J. POVO- MARÍLIA
Servidora diz que deixou Educação por "motivações políticas" e ficou supresa com operação da PF

Camila Dias é servidora pública municipal concursada
A servidora pública municipal Camila Dias Corrêa de Oliveira, cujo nome apareceu na Operação "Deméter" da Polícia Federal (deflagrada na sexta-feira para investigar supostas fraudes no setor de licitações da Prefeitura de Marília), disse ao Jornal do Povo que nunca cometeu qualquer tipo de irregularidades ao longo de 10 anos de atuação na área de licitações vinculadas à secretaria municipal de Educação ou em seus quase dezessesis anos como servidora concursada na função de atendente de escola. As investigações da PF estão relacionadas à empresa Gilson Neves (de Juquiá/SP) que fornece produtos hortifrutis destinados principalmente à merenda escolar.
Camila atuou desde meados de 2010 na hoje extinta Cozinha Piloto (que funcionava embaixo das arquibancadas do Estádio Municipal), fazendo processo inicial de licitações para recebimentos, empenhos e notas fiscais.
"Eu não definia preço nenhum, apenas relacionava os tipos de produtos que seriam comprados e entregues pelo prazo de um ano para a merenda escolar e outros órgãos parceiros da Prefeitura, como o Corpo de Bombeiros", explicou a servidora. Definição de preços unitários e o processo licitatório (a partir de edital e realização de pregão presencial) ocorria após esta fase onde ela atuava.
Nas buscas de sexta-feira (28) pela manhã, um equipe da PF esteve na casa dela, na Zona Norte de Marília e apreendeu um aparelho celular e um caderno de anotações profissionais.
Camila disse que não tinha conhecimento do inquérito policial. "Como sempre fiz tudo da maneira correta, jamais imaginava esse tipo de ação em relação à minha pessoa", afirmou.
A servidora disse que em julho do ano passado tirou licença médica por seis meses para tratar de problemas de stresse e piscológicos. "Eu estava sofrendo muita pressão política, mesmo sem ter envolvimento nesse sentido", justificou.
Ela também atribui motivação política ao fato de não ter retornado mais ao setor de Divisão de Alimentação Escolar (antiga Cozinha Piloto), após o fim de sua licença médica.
"Eu deveria ter retornado ao trabalho no dia 4 de janeiro. Mas, antes disso, recebi uma ligação do setor de R.H da secretaria da Educação para eu comparecer lá. Fui informada que seria transferida para a Emei Estrelinha Dourada (no Bairro Jânio Quadros). Inclusive, queriam que eu assinasse um papel concordando com a transferência, mas não aceitei".
Camila disse que após o "problema com a perda de carnes na Cozinha Piloto", em 2017, a pedido do secretário da Educação, Hélter Bochi, ajudou a reorganizar o setor. "Me dediquei muito, fui elogiada por ele e depois me senti traída com a decisão de transferência por motivação política. Isso abalou ainda mais meu estado psicológico", lembra.
Camila disse que pediu apoio à vereadora professora Daniela Alves e em março conseguiu ser transferida para a administração da secretaria municipal de Obras Públicas.
"Um site publicou neste final de semana que eu não queria ficar na Cozinha Piloto, que teria criado problemas. Essa publicação me deixou indignada, versão sem sentido, pois atuei de forma decisiva lá nos últimos três anos e seis meses e nunca quis sair de lá. Minha transferência foi imposta por motivações políticas, como já expliquei".
Camila disse que segue com seu trabalho na secretaria de Obras, tem a consciência do dever cumprido com responsabilidade e estará sempre à disposição para quaisquer esclarecimentos. "Fiquei surpresa e chateada com toda esta situação (operação da PF), mas absolutamente tranquila quanto a minha conduta profissional", finalizou.
