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Por Adilson de Lucca

Saúde confirma que garotinho morreu de febre maculosa, em Avencas. Ele perdeu a mãe uma semana antes


A Saúde Municipal confirmou nesta quinta-feira (16), que a morte do garoto Breno Henrique Gonçalves, de 3 anos, foi causado pela febre maculosa. Ele faleceu no dia 10 de outubro passado e residia no Distrito de Avencas. Ficou oito dias internado no Hospital Materno-Infantil, onde foi a óbito.

A mãe do menino, Andréia, de 40 anos, foi internada um dia antes com os mesmos sintomas (veja abaixo) e faleceu cinco dias antes no Hospital das Clínicas de Marília. O exame na mãe não comprovou a doença. Agora, com o resultado positivo do garoto, deverá ser feito novo exame da genitora.

O JORNAL DO POVO apurou, an época, que no atestado de óbito de Andreia constou causa indefinida. Coleta de sangue foi enviada para exames mais detalhados no Instituto Adolpho Lutz, em São Paulo. Médicos e familiares aguardam os resultados.

"O médico que cuidou da minha mãe me disse que tem quase certeza que ela teve febre maculosa", disse a filha Maria Eduarda, de 18 anos.

Andreia, que era viúva (o marido faleceu cerca de um mês antes com problemas renais - fazia hemodiálise) deixou também o filho Breno, que faleceria uma semana depois.

Maria Eduarda disse que também apresentou sintomas e fez coleta de sangue para exames que deram negativo. A família tem um cachorro em casa.

O JORNAL DO POVO apurou que um rapaz que trabalhava como caseiro em uma propriedade também morreu de forma suspeita, na mesma época. Moradores do Distrito ficaram alarmados.

O agricultor José Luiz, ex-marido de Andreia acompanhou com filha do casal, de 18 anos, o tratamento da ex-esposa e trâmites para o velório e sepultamento, que ocorreu no Cemitério de Avencas.

"Eu tenho cem por cento de certeza que ela morreu de febre maculosa, por causa dos sintomas (infecção de urina e hemorragia). Em Avencas tem muitos animais soltos pelas ruas, muito mato, cachoeira e capivaras e teve uma cavalgada aqui com animais de fora. É um local onde pode ter sim os carrapatos que causam a febre maculosa", disse José Luiz ao JORNAL DO POVO.

Andreia ficou internada de sábado (30 de setembro) àté quinta-feira (5 de outubro) no Hospital das Clínicas de Marília. Ela passou por consulta na Unidade de Saúde de Avencas na sexta-feira (29). Estava mal e exames detectaram infecção de urina e a mandaram de volta pra casa. Ela saiu andando do posto de saúde com ajuda de familiares.

No sábado ela tomou medicação. Seu estado de saúde se agravou. O SAMU foi acionado e a encaminhou ao Hospital das Clínicas.

VARREDURA NO DISTRITO

Equipes da Zoonoses da Prefeitura de Marília e da Sucen (Superintendência do Controle de Endemias - Estado) fizeram uma varredura no Distrito de Avencas, após a morte de Andreia.

Equipes de agentes de saúde da Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Marília já percorreram casas do Distrito.

NOTA DA PREFEITURA

A Prefeitura de Marília encaminhou Nota ao JP sobre o assunto, na época.

"Em respostas aos questionamentos do Jornal do Povo, a Secretaria Municipal da Saúde de Marília e a Vigilância Epidemiológica do Município informam que foram notificados três casos suspeitos de febre maculosa, além de uma confirmação, na zona rural do distrito rural de Avencas.

Portanto, das quatro notificações, apenas uma obteve a sorologia positiva para a doença. Trata-se de um caso ocorrido em junho de 2023, a pessoa não corre risco de morte, porém somente nesta sexta-feira, dia 6 de outubro, é que as autoridades sanitárias obtiveram a confirmação. Para as outras três notificações (sendo dois óbitos em investigação e um caso suspeito), a Vigilância Epidemiológica de Marília analisa possibilidades de estarem associadas a outras doenças, incluindo dengue, leishmaniose e leptospirose. A Secretaria Municipal da Saúde, portanto, aguarda o resultado da investigação laboratorial, incluindo o exame da paciente questionada pela reportagem do Jornal do Povo. Para as outras perguntas apresentadas pelo veículo de Imprensa, a Secretaria Municipal da Saúde esclarece que o Município não pode se posicionar sobre atestado de óbito de um paciente, uma vez que o Poder Municipal não é o órgão responsável por esse serviço e, sim, o médico declarante. Importante informar que, outros órgãos públicos de Saúde, estão no auxílio à Secretaria Municipal da Saúde, a exemplo da Coordenadoria de Controle de Doenças do Núcleo de Apoio às Operações de Marília (CCD-Naor, a antiga Sucen, a Superintendência de Controle de Endemias), nesta frente que envolve o distrito de Avencas.

