J. POVO- MARÍLIA
NO BANCO DOS RÉUS: Coronel que executou funcionário de motel em Marília é pronunciado a júri

O coronel PM da reserva e dono do Motel Fênix, Dhaubian Braga Brauioto Barbosa, 57 anos, foi pronunciado a júri popular e irá para o banco dos réus. A decisão é do juiz Paulo Gustavo Ferrari, da 2ª Vara Criminal do Fórum de Marília.
Dhaubian executou a tiros o ajudante Daniel Ricardo da Silva, de 37 anos, morto a tiros por motivação passional em outubro do ano passado em um motel de sua propriedade nas margens da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294).
A sentença de pronúncia tem doze páginas e foi assinada nesta quinta-feira (8). No teor, rejeitou a tese apresentada pela defesa do réu que pediu a absolvição sumária pela legítima defesa ou pronuncia por homicídio simples. O magistrado acolheu as argumentações do Ministério Público e indiciou Dhaubian por homicídio duplamente qualificado. “As qualificadoras de ser o delito de homicídio cometido por motivo torpe e com emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima, por sua vez, devem ser mantidas, pois bem descritas na denúncia e fundadas nos depoimentos das testemunhas e nossa laudos periciais, não se afigurando abusivas ou desarrazoadas, diante dos elementos até o momento amealhados aos autos”, cita a decisão.. Na decisão, o magistrado ainda negou ao coronel o direito de recorrer da sentença de pronúncia em liberdade e ele segue preso no presídio militar de Romão Gomes, em São Paulo. “Trata-se de crime contra a vida que ameaça a tranquilidade social, pelo que deve ser mantida a prisão cautelar com vistas a preservar a ordem pública, mormente diante de elementos que embasam nesta fase a pronúncia do acusado. Ademais, não houve alteração fática ou jurídica superveniente que justifique a concessão da liberdade provisória”, decidiu.

Coronel Dhaubian com a mulher, a cabo da PM, Adriana: crime passional O CASO
O assassinato ocorreu na manhã do dia 31 de outubro do ano passado. Daniel ingressou no motel pelo corredor interno de serviço quando se deparou com Dhaubian, que sacou um revólver calibre 38 e efetuou três disparos. O ajudante ainda correu, mas caiu já sem vida próxima aos quartos. dois projéteis atingiram as costas e as nádegas da vítima e outro pegou de raspão. Uma das balas ainda atingiu a perna de uma funcionária do motel. A investigação apontou que o crime teve motivações passionais e ocorreu após o coronel descobrir que a esposa mantinha relacionamento amoroso com o ajudante.
DEFESA
No depoimento à DIG, à época, o acusado declarou que teve uma discussão com Daniel no final da madrugada de domingo (dia do crime) e que o mesmo ameaçou sacar uma arma. Então ele atirou por legítima defesa.
Essa tese foi rejeitada pela Polícia Civil. "A tese é restrita para ameaças ou agressões injustas. Pelo que apuramos, a vítima não teve condições de reagir e não foi de encontro ao autor. O coronel já estava aguardando o Daniel há um tempo no motel. Ele escolheu um local do motel em que a vítima não tinha possibilidade de mobilidade", afirmou o delegado titular da DIG de Marília, Luís Marcelo Perpétuo Sampaio.

Funcionária do Motel também teve a perna atingida por um dos disparos
Depoimentos revelaram que Daniel, além de ter um caso com a mulher do coronel, ainda ajudava ela investigar supostos casos extraconjugais do marido.
Imagens de câmeras de segurança do estabelecimento foram recolhidas pela Polícia Civil.
Houve mudanças na cena do crime, já que o assassinato ocorreu as 6h e a Polícia Militar só foi acionada duas horas depois.
A então esposa do coronel, Adriana Luiza da Silva, que é cabo da Polícia Militar, foi denunciada pelo Ministério Público acusada de fraude por alterar a cena do crime.

Armas encontradas durantes buscas na casa do acusado (espingardas, fuzil calibre 762 de uso das Forças Armadas, silenciadores e 450 quilos de munições de diversos calibres)
BUSCAS
A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) fez buscas em propriedades do coronel. A operação, coordenada pelo delegado Luiz Marcelo Perpétuo Sampaio, apreendeu armas em dois outros motéis de propriedade do coronel, em Garça e Ourinhos e também em uma fazenda dele, em Alvinlândia.
Foram apreendidos revólveres, pistolas, carabinas e munições. Na fazenda foram encontradas armas de caça e coleção, incluindo exemplares do exército dos Estados Unidos.
Na casa do pai do coronel (que atua como advogado dele) em Assis, foram apreendidas munições. O revólver calibre 38 usado no crime não foi localizado. Os armamentos apreendidos agora se juntam a um outro arsenal encontrado pela Policia na casa do oficial, anexa ao Motel (em frente a Penitenciária de Marília).

