"Armação de adversários políticos". Assim o ex-prefeito Abelardo Camarinha e seu filho, o atual deputado estadual Vinícius Camarinha, trataram a ação da Justiça Federal que investiga eles como reais donos da lacrada Central Marília Notícias (CMN - Jornal Diário e Rádios Dirceu AM e Diário FM).
Resultado da famosa Operação Miragem, deflagrada em 2013 pela Polícia Federal e que resultou o fechamento das empresas de comunicação em janeiro de 2017.
Após o encerramento do inquérito na PF, o Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra os acusados, a qual foi acatada pela Justiça Federal, constando falsidade ideológica, uso de ‘laranjas’ para ocultar a verdadeira propriedade da CMN, lavagem de dinheiro e coação de testemunha.
PRISÕES E "CIDADE QUE NÃO EXISTIA"
A emblemática operação provocou, em agosto de 2016, cinco pedidos de prisões de suspeitos de serem "laranjas" da CMN. Dois pedidos de prisões temporárias foram cumpridos. Os outros foram revogados cerca de dez dias depois, após expedições de habeas corpus em favor do acusados.
À época, a PF anunciou inclusive lavagem de dinheiro no exterior (evasão de divisas) pelos investigados.
O nome da operação, dado pela PF em Marília, foi uma referência ao fato da CMN "mostrar uma cidade que não existia, sem problemas, sem refletir a realidade da cidade", conforme declarou o então delegado, Fernando Menin.
Sandra Mara Norbiato, de Ribeirão Preto, apontada como dona fictícia das empresas de comunicação, fez delação premiada no MPF, em outubro de 2016, onde relatou que de fato atuava como proprietária "laranja" e recebia R$ 2.500 mensais para isso. Ela era esposa de Antonio Carlos dos Santos, que a indicou para a "função". O casal foi preso na Operação Miragem, em agosto de 2016.
Outro indivíduo apontado como "laranja", Marcel Augusto Certain, ex-cunhado de Sandra Mara, chegou a registrar declaração em cartório confirmando sua "posição nas empresas".
Vinícius Camarinha sendo entrevistado nos estúdios da Rádio Diário FM