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PROFISSIONALISMO, HUMILDADE E DEDICAÇÃO: Antonio Parra completa hoje 62 anos de atividades no Cartório de Registro Civil em Marília

  • Adilson de Lucca
  • 31 de jan.
  • 7 min de leitura

Sexta-feira, dia 31 de janeiro de 2025. Hoje, Antonio Francisco Parra, de 73 anos, completa 62 anos de trabalhos ininterruptos no Cartório Parra. Ontem (quinta-feira), durante a rotina de trabalho no ambiente em que desenvolve suas atividades profissionais há mais de seis décadas, Toninho Parra, como é conhecido, atendeu o JORNAL DO POVO.

Seu rosto e comportamento expressavam a humildade e tratamento cordial, que são algumas de suas qualidades mais marcantes.

Antonio Parra percorre o Cartório abrindo compartimentos onde estão guardados com extremo zelo livros de registros e álbuns de fotografias que testemunham sua bela trajetória profissional, a qual se confunde com a história do Registro Civil das Pessoas Naturais (nomenclatura técnica do Cartório), fundado em 1927, ou seja, há 98 anos!

De office boy, próximo de completar 11 anos de idade, a escrevente autorizado e depois a Oficial Maior, a trajetória de Antônio Francisco Parra foi retilínea. Dedicado quase que exclusivamente ao Cartório de Marília, conseguiu algo que poucos obtém em sua carreira profissional: o status de unanimidade. Admirado pelos funcionários e pelos colegas de profissão, respeitado pelo Poder Judiciário e reconhecido pela população.

Antonio Parra na década de 70: à esquerda, com o escrevente Afrânio Sobrinho e à direita com o escrevente Lauro Ferreira

Na adolescência, Toninho Parra também se dedicou aos estudos e formou-se em Técnico em Contabilidade no Senac, que ficava há um quarteirão do prédio do Cartório quando este era na esquina da Avenida Pedro de Toledo com a Rua 9 de Julho.

Parra passou a infância com a família (os pais e cinco irmãos) na Vila Nova e ia e voltava a pé de casa para o trabalho. "Comecei a trabalhar com 11 anos de idade porque naquela época os pais priorizavam o encaminhamento dos filhos na vida pelos estudos e pelo trabalho".

Almejando algo melhor dentro da própria Serventia ou ainda prestar concurso para outra carreira jurídica ingressei na Faculdade de Direito de Marília (Fundação de Ensino) onde se formou em 1975.

Antonio Parra com o juiz de casamentos, Rubens de Abreu Izique, em 1992

"ATÉ QUANDO DEUS QUISER"

Do garotinho que fazia de tudo até chegar ao cargo máximo de Oficial do Cartório (em 1982), Toninho Parra narra uma longa trajetória.

"Até quando o senhor pretende continuar trabalhando, seo Antonio?". A resposta é objetiva: "até quando eu tiver saúde e Deus quiser (risos)". Ele aponta para uma frase estampada com destaque na entrada do cartório: "a vida é um eterno começo.... até a eternidade".

"Desacelerando meu ritmo de trabalho, sem, contudo, abandonar meu posto”, além, claro, “continuar me atualizando, repassando aos colaboradores as modificações legislativas”.

Antonio Parra, logo após ser aprovado no concurso de escrevente do Cartório, em 1970, com equipe de trabalho

MOMENTOS IMPORTANTES, DESDE O NASCIMENTO AO ÓBITO

Ao ser questionado sobre o valor que a serventia possui em sua vida, Parra diz ser “minha segunda família: assim defino a importância do cartório e do Registro Civil em minha vida”.

Entre os prazeres da atividade, ele cita os milhares de casamentos que oficializou. "Têm muitos casais que eu celebrei a união matrimonial aqui no Cartório e anos depois celebrei também os casamentos de filhos e netos deles. São momentos gratificantes e marcantes, porque estou presente em muitos álbuns de casamentos. As atividades no Cartório refletem momentos importantes na vida das pessoas, desde o registro de nascimento até a certidão de óbito", comenta.

