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EXCLUSIVO: rapaz que matou garota de 14 anos a facadas na saída de escola é colocado em liberdade, em Marília

  • Adilson de Lucca
  • há 1 dia
  • 4 min de leitura
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O jovem W.E.P.S, de 18 anos, que matou a garota Lídia Hadassa de Lima, de 14 anos, a facadas, em Júlio Mesquita (a 34 quilômetros de Marília), no dia 23 de maio de 2023, foi colocado em liberado pela Justiça, nesta terça-feira (16).

Decisão da juíza Thaís Feguri Krizanowiski Farinelli, da Vara da Infância e da Juventude do Fórum de Marília, despachada nesta segunda-feira (15), acatou pedido do advogado Ricardo Carrijo Nunes e autorizou o liberação do adolescente, que cumpria medida socioeducativa na Fundação Casa, em Marília.

"O jovem conta com 18 anos, é domiciliado nesta cidade de Marília e vem demonstrando responsabilidade no cumprimento da medida socioeducativa na Fundação CASA Marília, desde a data de 24/05/2023. Nesse sentido, o relatório conclusivo da Fundação Casa coligido remata que ele se encontra apto a retornar ao convívio social e familiar, tendo correspondido de forma positiva e cumprido as metas estabelecidas em seu PIA, sugerindo a substituição da medida mais gravosa pela de liberdade assistida", mencionou a juíza.

"A conclusão da equipe multiprofissional transita no sentido de recomendar a substituição da medida socioeducativa de internação para a de liberdade assistida, haja vista que o jovem possui respaldo familiar, tendo sido iniciada a transição para acompanhamento médico psiquiátrico externo, por meio de convênio familiar, bem como psicoterapia em rede particular, que deverá ser mantida. Vale dizer que foi indicada a continuidade do auxílio, acompanhamento e orientação por parte do Estado em meio aberto. Considerando que o adolescente vem assimilando a finalidade socioeducativa, de rigor o abrandamento da medida como processo de ressocialização", acrescentou a magistrada.

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O CRIME

W. atingiu a garota Lídia com ao menos cinco golpes de faca próximo à Escola Estadual José Carlos Monteiro, em Júlio Mesquita, onde ambos estudavam. Ele fugiu em seguida e foi capturado horas depois por policiais civis e militares.

A menina havia saído da escola e caminhava em direção à sua casa, quando teria começado o desentendimento com o adolescente, que insistia em querer namorar ela.

A menina chegou ser socorrida e encaminhada à uma unidade de saúde na cidade, mas não resistiu e faleceu.

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Advogado Dr. Ricardo Carrijo Nunes

DEFESA

O advogado, Dr. Ricardo Carrijo Nunes, que atuou na defesa do adolescente, apontou nos autos que o garoto agiu "sob forte emoção no calor de uma discussão" e sem ter premeditado o crime.

Afirmou que ele estava indo para a escola portando uma faca em função dos casos de violência registrados em escolas pelo país, na época.

"A menina dizia que ele não teria coragem de se matar e em meio à discussão, o adolescente desferiu a facada, mas não viu que matou a garota e saiu correndo, foi embora", disse o advogado.

Afirmou, após a prisão do adolescente, que ele "não se recordava de nada" sobre o ocorrido.

"Ele está muito abalado emocionalmente e só ficou sabendo da morte da ex-namorada após o depoimento na CPJ. Até então ele achava que a movimentação era apenas pressão da polícia", disse o advogado.

"INCLINADO A COMPORTAMENTO DE EXTREMA VIOLÊNCIA"

Após uma audiência de apresentação no Fórum de Cafelândia, em 2023, o juiz Octavio Santos Antunes, decretou a internação do adolescente na Fundação Casa, em Marília.

"Crime hediondo que merece uma ação estatal mais rígida, a fim de coibir no adolescente o sentimento de impunidade e garantir que não venha a praticar atos semelhantes, eis que mostrou inclinado a comportamento de extrema violência", citou o juiz na decisão.

"Nesse contexto, sua internação provisória se justifica para assegurar a ordem pública, porquanto a gravidade concreta do ato infracional narrado na representação foge à normalidade do cotidiano na pequena e pacata Júlio Mesquita e a adoção de medidas brandas pode estimular atos semelhantes por outros adolescentes, em especial aqueles que se deixam influenciar pela difusão de notícias pelas redes sociais", acrescentou o magistrado.

Na decisão, mencionou ainda que "por fim, a medida tem por escopo garantir a própria segurança pessoal do adolescente que, no caso, encontra-se inserido em flagrante situação de risco pela comoção social causada na pequena cidade de Júlio Mesquita, tanto que foram necessárias algumas medidas preventivas para que o adolescente fosse apresentado à policia pelos familiares, em uma rodovia afastada da cidade, para prevenir eventual ação da população. Logo, a internação é medida excepcional e urgente".

TENTATIVA DE SUICÍDIO

Após deixar o local do crime, o adolescente se escondeu. O pai dele o localizou e o levou para um local próximo ao trevo da BR-153 (entroncamento com a SP-333 - acesso a Marília).

O advogado, então, foi acionado pela família e ao chegar no local, as Polícias Militar e Civil já estavam lá.

"O garoto estava desorientado e muito trêmulo. Eu havia combinado com a corporação que ele viria para a CPJ com o pai e mãe em meu carro. Mas, notamos que ele apresentava ferimentos no tórax e no pescoço e nos pulsos, relatando que havia tentado o suicídio usando a mesma faca do crime", explicou Ricardo Carrijo.

O garoto relatou ainda que, durante a fuga, passou em uma construção e ingeriu um líquido branco, sem saber do que se tratava.

Diante da situação, o adolescente foi socorrido por uma unidade de resgate da Concessionária de rodovias e encaminhado ao Hospital das Clínicas em Marília, onde foi atendido e ficou em observação, sob escolta policial, sem risco de morte.

O pai dele trabalha em uma indústria de alimentos em Marília e a mãe é professora em Júlio Mesquita.

Pessoas conhecidas da família declaram que a mãe de Lídia não consentia o namoro da filha com o adolescente. Já a mãe do rapaz, que é professora, comentou que os adolescentes "tinham um namorico" há cerca de dois anos.

DEPOIMENTO À POLÍCIA

Rápido. Assim foi o depoimento do adolescente na CPJ, em Marília, após o crime. Ele foi ouvido pelo delegado plantonista Ricardo Coércio. "O garoto estava com o estado emocional abalado e não sabia que a vítima tinha falecido, até o início do depoimento. Estava desorientado psicologicamente e sem saber o que estava acontecendo", explicou o advogado Ricardo Carrijo Nunes. "Ele sempre foi um bom aluno, com boas notas", acrescentou.

Antes de ser conduzido sob escolta policial à CPJ, o adolescente passou atendimento ambulatorial e psicológico no Hospital das Clínicas de Marília. Após o crime, ele tentou suicídio com a faca usada no feminicídio. Sofreu ferimentos no tórax, pescoço e pulsos, mas sem risco de morte.

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