Kervellin Wallace, de 29 anos, e Cynthia Silva, de 25 anos, eram pais de duas meninas
O momento em que uma avó, pai, mãe e duas irmãs se afogaram, no último sábado (24), às margens do Rio Tietê, entre Dois Córregos e Mineiros do Tietê, não vai sair tão cedo da cabeça de quem presenciou a cena.
É o que diz a autônoma Vanessa Azevedo, que estava no local conhecido como "Baixão da Serra" e viu o afogamento coletivo. Segundo ela, a família brincava tranquilamente em um local seguro, quando houve uma mudança repentina no tempo. “Estávamos sentados em uma árvore próxima ao rio, com o meu filho, tio dele e a minha irmã. Essa família chegou de outro condomínio. Eles deixaram as coisas ao nosso lado. Eles estavam até que no raso, mas o tempo começou a mudar muito rápido. Começou a ventar muito e tudo aconteceu em coisa de segundos”, conta. Neste momento, deu-se início a um pesadelo para todos no local. Ainda de acordo com Vanessa, com o afogamento, dois casais que estavam no local tentaram ajudar, mas não conseguiram e quase se afogaram com a família. “Dois casais tentaram entrar pra ajudar e quase se afogaram também. Um dos homens pegou a minha tanga e tentou puxar a menina. A avó já estava boiando afogada. A mãe também. O pai já tinha sumido. A cena nunca mais vai sair da minha cabeça”, recorda Vanessa. Para Vanessa, a falta de sinalização do local, que é considerado perigoso pelos moradores, contribuiu para que a tragédia ocorresse à família. “Somos moradores, sempre tem comentários. Aqui tem vários bolsões. A pessoa acha que tá ‘dando pé’, mas na hora que ela vai ver já afundou. Junto a isso tem uma corrente que puxa. Mesmo sendo um lugar considerado perigoso, não tem sinalização nenhuma. A cena foi horrível porque vimos a criança morrer”, diz Vanessa.
VELÓRIO COLETIVO De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, os corpos da mãe, avó e das duas crianças foram resgatados ainda no sábado, enquanto o quinto corpo, do pai das meninas, foi localizado na tarde deste domingo (25). O rapaz, encontrado por volta das 16h10, foi identificado como Kervellin Wallace da Silva, de 29 anos. De acordo com o Boletim de Ocorrência, as crianças são duas meninas, Nicolly Luize Dias da Silva, de 9 anos, e Emily Camile Dias da Silva, de 3. A mãe foi identificada como Cynthia Silva dos Santos, de 25 anos, e a avó como Denise Aparecida Dias da Silva, de 51. O Instituto Médico Legal (IML) de Jaú liberou os corpos de todas elas ainda no domingo e o velório teve início por volta das 20h30, em Sumaré. Como o corpo do pai foi o último a ser localizado, ele seguia até a manhã desta segunda-feira (26) no IML de Jaú à espera do traslado para Sumaré. O velório das duas crianças, da mãe e da avó acontece desde a noite de domingo na Escola Municipal Neusa de Souza Campos (Rua das Rosas, 320), em Sumaré. Os sepultamentos ocorrerão nesta segunda (26), no Cemitério da Saudade. Até a manhã desta segunda, ainda não há confirmação do horário do sepultamento e nem previsão de início do velório do pai da família.
SOBREVIVENTE RELATA "POÇO"
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