Surgimento de mais vítimas agrava a situação de médico acusado de importunação sexual e estupro contra pacientes
- Adilson de Lucca
- 18 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de out.
Está se complicando cada vez mais a situação do médico psiquiatra, de 42 anos, acusado de importunação sexual e estupro contra dez pacientes em Marília e duas em Garça (onde também fazia atendimentos).
As denúncias surgiram há cerca de 10 dias, após uma profissional da saúde registrar denúncia por assédio. Ela relatou na Delegacia de Defesa da Mulher em Marília que em retorno para nova consulta o médico a recebeu com um abraço. Na saída, outro abraço, com o médico a puxando. Ele beijou a boca e apertou o corpo da paciente contra o seu.
RELATOS DE VÍTIMAS EM GARÇA
Duas vítimas em Garça relataram à Polícia casos de importunação sexual pelo psiquiatra. Uma paciente de cerca de 50 anos disse que sofreu assédio no final de 2024. Contou que recebia atendimento no CAPs (Centro de Atenção Psicossocial) e ao retornar para buscar atestado foi alvo de comentários inapropriados. Em seguida uma tentativa de beijo à força além de toques em suas pernas.
Outra paciente, de 25 anos, relatou que ia às consultas no CAPs com a mãe, em 2018, até que um dia precisou ir sozinha, oportunidade em que o acusado fez perguntas íntimas sobre namoro e na despedida um beijo no canto da boca. Na época, ela tinha 17 anos.
MÉDICO É BARRADO EM GARÇA E NA UNIMED
O acusado foi afastado do Caps de Garça, onde atuava. A decisão do afastamento foi da Prefeitura daquela cidade. A Unimed Marília também confirmou o afastamento do profissional de seus quadros de conveniados.

Delegada titular da DDM, Darlene Rocha Costa Tosin
PEDIDO DE PRISÃO
"Não posso afirmar no momento. Tudo depende do transcorrer do inquérito". A afirmação é da delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Marília, dra. Darlene Rocha Costa Tosin, ao JORNAL DO POVO, sobre a possibilidade de pedido de prisão do médico. O crime prevê pena de 1 a 5 anos de reclusão, de acordo com o artigo 215-A do Código Penal. Este crime é caracterizado pela prática de atos libidinosos contra outra pessoa sem o consentimento dela, com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiros.
A DDM soma registros de 10 vítimas que já compareceram e prestaram depoimentos. Nenhuma delas se conhece e têm idades entre 20 e 40 anos.
RELATO DE UMA DAS VÍTIMAS
“No momento em que a gente se dirigia para porta foi quando ele me abraçou e me deu um beijo na boca, mas eu virei o rosto e ele ficou beijando o meu pescoço dizendo que eu era cheirosa. Eu fiquei sem reação. Eu me afastei dele naquele momento e eu olhei o profissional. Em que eu olhei, ele perguntou se eu era tímida. Eu fiquei sem reação, não sabia o que responder e eu só queria sair daquele atendimento. Eu estava indignada com aquilo.”
NOMEOU ADVOGADO
O médico, que tem clínica no bairro Salgado Filho, zona oeste de Marília, ainda não foi ouvido no inquérito, mas já nomeou um advogado para acompanhar o inquérito. Ele é casado e tem dois filhos menores.
A delegada disse que há caso ocorrido em 2023 e acredita que possa surgir novas vítimas. "Há relatos chocantes e muitas vítimas passaram mal durante depoimentos. Por isso, ouvimos as vítimas com cautela e no tempo delas. Há um procedimento específico nesse sentido", explicou.
Pelos relatos, a forma de agir do acusado foi uniforme nos contatos com as pacientes que passavam pelo consultório dele. "Durante a consulta, o médico fazia menções de cunho sexual, fora do contexto e já deixa as vítimas constrangidas. Muitas delas, ao final da consulta, relataram um abraço "mais forte e acalorado" do médico, tentativa de beijos e até beijos na boca", afirmou a delegada. Nenhuma paciente retornou ao consultório após a primeira consulta.
O prazo para conclusão do inquérito na DDM é de 30 dias, mas pode ser prorrogado, caso necessário. Eventuais vítimas do médico podem procurar pessoalmente a Delegacia da Mulher. "Terão o acolhimento necessário", disse a delegada.











Comentários