top of page

Psiquiatra acusado de importunação sexual e estupros em Marília passa a noite na carceragem da CPJ. Prisão surpreendeu a defesa

  • Adilson de Lucca
  • há 12 minutos
  • 3 min de leitura
ree

O médico psiquiatra Rafael Pascon dos Santos, de 42 anos, vai passar a noite desta quarta-feira (22) para quinta-feira (23) na carceragem da Central de Polícia Judiciária de Marília (CPJ). Isolado em uma cela de 2 x 3 metros, ele aguardará por audiência de custódia na manhã de quinta-feira, na qual a Justiça decidirá pela manutenção ou revogação da prisão preventiva (sem data definida) dele, solicitada pela Polícia Civil e acatada pelo Judiciário.

"Assegurar o andamento das apurações e proteger as vítimas. Em liberdade, ele poderia comprometer provas ou influenciar testemunhas, uma vez que as denunciantes estavam fragilizadas e receosas", disse em entrevista a delegada titular da DDM, dra. Darlene Costa Rosin (que comanda o inquérito sobre o caso)

ree

             Advogado Renan Scarpineli com o médico Rafael Pascon, hoje na CPJ

DESTINO

O encarceramento do psiquiatra era o destino esperado pelas 15 vítimas que, até agora, procuraram a Polícia Civil e o denunciaram por importunação sexual e dois estupros.

Mas, não era até a tarde desta quarta-feira, o destino previsto pelos advogados de defesa do médico.

Com sinal de alerta ligado após movimentação de mandados de busca e apreensões em endereços onde ele não foi encontrado pela equipe da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), na manhã desta quarta-feira, os advogados do acusado entraram em contato com a delegada da DDM e avisaram que apresentariam o cliente no período da tarde.

Renan Scarpineli Deróbio, um dos advogados do médico, conversou rapidamente com o JORNAL DO POVO no começo da noite de hoje na CPJ. Ele retornou à Unidade para pegar assinatura do psiquiatra em documento processual na carceragem.

Disse que a defesa do acusado só se manifestaria por meio de nota. Perguntado se imaginava que o médico poderia ser preso ao se apresentar à delegada da DDM, ele disse que não. E justificou: "nosso cliente vinha colaborando as investigações e não representava nenhum risco".

O advogado não falou sobre estratégias da defesa. "Vamos aguardar a audiência de custódia e nos manifestaremos por nota", finalizou.

A situação do médico se complicou desde que surgiram as primeiras denúncias de importunação sexual contra ele em Marília e depois em Garça. Acusações de dois supostos estupros que teriam ocorrido no consultório dele, no Bairro Salgado Filho, zona oeste de Marília, agravaram o enredo de crimes.

As denúncias surgiram há cerca de 15 dias, após uma profissional da saúde registrar denúncia por assédio. Ela relatou na Delegacia de Defesa da Mulher em Marília que em retorno para nova consulta o médico a recebeu com um abraço. Na saída, outro abraço, com o médico a puxando. Ele beijou a boca e apertou o corpo da paciente contra o seu.

ree

                                 Delegada titular da DMM, dra. Darlene Costa Tosin

RELATOS DE VÍTIMAS EM GARÇA

Duas vítimas em Garça relataram à Polícia casos de importunação sexual pelo psiquiatra. Uma paciente de cerca de 50 anos disse que sofreu assédio no final de 2024. Contou que recebia atendimento no CAPs (Centro de Atenção Psicossocial) e ao retornar para buscar atestado foi alvo de comentários inapropriados. Em seguida uma tentativa de beijo à força além de toques em suas pernas.

Outra paciente, de 25 anos, relatou que ia às consultas no CAPs com a mãe, em 2018, até que um dia precisou ir sozinha, oportunidade em que o acusado fez perguntas íntimas sobre namoro e na despedida um beijo no canto da boca. Na época, ela tinha 17 anos.

MÉDICO É BARRADO EM GARÇA E NA UNIMED

O acusado foi afastado do Caps de Garça, onde atuava. A decisão do afastamento foi da Prefeitura daquela cidade. A Unimed Marília também confirmou o afastamento do profissional de seus quadros de conveniados.

O crime de importunação sexual prevê pena de 1 a 5 anos de reclusão, de acordo com o artigo 215-A do Código Penal. Este crime é caracterizado pela prática de atos libidinosos contra outra pessoa sem o consentimento dela, com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiros.

A DDM soma registros de 10 vítimas que já compareceram e prestaram depoimentos. Nenhuma delas se conhece e têm idades entre 20 e 40 anos.

RELATO DE UMA DAS VÍTIMAS

“No momento em que a gente se dirigia para porta foi quando ele me abraçou e me deu um beijo na boca, mas eu virei o rosto e ele ficou beijando o meu pescoço dizendo que eu era cheirosa. Eu fiquei sem reação. Eu me afastei dele naquele momento e eu olhei o profissional. Em que eu olhei, ele perguntou se eu era tímida. Eu fiquei sem reação, não sabia o que responder e eu só queria sair daquele atendimento. Eu estava indignada com aquilo.”

ree

 
 
 
bottom of page