A Vigilância Ambiental de Marília, por sua vez, alocou equipes de técnicos e médicos veterinários para ampla varredura com foco a identificar situações de risco para dengue, febre maculosa e leishmaniose, pois os sintomas apresentados pelos pacientes remetem aos quadros típicos destas três doenças. A varredura feita inclui identificação de cães com sintomas de infecção, ou seja, cachorros sintomáticos, identificação de infestação de carrapatos e focos de criadouros do mosquito Aedes aegypti. A Vigilância Epidemiológica vem preparando as equipes da Saúde que trabalham no distrito de Avencas - incluindo agentes comunitários, agentes de controle de endemia, médicos, cirurgiões-dentistas, enfermeiros e técnicos de Enfermagem - para ampliarem o olhar na identificação de possíveis sinais clínicos casos para febre maculosa, leishmaniose, leptospirose e dengue. A população está sendo orientada a adotar comportamento preventivo. Na próxima terça-feira, dia 10 de outubro, médicos veterinários e equipes técnicas da Vigilância Ambiental e da antiga Sucen (CCD-Naor Marília) irão fazer varredura e identificação nas margens dos dois rios que margeiam Avencas, os córregos da Prata e o do Pombo. A rede básica de saúde emitiu comunicado de alerta para todos os moradores de Avencas. Marília está vigilante e solicita o auxílio de todos para o enfrentamento desta situação.

O QUE É FEBRE MACULOSA

A febre maculosa brasileira é uma doença infecciosa transmitida pelo carrapato-estrela ou micuim, da espécie Amblyomma cajennense, não sendo passada diretamente de pessoa para pessoa nem pelo contato com animais infectados.

A bactéria R. rickettsii é propagada aos humanos e aos animais apenas por meio da picada de um carrapato infectado. Mais comum entre os meses de maio a novembro, a doença tem tratamento por meio de antibióticos.

Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior será a chance de cura. Em humanos, quando não tratada, a enfermidade consegue ter mais de 80% de letalidade.

Os mamíferos hospedeiros (cães, bois, cavalos, capivaras, aves domésticas, gambás, coelhos, etc.) são animais predispostos à infecção por R. rickettsii, mantendo níveis circulantes da bactéria na corrente sanguínea, o suficiente para causar infecção de carrapatos que dele se alimentem.

Para que haja a transmissão, os carrapatos devem permanecer fixados à pele do hospedeiro por um período variável entre seis e dez horas, o suficiente para que a bactéria seja reativada na glândula salivar e em seguida espalhada pelo corpo. Os carrapatos, além de vetores, são também reservatórios de R. rickettsii. Cada fêmea de carrapato infectada pode gerar até 16 mil filhotes aptos a transmitir R. rickettsias.

O período de incubação varia de dois a 14 dias após a picada (média de sete dias). Os sintomas têm início de forma repentina, com febre – de moderada a alta –, que dura geralmente de duas a três semanas, acompanhada de dor de cabeça, calafrios, olhos vermelhos.

A lesões, parecidas com uma picada de pulga, apresentam, às vezes, pequenas hemorragias sob a pele e aparecem em todo o corpo, nas palmas das mãos e na planta dos pés – diferentemente do que acontece em outras doenças, como sarampo, rubéola e dengue hemorrágica, por exemplo.

Observações:

– Os cães, muitas vezes, não apresentam nenhum sintoma da doença; – É essencial fazer com frequência a higiene dos animais com carrapaticidas. O uso do produto deve ser realizado tanto em cães domésticos quanto em animais de grande porte como o cavalo ou boi; – Manter gramados bem aparados, rente ao solo.

Recomendação:

É necessário buscar ajuda nos primeiros dias de sintoma, pois o atendimento rápido para tratar a doença faz toda a diferença. Já para evitar a contaminação, é preciso combater o parasita por meio do adequado manejo ambiental, assim, ao evitar o carrapato evita-se também a doença.

O QUE É DENGUE HEMORRÁGICA?

A dengue hemorrágica é uma complicação da dengue que altera o padrão de coagulação do sangue, causando hemorragia – daí seu nome.

O quadro é considerado bastante sério e exige cuidados intensivos para garantir que o paciente se recupere bem.

Nela, o vírus provoca uma reação inflamatória exacerbada no corpo humano e altera seus padrões de coagulação, provocando hemorragias e perda de fluidos.

O QUE CAUSA A DENGUE HEMORRÁGICA?

A dengue hemorrágica ou dengue grave ocorre quando o sistema imunológico da pessoa apresenta uma reação exacerbada à presença do vírus.

Por isso, ela é mais comum em indivíduos que contraem a doença pela segunda vez.

Qualquer sorotipo do vírus da dengue (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) pode causar a dengue hemorrágica. No entanto, sabe-se que, no caso do DEN-2, o risco de apresentar essa complicação é maior.

VACINA DA DENGUE COMO PREVENÇÃO

Em março de 2023, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) validou a vacina QDENGA, uma nova vacina da dengue indicada para crianças à partir dos quatro anos de idade, adolescentes e adultos até os 60 anos.











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