Pedido de perdão pelo vereador Júnior Féfin (União Brasil), em audiência de conciliação na 1ª Vara Criminal do Fórum de Marília, barrou o prosseguimento uma ação penal onde ele foi denunciado pelo Ministério Público sob acusação de crime de calúnia contra duas funcionárias do Pronto Atendimento (P.A) da Zona Sul de Marília.
Figuraram como vítimas na ação penas as funcionárias Maria Angela Rodrigues de Almeida Souza (enfermeira chefe do P.A Sul), Rosalba Rodrigues Pereira e Larissa Queiroz Ferreira Cano.
COMISSÃO PROCESSANTE
Féfin também foi alvo de uma Comissão Processante que tramitou pela Câmara, que poderia resultar até na cassação do mandato dele. O pedido da CP foi protocolado por funcionários do P.A Sul, mas rejeitado e arquivado pelo plenário.
O CASO
A enfermeira-chefe Maria Angela Rodrigues registrou Boletim de Ocorrência no Plantão Policial, no dia 1° de abril de 2021, onde relatou ao delegado Pedro Luiz Vieira Machado "que enquanto exercia suas funções no P.A Sul, pela manhã, por lá chegou o vereador/policial federal Júnior Féfin, acompanhado de um assessor, o qual estava com uma aparelho celular nas mãos.
O referido vereador iniciou o contato se apresentando como "o vereador agente federal", que estava fiscalizando unidades de saúde que estariam com "situação ruim" e que queria saber o que estaria faltando, exemplificando medicamentos".
Constou no B.O que a vítima informou que nada estaria faltando, pois sempre que informou eventuais ao secretário da Saúde, foram prontamente atendidos. O citado vereador, então, em tom agressivo, disse que os medicamentos que estariam sendo ministrados aos pacientes estavam vencidos e ainda, no mesmo tom agressivo, afirmou que a vítima estaria se recusando a fornecer informações, dizendo também que: "Por isso estão morrendo tantos pacientes".
Conforme o relato da vítima, "fazendo uso de celular, o referido vereador ainda teria insinuado que funcionários daquele estabelecimento de saúde estariam "matando os pacientes".
A vítima intercedeu, pediu para que a gravação parasse, pois não autorizava expor sua imagem, tentou encobrir a lente do celular, mas com movimento de braço, o vereador investiu contra a vítima empurrando a e dizendo que ela deveria "se explicar também ao Ministério Público". A vítima afirmou não ter sofrido nenhum tipo de ferimento em razão dos fatos noticiados.
Em tempo: relata a vítima que "o citado vereador forçou entrada na ala restrita a pacientes da Covid, sendo impedido pelos seguranças, apesar de muito forçar".
RELATOS
Nos autos enviados pelo delegado Mário Furlanet Neto, da Delegacia Seccional de Polícia de Marília ao MP, com 175 páginas, constaram também diversos relatos, inclusive de uma carta anônima sobre o caso enviada ao promotor de Justiça Rafael Abujamra.
Em um relatório, a enfermeira chefe Maria Angela menciona que "o vereador chegou no P.A com voz alta e tom intimidador, mencionando que ele era agente da Federal e também vereador e que fiscalizaria todo o P.A, juntamente com um assessor que trazia celulares filmando e gravando todas a conversa e abordagem".
Ela afirmou que respondeu todas as perguntas do vereador, "mas todas as respostas que eu dava ele contradizia, querendo dar entender que eu estaria mentindo e ele sempre quis "forçar" a situação, que ali tinha remédios vencidos e que estávamos "matando pessoas diariamente".
A vítima relatou ainda que em determinando momento o vereador a empurrou "com uma ombrada ou cotovelada, chamando a de maluca e ameaçando que a levaria ao MP.
DEPOIMENTOS
Em depoimento na Delegacia Seccional, a enfermeira chefe do P.A Sul reafirmou as declarações e citou que Féfin tentou adentrar uma área restrita onde estavam pacientes contaminados e entubados, "onde só poderiam entrar profissionais devidamente paramentados . Féfin tentou forçar a porta , assim Bruno (segurança) a trancou".
"ESTAVA LOUCA"
O vererador Féfin disse em depoimento que esteve no P.A SZul na data dos fatos acompanhado pelo assessor, pedindo informações. Afirmou que a enfermeira chefe "e alterou" em alguns momentos e negou ter empregado "força física" contra ela, a qual "estava louca" com a atitude de tentar impedir de ser filmada.
Féfin declarou ainda que "não procedem" as alegações de que ele "teria acusado os funcionários de estarem matando pessoas assim como utilizando medicamentos vencidos".
O acusado negou em depoimento ter forçado a entrada na ala de Covid do P.A Sul, "apenas filmou a porta que estava fechada". Féfin confirmou ter ligado para uma funcionária do P.A após o ocorrido. Ela figura como testemunha de acusação. Apresentou declarações de próprio de alguns pacientes que estavam no local no dia dos fatos, os quais seriam suas testemunhas de defesa. Apresentou também reproduções de matérias veiculadas na imprensa sobre o P.A e postagem de comentários em redes sociais, como Facebook, incluindo a página do Jornal do Povo.
"TENTANDO SE PROMOVER POLITICAMENTE"
Um dos seguranças do P.A Sul, que presencio os fatos, declarou que observou que "em sua fala ele (Féfin) demonstrava desprezo ao serviço prestado no local e tentando se promover politicamente".
A testemunha afirmou ainda que o vereador "repetia as perguntas a Maria Angela, como que querendo levá-la a erro". Declarou que a enfermeira chefe pediu para não ser filmada pelo assessor do vereador, estendendo a mão e não presenciou ela tentar tirar o celular dele. O segurança afirmou também que o P.A Sul já havia sido visitado por outros vereadores, "sem que houvesse qualquer problema".
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