Segundo a corporação, Claudia foi morta por Roberto nos momentos registrados pelas imagens. Má gestão, desvio de verba e disputa de poder na Apae são apontadas como possíveis motivações do crime, de acordo com o delegado Cledson do Nascimento.
Nas imagens, é possível ver que, às 15h10 do dia 6 de agosto, o carro que Claudia dirigia estaciona em frente a um terreno. Momentos depois, Roberto, que estava no banco do passageiro, sai do veículo e assume a direção, enquanto Claudia vai para o banco de trás, do lado oposto ao do motorista.
"O Roberto sai do banco do passageiro e assume a direção, indo a Cláudia para o banco de trás, tranquilamente, sem nenhum tipo de ameaça ou pressão. Esse veículo fica parado por cerca de três minutos. Para nossa investigação, é nesse momento que acontece o disparo, porque, daí, ele já sai direto para a região rural do bairro Pousada da Esperança", explicou o delegado.
O veículo permanece parado por cerca de três minutos, até sair do local, às 15h13. Segundo as investigações da Polícia Civil, foi neste momento que Roberto matou Claudia com um tiro e se dirigiu até uma propriedade rural próxima à rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva.
Após o crime, Roberto teria acionado Dilomar Batista, funcionário do almoxarifado da Apae, a quem ameaçou para ajudá-lo no descarte do corpo.
O funcionário relatou que o corpo foi incinerado em uma área de descarte usada esporadicamente pela Apae e disse que, quatro dias depois, voltou para espalhar as cinzas em áreas de mata ao redor do local.
No dia do crime, Dilomar assumiu o veículo que Claudia dirigia e o abandonou na região da Vila Dutra, de onde ele e Roberto partiram em outro veículo da instituição.
No primeiro depoimento de Franceschetti, ele informou à polícia que Claudia solicitava “adiantamentos” financeiros alegando que eram para ajudar um parente que havia sido preso e estava devendo. Roberto afirmou que “seria a quarta ou quinta vez que Claudia pedia adiantamento de altos valores”.Os "adiantamentos", explicou a Polícia, eram contabilizados como "adiantamentos a fornecedores" - o que pode configurar fraude no balanço da Apae.O presidente afastado disse também à Deic que acompanhou Claudia Lobo até o bairro Mary Dota em várias ocasiões e que ela entregava o dinheiro para um homem. Em outras, afirmou Roberto à corporação, ele teria levado Claudia em um shopping e um posto de gasolina com o mesmo intuito. Roberto também afirmou à Civil que Claudia pediu R$ 40 mil uma semana antes de seu desaparecimento e disse que seria a última vez. Destacou, porém, que não teria liberado o valor. Ele tentava apresentar uma narrativa para os policiais de que a falta deste pagamento teria motivado os credores a “desaparecer” com Claudia, segundo deduções dos policiais.Ainda no dia 8, porém, diligências apreenderam notebook da desaparecida, além de R$ 10 mil em espécie deixado na casa da filha de Claudia. A presença do dinheiro na casa seria um indício de que os supostos pagamentos de dívida não ocorriam.No dia 9 de agosto, Roberto encaminhou agendas e relatórios de ligações do telefone fixo da entidade. Ele se colocou à disposição para compartilhar informações relacionadas ao cotidiano da secretária executiva na Apae no intuito de “direcionar a investigação”, como apontou a Polícia Civil.
O alvo desse direcionamento seria o familiar dela preso por tráfico que residia no bairro Mary Dota. A Polícia, porém, recebia as informações com reservas. Sobre o familiar, Franceschetti chegou a dizer que ele “tinha semelhança, mas não podia afirmar” que era a pessoa que buscava o dinheiro.
Confissão
A Polícia Civil confirmou que, no dia em que foi preso, 15 de agosto, Roberto confessou, informalmente, que matou Cláudia, informação que guiou as investigações a partir dali. No dia seguinte, em depoimento formal, Roberto negou a acusação.
Buscas por Claudia
Os fragmentos seguem em análise no Núcleo de Biologia de São Paulo, para confronto com as amostras de DNA já recolhidas do veículo, de pertences pessoais da vítima e da filha de Claudia.
Em coletiva à imprensa, a Apae confirmou que a área rural onde foram feitas buscas foi utilizada algumas vezes para descarte de material da Apae, inclusive no dia em que Claudia desapareceu, mas que isso só foi descoberto após uma sindicância interna. Também disse que os descartes acontecem exclusivamente nos ecopontos da cidade.
Irregularidades financeiras
Em nota, a presidente interina da Apae, assegurou que a instituição está colaborando com as investigações e que, apesar da gravidade dos acontecimentos, a instituição continua a prestar seus serviços à comunidade.
Investigação
Oficiais da 3ª Delegacia de Homicídios de Bauru analisaram imagens de câmeras de segurança que mostram a vítima no volante do veículo que dirigia quando foi vista pela última vez.
A descrição das imagens indica que o presidente da Apae saiu do banco de passageiros do veículo e assumiu o volante, enquanto Cláudia foi para o banco traseiro.
O documento também menciona que o histórico de chamadas do celular de Roberto mostra movimentações na rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva, e no local onde o veículo foi encontrado, no dia seguinte ao desaparecimento.
Imagens de uma câmera de segurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram também o veículo que a funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde ele foi encontrado, no dia seguinte.
Um dia após ser preso, Roberto teve a prisão temporária de 30 dias decretada na audiência de custódia e foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pirajuí.
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