J. POVO- MARÍLIA
Vereador de Bauru preso por compra de votos e "rachadinhas" renuncia ao cargo

Foi protocolado nesta quarta-feira (8), na Câmara Municipal de Bauru, o pedido de renúncia do vereador Luiz Carlos Bastazini, o Carlinhos do PS, acusado de corrupção, compra de votos e "rachadinhas". O documento foi levado à Câmara pelo advogado de defesa Edilson Nogueira Marciano.
Em reunião, membros da comissão processante que vai julgar o mandato de Carlinhos do PS debateram a continuidade ou não dos trabalhos do colegiado. A presidência da Casa de Leis encaminhou o pedido para análise da Consultoria Jurídica.
O vereador foi preso na operação da Polícia Civil que investiga os crimes de corrupção, cooptação de eleitores e “rachadinha”. Ele já havia pedido afastamento do cargo na semana passada. Nesta terça-feira (7), a Justiça converteu a prisão temporária em preventiva do parlamentar e mais cinco pessoas que foram presas na operação. No pedido de renúncia, que tem efeito imediato a partir do momento que é protocolado, Carlinhos informou que todos os fatos serão esclarecidos e que as acusações são um ataque à democracia. A defesa do vereador informou também que já entrou com o pedido de habeas corpus e aguarda decisão do Tribunal de Justiça de SP. Com a renúncia, a Comissão Processante aberta para investigar o comportamento do parlamentar, que foi aprovada na sessão da última segunda-feira (6), foi desativada por não ter mais função. No cargo deixado por Carlinhos, assume definitivamente o suplente Milton Sardin. Na última sexta-feira, Sardin já havia tomado posse após Carlinhos do PS pedir afastamento do cargo. Após a posse, foi feita a exoneração de dois assessores diretos de Carlinhos, Luís Carlos Alves Júnior e Laércio Pereira, que também foram presos na operação. Além do vereador e dos dois assessores, também foram presos pela Polícia Civil, o assessor Gleison Contador, que atuava na mesa diretora da Câmara e que foi exonerado no dia 1º de novembro, e dois servidores municipais.
INQUÉRITO O inquérito policial, que já foi concluído e encaminhado ao Ministério Público, aponta três crimes cometidos pelos seis investigados: concussão (obtenção de vantagem indevida em face dos cargos públicos), organização criminosa e lavagem de dinheiro. De acordo com a polícia, o vereador indicava ocupantes de cargos públicos e depois obrigava os funcionários a dividir o salário com ele, prática criminosa conhecida como “rachadinha”. Com o dinheiro, o vereador supostamente comprava votos de eleitores em troca de favores. Também nesta terça-feira, a Justiça acatou o pedido da Polícia Civil e converteu a prisão temporária dos seis investigados em prisão preventiva. Segundo a polícia, o pedido foi feito porque o prazo da prisão temporária, que já havia sido prorrogada por cinco dias na última sexta-feira (3), terminaria nesta quarta-feira (8). Com a decisão, Carlinhos do PS e as outras cinco pessoas, que estavam na cadeia de Avaí, foram levados para a sede da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic), onde foram formalmente indiciados e na sequência transferidos para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Bauru. O delegado Gláucio Stocco também confirmou que vai pedir à Justiça a quebra de sigilo bancário dos suspeitos. Além disso, Stocco representou pedido para que sejam doadas seis cestas básicas e vários medicamentos apreendidos na casa do vereador Carlinhos do PS. Outra situação é em relação a vários materiais esportivos que também estavam com o vereador, como bolas, redes e uniformes. O delegado está levantando também porque o parlamentar tinha uniformes escolares da rede estadual de educação e da rede municipal de ensino da cidade de Guaratinguetá. COMPRA DE VOTOS E "RACHADINHAS" No dia 29 de novembro foram cumpridos mandados por policiais da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic). Um deles na casa do parlamentar, onde os policiais encontraram R$ 63 mil em dinheiro, cestas básicas, contas de terceiros e uniformes de futebol. Ainda segundo a polícia, o vereador tinha o cadastro de 20 mil bauruenses com os números dos títulos eleitorais. As investigações apontam que ele distribuía cestas básicas e chegava a pagar contas de água e luz em troca de votos. Carlinhos do PS está em seu quarto mandato do vereador. O delegado explicou que as investigações começaram há cinco meses a partir de denúncias iniciais apresentadas pelo presidente da Emdurb, Luiz Carlos da Costa Valle. Segundo ele, Carlinhos teria cobrado a demissão dos servidores para novas contratações indicadas por ele. “O presidente da Emdurb foi cobrado pelo vereador a partir do momento que o novo Poder Executivo assumiu. E todos os cargos em comissão foram cortados para serem recontratados, segundo o critério da nova administração”, explica o delegado. Ainda segundo o delegado, a partir da denúncia, a Polícia Civil evidenciou que o vereador tinha direito a indicar cargos na Emdurb. Com a indicação e a conivência do Poder Executivo, o servidor ingressava no cargo e era obrigado a integrar a “rachadinha” do salário com o agente político, informou a polícia. Durante as buscas na casa do vereador, a Polícia Civil descobriu uma lista de possíveis eleitores com o favor que cada um solicitou ao vereador, além dele indicar funcionários para cargos públicos.

