A Polícia Civil cumpriu, nesta terça-feira (29), mandados de busca e apreensão em uma investigação que apura a participação de mais um empresário no esquema de desvios milionários na Apae de Bauru.
Os mandados foram cumpridos no apartamento do empresário, na sede da empresa e em uma oficina. Além disso, a polícia pediu à Justiça o bloqueio dos bens do suspeito e da empresa, e conseguiu a quebra do sigilo bancário. Foi solicitada também a prisão temporária do indivíduo, mas foi negada pela Justiça.
A investigação da polícia apurou que o empresário superfaturava notas fiscais a partir da prestação de serviços para a Apae, como manutenções e reparos na entidade, com um contrato de R$ 9 mil por mês até 2023. Em 2024, o contrato foi renovado e o suspeito passou a receber R$ 20 mil mensais.
O delegado responsável pelo caso, Glaucio Stocco, afirmou também que os repasses da entidade para a empresa chegam a R$ 600 mil.
Relembre o caso
Em uma operação realizada no dia 3 de dezembro, a polícia prendeu pessoas suspeitas de envolvimento nos desvios de recursos da Apae. Foram expedidos nove mandados de prisão contra parentes de Cláudia e também funcionários da Apae e prestadores de serviço para a entidade.
Na operação foram presos a filha, a irmã, o cunhado e o ex-marido de Cláudia - Letícia Lobo, Ellen Siuza Rocha Lobo, Diamantino Passos Campagnucci Júnior e Pérsio de Jesus Prado Júnior; a atual coordenadora financeira da Apae e o coordenador anterior - Maria Lúcia Miranda e Renato Golino - e Renato Tadeu de Campos, que é policial militar aposentado e prestava serviços de segurança para a Apae.
No dia seguinte, o empresário Felipe Figueiredo Simões se apresentou com seu advogado na delegacia de Pirajuí e também foi preso. O nono mandado de prisão foi expedido para Roberto Francischetti, que já estava preso desde o dia 15 de agosto por envolvimento no desaparecimento de Cláudia.
Ao todo, são 13 denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público (MP). A denúncia formal do Gaeco foi aceita pela Justiça no dia 19 de dezembro. Com exceção de Roberto, todos são investigados em liberdade.
Como o esquema funcionava?
Durante as investigações sobre o desaparecimento de Cláudia, a polícia teve acesso a escutas telefônicas dos ramais de Roberto e Cláudia que indicaram que os dois, assim como outros envolvidos no esquema e que atuavam na Apae, articulavam suas ações abertamente dentro da própria instituição, utilizando os telefones fixos da entidade.
Esse material, além de informações sobre as movimentações financeiras da entidade, revelaram à polícia um esquema organizado e criminoso de desvio de dinheiro envolvendo superfaturamento de contratos, pagamentos a funcionários "fantasmas", emissão de notas frias de serviços não prestados, entre outras irregularidades.
Quanto foi desviado?
Desse total, cerca de R$ 5 milhões foram atribuídos a operações comandadas pelo ex-presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, e entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,8 milhão envolvendo movimentações feitas por Cláudia, somando pelo menos R$ 6,8 milhões.
No entanto, os investigadores acreditam que os valores reais podem ser ainda maiores, considerando o longo período de irregularidades.
Também durante as investigações foram apreendidas três máquinas de cartão, todas vinculadas a contas da Apae e duas delas das quais a entidade sequer tinha conhecimento da existência. Só em uma delas foi identificada uma movimentação de R$ 500 mil para contas de Cláudia e Roberto.
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