Na semana em que o prefeito Vinicius Camarinha (PSDB) pediu para a população encaminhar à Corregedoria-Geral do Município e Ouvidoria, reclamações sobre a falta de água, aumentos abusivos nas tarifas e outros transtornos com a empresa RIC Ambienta (concessionária que assumiu o Daem), houve uma escalada de falta de água em várias regiões da cidade, afetando dezenas de bairros.
Pior: sob um calor insuportável! Mas não foi só nesta semana. Problemas dessa natureza vêm sendo recorrentes e assolando a população.
Cadê os donos da tal RIC Ambiental, empresa criada só pra abocanhar a cobiçada concessão do Daem? Cobiçada, mas estranhamente, só a tal RIC apareceu na licitação. Concessões desta natureza costumam atrair muitas empresas e grupos fortes. Mas, aqui em Marília, só uma empresa se interessou! E naturalmente, a proposta dela (a única) foi aceita pelo ex-prefeito Daniel Alonso. O Daem foi praticamente dado para a RIC explorar o povo pelos próximos 35 anos.
Resultado: a população continua se lascando com as torneiras secas! Mesmo com os péssimos serviços, a tarifa de água, que é uma das mais caras do Estado, já teve novo aumento um mês após a polêmica concessão.

INVESTIGAÇÕES
Anunciado pelo prefeito Vinicius Camarinha, o processo administrativo/sindicância para apurar irregularidades sobre o processo de concessão do Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem), não tem prazo definido para conclusão e emissão de respectivo relatório.
As investigações estarão a cargo da Corregedoria-Geral do Município e o objetivo principal do prefeito é anular o processo e rescindir o contrato de concessão feito pelo ex-prefeito Daniel Alonso (PL) com a empresa RIC Ambiental). Deverão ser ouvidas na sindicância pessoas ligadas ao processo de concessão, inclusive Alonso e representantes da empresa contratada.
"Acabar com o maior crime dos últimos 90 anos", afirmou Vinicius Camarinha, no auditório do gabinete na Prefeitura de Marília.
"Absurdo! Um rastro de destruição como nunca visto nos últimos 90 anos. Por onde a gente passa é problema. E o maior absurdo contra a população nesse período foi a concessão do Daem. Um modelo de concessão que foi o maior crime contra a nossa população na história da cidade", acrescentou.
O encontro no gabinete reuniu imprensa, vereadores, integrantes do Executivo e representantes de entidades de classe, como o presidente da Matra (Marília Transparente), Edgar Cândido Ferreira. "Um crime cujos números são de arrepiar, de saltar os olhos. A concessão tem que ser benéfica para a população e isso não aconteceu. Aliás, foi o contrário", afirmou o prefeito.
Ele citou o exemplo da concessão de água e esgoto em Ourinhos, cidade com pouco mais de 100 mil habitantes, onde em 2024 a empresa vencedora da licitação pagou outorga de R$ 278 milhões à Prefeitura, à vista.
"Esse era o modelo que eu gostaria para Marília, onde alguma concessionária pudesse pagar até R$ 300 milhões de outorga à vista, para reduzir o rombo do Ipremm e investir em obras e serviços para a população", disse Vinicius.
"Mas aqui em Marília o ex-prefeito entregou o Daem, o maior patrimônio da cidade, a preço de banana, dividido em 80 parcelas de R$ 2 milhões por mês. A empresa ainda teve carência de dois meses e ainda não pagou outros dois meses. Pior ainda que esses R$ 2 milhões mensais não cobrem nem as despesas com os mais de 270 servidores do Daem transferidos para a Prefeitura, que custam R$ 3 milhões ao mês", explicou o prefeito.

Solenidades no auditório da Prefeitura
Ele falou ainda sobre as deficiências dos serviços da RIC Ambiental, com avalanches de reclamações, vazamentos pelas ruas e falta de água nos bairros.
As receitas do Daem passaram para a RIC Ambiental e as despesas vieram para a Prefeitura. "Ou seja, eles ficaram com o bônus e o povo com o ônus", disse Vinicius
Diante dessa situação, o prefeito assinou uma autorização de abertura de sindicância na Corregedoria-Geral do Município para investigar ineficiência, falta de interesse público.
Não há prazo definido para conclusão e confecção de relatório da sindicância. O procurador-geral da Prefeitura, Estevan Marino, disse que após a conclusão da sindicância e formatação do relatório, deverá ocorrer uma batalha judicial para efetivar a revogação da concessão do Daem. "Vamos aguardar os cursos do processo administrativo, com eventual comprovação de irregularidades. Se houver respaldo jurídico, a concessão será cancelada", resumiu.

Ex-prefeito Daniel Alonso fez a polêmica e suspeita concessão do Daem à RIC Ambiental

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