Antonio Parra oficializa o primeiro casamento como oficial do Cartório, no início da década de 80

31 DE JANEIRO DE 1963... O COMEÇO....

Garoto dedicado, durante três anos Toninho Parra exerceu atividades como “limpeza diária da serventia, entrega e retirada de correspondência nos correios, escrituração do livro Protocolo de Correspondência, entrega dos ofícios na Delegacia de Polícia, Centro de Saúde, Fórum, Posto Fiscal, Coletoria Estadual, e escrituração e entrega de Mapas Estatísticos no IBGE, entre outros órgãos”, explica o oficial.

“Ao completar 14 anos, fui contratado oficialmente como auxiliar de cartório, cargo esse que exerci até setembro de 1970. Como auxiliar, praticava atos de anotação nos livros, buscas, colagem de selos, expedição de certidões na máquina de escrever e elaboração de registros em geral.”

Nesta função, Parra permaneceu por quatro anos. Quando, aos 18 anos, foi aprovado no concurso de escrevente cartorário. “Naquela oportunidade, conforme a legislação vigente, o exame era prestado perante o Juiz Corregedor, fazendo parte da banca examinadora um membro do Ministério Público, um integrante da OAB e um oficial de outra serventia”, explicou.

“Como escrevente, permaneci até 15 de dezembro de 1977, quando fui nomeado oficial Maior da serventia, cargo hoje denominado substituto do Oficial”. Neste ano, Parra já estava na metade do curso de Bacharelado em Direito pela Fundação de Ensino Eurípedes Soares da Rocha.

Mas foi no início da década de 1980 que o caminho de Antônio Francisco Parra se consolidou no Registro Civil.  Em 1º de outubro de 1982 foi nomeado Oficial Interino da serventia, passando ao cargo de Oficial Delegado cinco meses depois.

Toninho Parra com Claudinéia (recepcionista), a irmã Célia Maria Parra e os escreventes

Renato e Jenifer

UMA TRAJETÓRIA PARA POUCOS...

Ao comentar sobre a atuação do profissional, Gustavo Renato Fiscarelli, vice-presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen/SP), destaca: “62 anos em qualquer atividade já é algo não apenas raro, mas digno de toda a reverência possível. Então seis décadas – que é muito mais que uma vida – dedicado a uma mesma profissão é algo muito honroso e admirável”.

Parra (em pé à esquerda), já nomeado oficial Maior da serventia, celebrando um casamento, em 1978 e também (à direita) na década de 90

BOA CALIGRAFIA DOS ESCREVENTES

Nestas seis décadas, diversas foram as mudanças presenciadas por Antônio. O oficial conta que quando ingressou na atividade, em 1963, “os livros eram manuscritos, o que exigia uma boa caligrafia dos escreventes, não existia a extração de fotocópias, e as certidões eram emitidas individualmente, o que demandava muito tempo”.

Segundo Parra, “com a vigência da Lei de Registros Públicos (Lei Federal nº 6.015/1973), os livros passaram a ser escriturados mecanicamente, facilitando também a extração de certidões, não deixando margem de dúvida na leitura dos conteúdos dos assentos”.

Ele ressalta que os grandes avanços trazidos à atividade foram os tecnológicos. “Desde a lavratura dos assentos mecanicamente, a informatização e a expedição dos relatórios, as buscas nos índices, a criação da Central do Registro Civil – interligando as serventias de todo o Brasil, oferecendo uma gama enorme de serviços à população –, o Banco de Dados, a Certificação Digital, as certidões on-line, o sistema E-Protocolo, a interligação de informações com os órgãos públicos, a digitalização do acervo e dos atos, e o armazenamento dos backups nas nuvens”, foram, de acordo com o oficial, as principais evoluções que o Registro Civil vivenciou.

Antônio Parra comenta que “sempre digo aos colaboradores que temos duas serventias: O Cartório físico e o Cartório Digital”.

