso, tá? Ela é vereadora. É, é, a condição, você pode muito bem estar fazendo e orientando, tá? E aí segunda-feira, ela pegaria o documento e não precisa apreender o veículo”, diz a comandante.
Ela também ameaçou retirar o policial do setor de trânsito, o que de fato aconteceu. “Se for desse jeito é o que eu to falando, você não vai estar mais segunda-feira no trânsito (...) porque essa aqui é uma ordem minha, você vai responder também”.
“Comandante, a senhora está falando isso, não estou descumprindo a ordem da senhora. A hora que a senhora me ligou eu estava no telefone com ela e o veículo já estava em cima do guincho. O veículo foi removido, mas segunda-feira eu converso com a senhora ”, responde o policial, na ligação.
“Porque você pura e simplesmente está fazendo algo que era desnecessário, infelizmente a gente tem esse tipo de contato dessa forma, você não ouviu as orientações que foram dadas, tá? Quem trabalha no trânsito tem que ter jogo de cintura e bom senso. Olha o que você tá causando, porque politicamente ela é vereadora. Não teve nem uma conversa, o que você está achando que você é?”, repreendeu a comandante.
O rolo foi grande, gerando até Comissão Processante na Câmara para apurar falta de decoro parlamentar da vereadora, a qual foi arquivada. A comandante da PM foi transferida, promovida e aposentada e o sargento PM Alan Fabrício Ferreira segue respondendo procedimentos internos na corporação.
NOTA DA PM SOBRE A OPERAÇÃO
Nesta madrugada de domingo, dia 17/10/2021, a Polícia Militar realizou a 2a operação policial na região do Campus Universitário de Marília. O objetivo foi atender aos inúmeros pedidos dos profissionais da saúde, que trabalham no Hospital Universitário, bem como os moradores dos imóveis do Jardim Araxá e adjacências a respeito da perturbação do sossego.
Tem sido constantes às realizações de eventos com grande número de pessoas, principalmente após às 4 horas da madrugada de quinta a domingo, com o uso de som automotivo em elevado volume e a presença de dezenas de veículos com condutores embriagados além de motocicletas praticando manobras perigosas. A ação contou com os policiais do serviço rotineiro de rádio patrulha bem como da equipe de trânsito do 9o BPMI.
A Polícia Militar é promotora dos Direitos Humanos e como tal tem a missão de proteger as Pessoas. A partir do momento em que as infrações de trânsito são coibidas teremos menos acidentes com vitimas, mais tempo de patrulhamento voltado para a prevenção criminal e menos gastos para os hospitais com os acidentados.