Toninho Parra com companheiros de trabalho no Cartório na década de 70

LEGISLAÇÕES

Para Toninho Parra, as mudanças ocorridas nos atos do Registro Civil (RCPN) foram as mais importantes num período mais recente: “Como o casamento de pessoas do mesmo sexo, o reconhecimento socioafetivo, as alterações de nomes de pessoas transsexuais e alterações de prenomes e inclusões de sobrenomes”. Segundo ele, “são modernizações legislativas, o que demonstra que o Registro Civil está sempre em evolução. Devendo nós, registradores civis, sempre estarmos antenados e atualizados”.

Antonio Parra com a esposa, Rosa Maria e os filhos Rogério, Gustavo e Bruno

SEGUNDA FAMÍLIA

Nestes 62 anos, muitos foram os colaboradores e profissionais que passaram pelo cartório, e que de uma forma ou outra, vivenciaram com Antônio Parra as atividades do Registro Civil de Marília.

Uma destas pessoas foi Luciana Pereira, aposentada, que atuou por mais de 30 anos como escrevente do cartório. “Ingressei com 18 anos na serventia, era uma menina simples, sem muitas experiências de trabalho, e nesse tempo, o Parra também era um jovem rapaz, que havia se tornado oficial do Registro Civil de Marilia há pouco tempo. Ele próprio me ensinou o serviço e me destinou à seção dos casamentos, onde fiquei por todo o período em que atuei no cartório.”

Segundo Luciana, “muitas coisas eram diferentes...o mapa do IBGE era feito à mão e depois passou a ser à máquina de escrever, assim como o atendimento aos casamentos, borrávamos os dedos para trocar a fita”. 

“Ao passar dos anos o cartório foi crescendo, assim como o serviço, mas sempre tivemos a presença do Parra no nosso meio, para ajudar a resolver, motivar e corrigir o que era necessário.” Para a cartorária, Parra “sempre foi um patrão exigente, gostava dos livros e da mesa em ordem. O Cartório sempre estava impecável, nada ficava para guardar no dia seguinte, em tudo nos pedia zelo e comprometimento. Ele sempre foi uma pessoa esforçada, honesta e íntegra”. 

“Trabalhar com ele por tantos anos me proporcionou crescimento humano e intelectual, e me trouxe muita responsabilidade com tudo que assumo. Depois de 31 anos trabalhando no cartório, sou aposentada e muito grata com que vivi e aprendi com o Parra, que é meu eterno patrão.”

INSPIRAÇÃO

Também escrevente do cartório há 13 anos, Marcela Milani Canezin diz que o ambiente no Cartório é como uma família. “Trabalhar com o Parra é gratificante. A sensibilidade, humildade e o empenho dele em sempre entregar o melhor que pode para os usuários e fazer tudo acontecer dentro do cartório, me motivam. O Parra é inspiração para mim, um orgulho poder dividir esse espaço com tanto aprendizado, carinho, poder me sentir em casa no trabalho”.

“Muito mais que um chefe, ele é um líder, e o meu sentimento marcante por ele é essa busca pela evolução em todos os aspectos que envolve o trabalho e a rotina. Tenho muito orgulho em trabalhar ao lado desse grande homem.”

APOSENTOU, MAS CONTINUA TRABALHANDO

O escrevente Renato Zangarini de Oliveira, de 54 anos, começou a trabalhar no Cartório Parra aos 17 anos. Após 37 anos de atividades, ele se aposentou em 2024.

"Após me aposentar, conversei com o Parra e falei do meu desejo de continuar trabalhando no Cartório. Ele concordou e sigo firme aqui. Um lugar excepcional para se trabalhar e com o Antonio Parra como mais que patrão, amigo e conselheiro, sempre disposto a ajudar, a contribuir com as pessoas", afirma Zangarini, casado e pai de dois filhos. "Minha vida é aqui", resume.

PERFIL

Toninho Parra é unanimidade em termos de relacionamento humano. Referência como pessoa fantástica, acolhedor, educado, generoso, humilde.

Exemplo na prestação de serviços que ele e todos os seus colaboradores exercem, com respeito, sabedoria, conhecimento de normas e leis, justiça, eficácia e responsabilidade, o que faz do Cartório Parra o melhor da cidade.








 
 
 

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